Mãe e bebê (Pyetro) foram enterrados na tarde da ultima sexta-feira no Cemitério de Irajá |
“Não tem dor maior no mundo do que uma mãe enterrar uma filha. Um neto. Hoje estou enterrando os dois juntos, na mesma cova”. O desabafo é da dona de casa Elizabete Oliveira da Silva, de 53 anos, mãe da vendedora Daiana Oliveira da Silva, de 31 anos, grávida de nove meses, que morreu na última terça-feira no Hospital Federal de Bonsucesso (HFB). A mulher, que deixou órfã uma filha de 15 anos, e era mãe solteira, foi levada para o hospital pela família na noite de domingo com quadro de desmaios agravado por uma crise epilética.
A mãe e o bebê (Pyetro) foram enterrados na tarde da ultima sexta-feira no Cemitério de Irajá. O caso está sendo investigado pelos policiais da 21ª DP (Bonsucesso), que abriram inquérito para apurar as circunstâncias das mortes. A família acusa médicos e enfermeiros de erro médico e negligência.
A direção do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) informou por meio de uma nota que "dará total apoio ao caso, apurando os fatos na Comissão de Óbito e se solidariza com os familiares da paciente". Segundo o hospital, mãe e filho "deram entrada na maternidade da unidade no dia 10 de novembro para realização de um parto de alto risco". A nota lembra ainda que apesar de o HFB ser referência em partos de alta complexidade e de ter prestado todos os cuidados necessários, "ainda assim, a paciente foi a óbito após uma complicação de patologia pré-existente, que, em tese, não estava recebendo tratamento regular".
— Eu não tenho dúvidas que aconteceu alguma coisa errada, um erro médico, uma negligência, por excesso de medicação. Minha filha estava com uma gravidez normal. Chegou bem ao hospital. Eu só peço que os policiais civis investiguem o caso, que a direção investigue. Que vejam o que aconteceu — afirmou a mãe.
Daiana Oliveira da Silva, de 31 anos, grávida de nove meses, que morreu na última terça-feira no Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) |
A irmã de Daiana, a dona de casa Vanessa Oliveira da Silva, de 38 anos, contou um versão diferente do relato do hospital. Ela diz que a irmã chegou lúcida na noite de domingo no Hospital de Bonsucesso.
— Ela teve uma crise epilética, desmaiou e nós decidimos levá-la para o hospital, pela gravidez avançada. Ela estava com 40 semanas. Minha irmã chegou lúcida no hospital, tranquila. Conversou com a gente e até passou mensagens pelo celular. Os enfermeiros passaram a aplicar medicação com o objetivo de acelerar o parto. Foi um procedimento errado — afirmou a irmã.
Vanessa disse que as duas chegaram ao Hospital Federal de Bonsucesso por volta das 22h30m de domingo.
— Como ela estava melhor até pensamos em voltar para casa. Ela foi medicada e os médicos decidiram interná-la. Eles aplicaram duas dosagens de remédios e disseram que queriam acelerar o nascimento da criança. Ela não sentia dores do parto, apenas reclamou de dores nas costas. Uma coisa normal para quem esta com nove meses de gravidez. Os médicos precisam explicar porque queriam realizar o parto — disse a irmã.
Segundo relatos de parentes, os enfermeiros chegaram a ouvir os batimentos cardíaco do bebê e estava tudo bem.
— Ela e a criança estavam ótimas. Eu não entendo o que ocorreu. Tudo leva a crer que houve um excesso de medicação — disse o comerciante Alexandre Joaquim Alves Santana, tio de Daiana.
A irmã diz que saiu do Hospital Federal de Bonsucesso na segunda-feira por volta das 2h, deixando a irmã internada. Voltou ainda na segunda-feira, por volta das 16h, encontrando Daiana bem.
— Saí do hospital por volta das 19h30m de segunda. Não vi médicos, apenas enfermeiros tratando dela. Na terça-feira, voltei ao hospital por volta das 9h30m. Os enfermeiros disseram que minha irmã tinha morrido, mas não informaram a hora. O bebê ainda segundo os enfermeiros, estava vivo. Ele morreu depois. Não sabemos exatamente o que aconteceu — contou Vanessa.
A família registrou queixa na 21ª DP. Os corpos da mãe e do bebê, Pyetro, foram levados para o Instituto Médico-Legal (IML), mas os médicos legistas não determinaram a causa da morte. O atestado de óbito de mãe e filho diz que a causa é ignorada e que “depende de exames laboratoriais”. Os parentes contaram ainda que o prontuário médico não foi liberado pelos hospital e nem o Boletim de Atendimento Médico (BAM).
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