quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Adolescente morre de leptospirose após ser tratada por problema lombar em Pinhais

A família alega que houve negligência médica; já a Secretaria de Saúde de Pinhais alega que a leptospirose se manifestou de forma atípica

A JOVEM MORREU DE LEPTOSPIROSE NO DIA DE SEU ANIVERSÁRIO DE 15 ANOS.

Uma adolescente morreu de leptospirose após ser tratada por lombociatalgia, que é uma dor que acomete a região da coluna lombar e percorre o trajeto do nervo ciático, em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, na noite de sábado (9).

A família de Mari Ramili Ribeiro Silva, que morreu no dia em que completou 15 anos, não se conforma a perda precoce da jovem e alega que houve negligência médica durante o tratamento. 

Adolescente morre de leptospirose em UPA

Conforme seus familiares, tudo começou na manhã de quinta-feira (7), quando Mari começou a sentir-se mal. Na ocasião, ela apresentava dores nas costas e na região lombar e foi levada por seu pai até uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Curitiba. Lá, ela foi atendida e liberada cerca de uma hora e meia depois. 

Já na madrugada de sexta-feira (8), os sintomas voltaram, e a adolescente foi levada para uma UPA em Pinhais, onde a família vive. Após atendimento médico, ela foi diagnosticada com uma lombociatalgia, que é um dor que acomete a região da coluna lombar e percorre o trajeto do nervo ciático. E, em seguida, medicada e liberada.

A ADOLESCENTE FICOU INTERNADA NA UPA ANTES DE MORRER DE LEPTOSPIROSE

Ainda na sexta-feira, Mari retornou à UPA de Pinhais com os mesmos sintomas. Porém, pela demora, não aguentou esperar atendimento e resolveu voltar para casa. Já no sábado (9), às 1h01, a adolescente voltou à Unidade de Pronto Atendimento com os mesmos sintomas, mas sem febre e foi internada. 

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), durante a madrugada, o mesmo médico que a atendeu anteriormente solicitou exames laboratoriais e prescreveu medicação.

Na manhã de sábado, a adolescente foi atendida por um segundo médico, que confirmou o diagnóstico de lombociatalgia e, na sequência, cadastrou a paciente na central de leitos. Após o resultado dos exames, Mari Ramili começou o tratamento com medicação endovenosa, incluindo morfina para dor.

O PAI DA ADOLESCENTE QUE MORREU DE LEPTOSPIROSE PRECISOU SER AMPARADO
DURANTE O SEPULTAMENTO DA FILHA

Iraci Alves Silva, pai da jovem, alega que em nenhum momento foi apresentado um diagnóstico preciso sobre a saúde da filha, apenas maneiras de atenuar a dor, e teria piorado seu estado. “Se agravou mais o quadro dela na hora que eles aplicaram a morfina nela. Daí, ela começou a ficar meio roxinha, daí, eles vieram e aplicaram outra dose de morfina, duas doses de morfina nela, e ela começou a ficar roxa e com falta de ar“, contou. 

Diagnóstico de veio depois da morte

De acordo com o relatório da SMS, a paciente foi atendida por um terceiro médico na noite de sábado, quando familiares relataram que a adolescente tinha tido contato com água de enchente. Então, o médico solicitou sorologia para leptospirose e transferência imediata para um hospital.

Às 20h, houve piora no quadro clínico e Mari sofreu uma parada cardiorrespiratória. Após tentativas de reanimação, a adolescente morreu na UPA de Pinhais. A vaga em um hospital foi liberada pela manhã de domingo (10).

Já a família alega que foi apenas depois da morte da jovem, foi que o médico perguntou sobre seu contato com água contaminada. “Ele perguntou pra mim se a minha filha tinha contato com água ou com lama. Eu falei que não, que não tinha conhecimento disso, dai que ele falou que ela tinha morrido com a doença do rato”, disse Iraci. 

O que dizem os envolvidos

Anthony Carmona, diretor da UPA Pinhais, confirma que a suspeita de leptospirose veio apenas depois que a paciente piorou. “Só veio a gente a pensar em leptospirose quando ela piorou clinicamente, quando ela teve uma piora súbita no quadro clínico. Quando ela ficou ictérica – amarela – e hipotensa. O médico perguntou para o pai a epidemiologia e ele acabou confirmando que teve contato com água de enchente, quando ela passou semana passada do Pico do Anhangava, há 7 dias atrás, e lá ela pode ter tido contato com água com urina de rato”, explicou. 

Ainda segundo o diretor, o quadro atípico apresentado pela leptospirose fez com que o diagnóstico fosse direcionado para problemas ósseos e musculares. “Diante daquilo que está em prontuário, que o médico nos passou, a paciente foi atendida corretamente, foi solicitado exames e prontamente com o resultado de exames em mãos, ele já iniciou antibiótico. Foi uma fatalidade” disse Carmona.  

Em nota, a  Secretaria Municipal de Saúde informou que o quadro clínico da adolescente apresentou uma forma atípica. Leia na íntegra:

“Cabe informar que o quadro clínico se apresentou de forma atípica frente os principais sinais e sintomas da leptospirose e, mesmo com o tratamento prestado pela equipe da Unidade de Pronto Atendimento, a paciente evoluiu de forma desfavorável, mesmo com o atendimento sequencial de três médicos. A prefeitura de Pinhais requereu à atuação da comissão de fiscalização do hospital para de ofício apurar eventual responsabilidade. O município notificará imediatamente ao CRM (Conselho Regional de Medicina) para apura eventual negligência ou erro médico. A administração se solidariza e fica à disposição para esclarecimentos.”
Sepultamento
Nesta segunda-feira (11), o sepultamento da jovem que morreu de leptospirose foi marcado foi marcado por comoção e por inconformismo daqueles que acreditam que sua vida poderia ter sido salva. “Ela era muito queridinha, sempre falando que ia fazer faculdade de medicina e, agora, ela morrer ali daquele jeito. É muito triste. Ela implorou pra não morrer”, finalizou o pai emocionado. 

Assista ao vídeo:
A RIC Record TV conta todos os detalhes sobre o caso da adolescente que morreu de leptospirose após ser tratada por dor no ciático.


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