domingo, 17 de novembro de 2019

Hospitais são condenados a indenizar pacientes tratados por falsos médicos

Pelo menos 14 casos de exercício ilegal da medicina estão em trâmite na Justiça de SP neste ano

Maraiza Gil Andreoli Pinto, atendida por falsa médica em São Roque (SP)



São Paulo - Maraiza Gil Andreoli Pinto, 35, sentiu uma leve dor na região abdominal assim que vestiu o moletom. Parecia uma mordida de formiga, mas não era: havia sido picada por uma aranha marrom, que estava toda encolhida.


Colocou o bicho de oito pernas numa garrafinha de yakult e correu para o pronto-socorro da Santa Casa de São Roque, onde foi logo tranquilizada por uma médica.

A aranha não era venenosa. Uma dipirona e um antialérgico bastavam, receitou a doutora Natália Oliveira, que, convicta, ainda atirou o potinho com o aracnídeo no lixo.

Três dias depois, como a dor só aumentava e a pele começava a necrosar, procurou o Instituto Butantan, na capital paulista. A aranha, uma Loxosceles, era venenosa, sim, e muito. No limite, sua picada poderia ter lhe provocado uma insuficiência renal aguda.

 "Como já tinham se passado mais de 72 horas desde a picada, não pude tomar o soro, pois surtiria mais efeito", conta O tratamento levou sete semanas. "As coceiras eram insuportáveis, tenho marcas até hoje na pele", lembra.

Maraiza, como a polícia descobriu mais tarde, tinha sido vitima de uma falsa médica. Quem lhe atendera não fora a Dra. Natália Oliveira, mas Natani Taísse de Oliveira, que possuía cédula falsificada do Conselho Regional de Medicina, comprada por R$ 800 na Praça da Sé. Por sete meses, trabalhou no pronto socorro.


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