sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Após tirar raio-x, morador de Poá descobre pedaço de vidro de 10 centímetros dentro da mão

Weslley Santos da Cruz acredita ter sido vítima de erro médico Segundo vendedor, médico do Hospital Santa Marcelina se recusou a tirar raio-x e apenas suturou o ferimento. Caco de vidro foi retirado após 13 dias.


Após tirar raio-x, morador de Poá descobre pedaço de vidro dentro da
mão e acredita ter sido vítima de erro médico

O vendedor Weslley Santos da Cruz, de 21 anos, levou um susto ao tirar um raio-x da mão. Na imagem é possível ver um caco de vidro de aproximadamente 10 centímetros dentro do músculo. O morador de Poá, que passou 13 dias com o objeto e fez uma cirurgia na última sexta-feira (22) para retirá-lo, acredita ter sido vítima de negligência médica.

A Secretaria de Saúde do Estado, responsável pelo hospital que atendeu o paciente, afirmou que o critério para indicação de exames ou procedimentos é estritamente médico. Já Poá, onde Weslley fez informou que os procedimentos realizados na cidade foram corretos. (Veja as respostas na íntegra abaixo).

O problema começou quando Weslley feriu a mão direita com estilhaços de vidro após bater contra uma janela no dia 9 de novembro. Preocupado com o sangramento e com a profundidade do corte, ele procurou o Hospital Santa Marcelina, em Itaquaquecetuba.

No local, o vendedor conta que foi avaliado por um cirurgião, que não solicitou exames. “Eles me perguntaram o que havia acontecido e eu expliquei. Pegaram minha mão, que estava bem inchada e doendo muito. Eu estava achando que tinha quebrado pela dor e perguntei se não precisava tirar um raio-x. Fui praticamente ignorado”, relata.

A esposa dele, Thamires Cizzocaro Santos da Cruz, de 20 anos, conta que o atendimento foi rápido. Para a surpresa da família, Weslley foi atendido e liberado. “Quando o médico atendeu, só limpou o machucado e deu um ponto bem desregulado, sabe? Ficou uma coisa bem feia e mandou ele para casa. Eu estranhei, minha sogra estranhou”, lembra.

No Hospital Santa Marcelina, Weslley levou pontos na mão sem antes
fazer exames

Nos cinco dias seguintes, quando ficou sob atestado médico, o vendedor continuou sentindo dores. O inchaço aumentou e a dificuldade em movimentar os dedos virou motivo de preocupação. O rapaz então decidiu buscar outro médico e foi ao Hospital Guido Guida, em Poá, no dia 14 de novembro.

Depois de entender a situação, o médico pediu um exame de raio-x e o resultado surpreendeu até o especialista, conta Weslley.

“Na sala de raio-x, depois da primeira chapa, o clima ficou bem pesado. Eles tiraram de novo e chamaram um outro médico. Ele me mostrou o raio-x. Para meu espanto e do médico, havia um corpo estranho de, no mínimo, 10 centímetros dentro da minha mão”.

Thamires diz que, por se tratar de um erro médico por parte do Santa Marcelina, que deveria ter feito a cirurgia, os especialistas do Guido Guida preferiram não realizar nenhum procedimento e pediram para que o rapaz fosse à Unidade Básica de Saúde (UBS) Nova Poá. Mais uma vez, ele não foi atendido e continuou buscando por especialistas em outras cidades, até mesmo fora do Alto Tietê.

Raio-x mostrou caco de vidro na mão do vendedor

“Aconselharam ir à Santa Casa de Suzano. Fui até lá com encaminhamento de urgência na mão e o raio-x. Novamente, hospital lotado, e o cirurgião estava em cirurgia. Minha opção foi tentar ir ao Santa Marcelina do Itaim. Chegando lá, não tinha clínico. Foi quando na sexta feira (22) saí de Poá e fui até Mogi”.

No Hospital Luzia de Pinho Mello o vendedor ouviu que o procedimento deveria ser realizado no Santa Marcelina, mas conta que implorou para não voltar ao local e acabou sendo atendido. Depois de tirar outro raio-x, 13 dias após o ferimento, a cirurgia finalmente foi feita.

Caco de vidro foi tirado no Hospital Luzia de Pinho Melo, em Mogi
das Cruzes

“Ele [médico] teve que abrir no mesmo lugar em que deram os pontos. Foi um processo muito doloroso, porque mesmo com anestesia local eu conseguia sentir quase tudo, até mesmo depois que ele conseguiu achar a ponta do vidro e começar a puxar. Ficaram todos espantados pelo tamanho do pedaço de vidro que ele tirou”, lembra.

Em busca de respostas


O vendedor afirma que está se recuperando, mas continua preocupado e teme ficar com sequelas. Ele, que toca instrumentos musicais, diz que ainda sente dores e tem dificuldades para fazer determinados gestos como um “L” ou demonstrar números.

“Para falar a verdade, não sei se foi por fato do vidro ter entrado ou pelo tempo que ficou dentro. Creio que o pior passou. Eu estava com medo de perder o movimento da mão, mas graças a Deus isso não aconteceu. Umas das coisas que amo é tocar instrumentos e não poder fazer mais isso seria horrível. Mas ainda consigo, com dificuldade, mas consigo”.

Agora eles esperam por respostas e querem entender por que foi tão difícil encontrar uma solução para o problema.

“Deviam ter tirado o raio-x desde o começo. Isso não teria acontecido. Agora queremos procurar um advogado pra ver isso”, diz Thamires.

De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado, o Hospital Santa Marcelina de Itaquaquecetuba informou que Weslley deu entrada na unidade no último dia 9 de novembro e foi prontamente atendido pelas equipes médica e de enfermagem. Durante o atendimento, foi realizada anestesia, exploração do local, limpeza e sutura da lesão.

Disse, no entanto, que o critério para indicação de exames ou procedimentos é estritamente médico e que após o ocorrido o usuário não relatou nenhuma queixa referente ao atendimento, nem registrou reclamação junto ao Serviço de Atenção ao Cidadão (SAC) da unidade.

Já a Prefeitura de Poá informou que o paciente precisava passar por cirurgia, já que o caso apresentava riscos de rompimento do tendão ou até mesmo de afetar algum nervo, por isso o procedimento não foi realizado no Hospital Municipal.

A UBS da Nova Poá conta com um Centro de Ortopedia e o paciente foi encaminhado para o local para o especialista realizar um diagnóstico mais preciso do caso. Com a confirmação que a situação realmente necessitava de cuidados mais específicos, Weslley foi encaminhado para Santa Casa de Suzano, que é referência para Poá em casos de procedimento cirúrgico.


Nenhum comentário:

Postar um comentário