quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Descaso: paciente enfrenta via crúcis por consulta no Hran



Foto: Myke Sena/Jornal de Brasília.


Informações equivocadas atrapalham a vida do paciente em hospitais públicos do Distrito Federal. Seja no balcão, seja por e-mail, os dados sobre marcação de consulta e disponibilidade de médicos divergem e deixam o cidadão confuso. A artesã Ana Lúcia da Silva de Medeiros, 51, tenta se consultar com um ginecologista desde 16 de maio, mas ele nunca está no Hospital Regional da Asa Norte (Hran).

Enquanto funcionários dizem que o profissional “está na emergência” ou “que não trabalha mais ali”, a Secretaria de Saúde informa ao JBr. que o erro é da paciente: a consulta marcada para ontem foi com otorrinolaringologista. A mulher, porém, diz nunca ter solicitado esta especialidade.

Procurada pela reportagem, a Saúde disse, ainda, que a consulta com o ginecologista já tem nova data: 8 de agosto, às 8h. Ana Lúcia de Medeiros, porém, afirma que nunca foi avisada disso. No Hran pela terceira vez e pelo mesmo motivo na tarde de ontem, ela soube que o ginecologista não trabalhava mais no setor. A orientação foi retornar no próximo dia 24. “Para tentar marcar. Nem a consulta neste dia estava garantida, porque não tinha vaga no sistema”, explica.

Apesar de não admitir falha na marcação da consulta, a Saúde assegura que a mulher foi atendida de primeira, em maio. “Naquela oportunidade foram solicitados exames e feita a prescrição de medicamentos”, disse a pasta, por e-mail. No retorno da paciente ao Hran, em 31 de julho, não houve atendimento. O médico foi deslocado à emergência — “o que acontece quando há um grande volume de atendimentos na ala”.

A falta de comunicação prévia fez com que Ana Lúcia, o marido e a sogra se deslocassem de Samambaia para o Plano Piloto à toa, nos dias 16 de maio, 11 de julho e ontem. “Gastando gasolina, que está caro. Nunca me ligaram para avisar que ele [o médico] não estava mais no setor”, critica. Com exames solicitados em mãos (mamografia, ecografia transvaginal e ecografia mamária), ela reclama da demora. “Mas vou fazer o quê? Não tenho dinheiro para pagar um médico particular, então espero”, lamenta. Com 51 anos, ela teme ter câncer de mama. Por isso, pagou R$ 240 pelos exames em clínicas particulares para agilizar. “Tem caso na família. Estou preocupada”, afirma.

De acordo com a paciente e com familiares, a desinformação é generalizada no hospital. Funcionários fornecem dados errados e tornam a vida do paciente mais difícil. “Até me dizerem que o médico não atendia mais aqui, me mandaram para dois lugares diferentes. Cheguei até a bater na porta de um consultório”, relata a paciente.

A Saúde informou que o médico em questão continua na unidade, mas na ultrassonografia. O hospital não comentou o porquê de não ter avisado do cancelamento da consulta à paciente nem se pronunciou sobre a conduta dos funcionários do Hran.

Saiba Mais

Há um mês, o JBr. mostrou que a Secretaria de Saúde tinha mudado o sistema de marcação de consultas e exames. O novo modelo permite que procedimentos de baixa complexidade sejam solicitados nas unidades básicas de saúde.

Em seguida, outra reportagem do Jornal de Brasília abordou a recusa do atendimento nos prontos-socorros, sob o argumento de que casos de baixa complexidade ou não urgentes devem ser resolvidos nas unidades básicas. A prática é motivo de reclamações de pacientes.


Jornal de Brasilia

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