quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Médicos da maternidade de Alagoinhas estariam utilizando métodos não recomendados pelo Ministério da Saúde, diz denúncia


Uma grave denúncia tendo a maternidade de Alagoinhas como pano de fundo tem gerado grande indignação entre a população. De acordo com informações divulgadas por Juscelio Carmo na manhã de ontem(21) no Programa Primeira Mão, da rádio 95 FM, e hoje(22) pela manhã no programa que ancora na 93 FM, escancararam o descaso que vem ocorrendo na unidade.

Durante seu programa na 93 FM, o De Frente com Juscelio, o radialista em posse de uma nota assinada por 16 enfermeiras da maternidade, cujo o teor criticava a conduta de alguns médicos da unidade, teceu fortes críticas à administração municipal e principalmente ao prefeito de Alagoinhas Joaquim Neto(DEM).

Segundo Juscelio, médicos estariam aplicando métodos nas parturientes que divergem do que é recomendado pelo Ministério da Saúde e pelo protocolo da Organização Mundial da Saúde(OMS). Entre estes métodos estariam a aplicação de superdosagem de medicamentos e a utilização de substâncias que também são utilizadas na atividade agricola, no parto de animais, como a Ocitocina. A utilização destes métodos estariam sendo responsáveis por uma série de mortes na maternidade. Para piorar, segundo o relato de enfermeiras ao comunicador, médicos sem a especialidade em obstetrícia estariam fazendo partos na unidade e que alguns médicos chegavam a pedir auxílio às enfermeiras para conduzir o processo, mostrando assim a incapacidade deles em desenvolver tal tarefa.
O relato emocionante de uma paciente que perdeu o filho durante o parto na maternidade foi veiculado no programa. Segundo Jussara, este é o nome da paciente, na quarta-feira(19) pela manhã ela deu entrada na maternidade para ter o bebê. Sendo examinada pelo médico de plantão foi prontamente internada. À noite lhe foi aplicada uma medicação para aumentar as contrações e um outro médico utilizou um procedimento apertando-lhe a barriga para expulsar o bebê. Jussara relata que sentiu muitas dores durante esse procedimento. O médico então fez uma incisão para retirada do bebê que já nasceu morto. De acordo com Juscelio, a técnica utilizada pelo médico é proibida.
O relato desta mulher se junta a assinatura das 16 enfermeiras e ao número de mais ou menos 70 óbitos registrados na maternidade neste último ano.
Na manhã deste domingo(23) a secretaria municipal de comunicação classificou como “inverídicas” as denuncias e defendeu a aplicação de alguns procedimentos utilizados na maternidade e taxados de irregulares pelo radialista. Veja na integra o que diz a nota:
NOTA DE ESCLARECIMENTO
As informações que circulam na imprensa sobre um possível descumprimento das normas do Ministério da Saúde no Hospital Maternidade Doutor João Carlos Meireles Paolilo são inverídicas, e com base no compromisso ético que norteia todas as práticas e serviços prestados à população de Alagoinhas, a Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria de Saúde (SESAU), faz os seguintes esclarecimentos:
1- De acordo com os dados registrados em 2018, a Maternidade de Alagoinhas computou mais de 2.112 nascidos vivos, com 36 óbitos neonatais e 56 nascidos mortos neste período;
2-Os óbitos neonatais estão relacionados à prematuridade extrema, à má formação congênita, a infecções e outras causas, e a respeito disso, a diretoria da Maternidade enfatiza que os profissionais de saúde têm atuado para garantir um atendimento eficiente durante a gestação, conforme preconiza o Ministério da Saúde.
3-O pré-natal e o acompanhamento médico são determinantes para evitar situações de risco à saúde da mãe e do bebê, e de acordo com avaliação dos profissionais do setor, a direção da maternidade tem caminhado diariamente para melhorias, com investimentos em tecnologia e estrutura para atender à população de Alagoinhas e região. Nesse ponto, é preciso ressaltar a elevação no índice de satisfação dos usuários, conforme gráficos abaixo;
4- Os dados específicos de óbitos da Maternidade estão disponíveis no DataSUS e podem ser acessados pelo sistema;
5-A SESAU informa, ainda, que todos os óbitos são investigados pela unidade e pela Secretaria da Saúde do Estado da Bahia-SESAB, por meio da Vigilância Estadual. E que toda e qualquer paciente tem livre acesso ao seu prontuário, basta solicitar formalmente através de um protocolo na Prefeitura Municipal de Alagoinhas;
6-A ocitocina é um hormônio produzido no organismo dos mamíferos, incluindo os humanos, para gerar as contrações do útero durante o trabalho de parto e a liberação do leite materno, entretanto, existe também a ocitocina sintética, introduzida através de soro, que é usada para algumas situações:
  • Iniciar o trabalho de parto quando o mesmo não ocorre naturalmente;
  • Regularizar as contrações quando elas não estiverem efetivas ou quando for diagnosticado que o trabalho de parto não está evoluindo da maneira mais adequada;
  • Contrair o útero após o parto ou aborto, quando o sangramento está abundante e pode ocasionar hemorragias;
7- O uso de tal medicamente é utilizado na unidade para fins benéficos para mãe e bebê e os fármacos são devidamente licitados e liberados pela Anvisa e Ministério da Saúde;
8- Quanto à troca de informações entre membros da equipe multiprofissional, a diretoria da Maternidade informa que trata-se de um procedimento normal e essencial para o bem-estar da paciente. É mais um ponto que atesta o compromisso e interesse por parte dos profissionais de Saúde do município;
9-corpo técnico da Maternidade é formado por médicos especializados em Obstetrícia, Pediatria, Cirurgia – Geral e Anestesista, enfermeiros e técnicos de enfermagem com formação em Obstetrícia e Neonatologia, com larga experiência e anos de atuação nas especialidades. A documentação dos mesmos está disponível no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde-CNES;
10- Por fim, a Prefeitura de Alagoinhas se coloca à disposição para esclarecimentos e se manifesta contra a disseminação deliberada de notícias falsas, que ferem os princípios da ética jornalística, causando prejuízos à população;
Hoje(23) em contato com o site News Infoco, o secretario de governo Gustavo Carmo se mostrou sensível as denuncias apresentadas e informou que já havia marcado uma reunião com a diretora da maternidade e com o secretario de saúde para averiguar as possíveis irregularidades. A abertura de uma sindicância para apurar os fatos não está descartada.





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