Hospital da Mulher informou que caso será investigado por comissão e será solicitado à Sesa a abertura de sindicância
Quase um mês após a morte de um bebê no Hospital da Mulher Mãe Luzia (HMML), um grupo de pessoas realizou durante a manhã desta quinta-feira (20) um manifesto em solidariedade à família, que denuncia o descaso com a saúde pública e alega negligência médica. Os manifestantes também cobraram medidas para que novas mortes sejam evitadas na maternidade.
Com cartazes de protesto, blusas e balões pretos, familiares e amigos realizaram de forma silenciosa o ato “Mães de luto”, que ocorreu de forma pacífica no pátio da casa de saúde. Segundo relatos da família, a vítima de negligência foi Ketty Wanne dos Santos, de 31 anos, que aguardava ansiosa a chegada do pequeno Daniel Lorenzo, que seria seu primeiro filho.
Família se vestiu de preto e fez protesto na frente da casa de saúde Fotos: Rodrigo Indinho |
Negligência em fazer cesária teria causado a morte do bebê, segundo a família |
De acordo com Lucas de Jesus, de 29 anos, irmão de Ketty, ela estava grávida de nove meses e não tinha mais espaço para o bebê e precisava passar por cirurgia urgentemente. Como não foi feita a cesária e não tinha oxigênio, a criança chegou a defecar dentro da mãe e sofreu hemorragia interna no dia 24 de novembro, quando foi realizado o parto.
“Os médicos forçaram o parto normal, a morte se deu devido a demora por não fazerem a cesária. Após o óbito do bebê, ela foi liberada, mas a cirurgia deu pus, quando ela retornou pra cá não queriam fazer o procedimento, quando fizeram deixaram ela dois dias aberta alegando observação, mas a própria médica disse que era porque não tinha materiais correlatos. Ainda tem mais, durante aplicarem medicamentos esqueceram até gaze dentro dela”, comentou Lucas.
Lucas de Jesus: médicos forçaram parto normal |
Segundo dona Maria de Jesus, de 51 anos, mãe de Ketty, muitas mulheres que procuram atendimento no local relatam condições precárias na unidade. Indignada, ela avaliou que a medida é uma forma de chamar atenção para os “diversos problemas” que acontecem na Maternidade Mãe Luzia.
“Não são todos, mas alguns profissionais não prestam atendimento correto às mulheres grávidas e não dão a devida atenção. Então, além da minha filha, estamos solidários a outras pessoas que já sofreram ou sofrem com a saúde do nosso Estado. Queremos uma resposta do governo que se cala diante dessas graves situações, hoje foi a minha, amanhã pode ser sua família”, protestou dona Maria.
Maria de Jesus (mãe da paciente): situação não pode se repetir |
Hospital da Mulher Mãe Luzia (HMML)
Em nota, o Hospital da Mulher Mãe Luzia (HMML) esclareceu que a paciente Ketty Wanne dos Santos deu entrada na unidade no dia 24 de novembro, foi avaliada pela equipe técnica de médico e enfermeiro obstetras e não havia indicação de internação, porque apresentava um centímetro de dilatação. E o protocolo clínico para internação é a partir de três centímetros. Depois disso, ela passou por outras avaliações e foi constatada a necessidade de realizar uma cesariana. Entretanto, o bebê foi a óbito.
Direção nega versão de negligência |
Após receber alta no dia 26 de novembro, a paciente retornou ao hospital 13 dias depois e foi novamente internada após avaliação e exames, pois apresentava infecção urinária recorrente. E foram necessárias duas intervenções: a primeira, para limpeza e drenagem e, a segunda para sutura – procedimento padrão do hospital. Atualmente o quadro clínico de Ketty Wanne dos Santos, é estável.
O Hospital da Mulher Mãe Luzia lamentou o fato ocorrido e se colocou à disposição para qualquer esclarecimento, já tendo encaminhado o caso para a comissão de investigação de óbitos hospitalares e solicitado à Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), a abertura de sindicância.
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