Corredores lotados de pacientes deitados no chão dificultam até mesmo a circulação de funcionários do HGV, que não conseguem andar de um ponto a outro sem esbarrar em alguém
Pacientes deitam no chão porque não há leitos disponíveis no Hospital Getúlio Vargas |
Funcionários do Hospital Getúlio Vargas, que fica no bairro do Cordeiro, Zona Oeste do Recife, denunciam descaso e superlotação na emergência da unidade de saúde. Através de imagens enviadas à reportagem da Rádio Jornal nesta quinta-feira (20), é possível ver vários pacientes, que já receberam atendimento ou que ainda estão aguardando, deitados pelos corredores do hospital, pois não há leitos para atender a todos.
Ainda segundo as denúncias, faltam medicamentes básicos e macas para atender os pacientes que chegam em grande número, buscando assistência médica. Segundo uma funcionária ouvida pela reportagem, a quantidade de pessoas trabalhando no HGV não é suficiente para atender à demanda do local: "É uma quantidade muito grande de pacientes para a quantidade de funcionários, principalmente de técnicos de enfermagem".
A funcionária revela também que os problemas não se restringem à emergência. O bloco cirúrgico do HGV também sofre com a superlotação e a precarização do serviço oferecido. Em alguns casos, pacientes que passaram por cirurgias passam o pós-operatório repousando em macas simples porque não há camas suficientes para todos.
A superlotação chegou a nível tão crítico que dificulta até mesmo a circulação de pacientes, acompanhantes e funcionários do Getúlio Vargas, que não conseguem nem mesmo caminhar pelos corredores livremente, já que há pessoas deitadas no chão esperando por atendimento. "É praticamente um jogo de encaixe. Os maqueiros têm que sair tirando uns para ir colocando outros. Se for uma gravidade muito grande, que o paciente precise ser transportado, um paciente que esteja realmente morrendo, não tem condições de fazer nada. Porque não tem condições de socorrer. Não existe como tirar ele do meio", disse a funcionária que conversou com a Rádio Jornal, sob condição de anonimato.
Para ela, a direção do hospital tem conhecimento da situação em que se encontra o atendimento. No entanto, nem mesmo eles teriam condições de fazer alguma coisa para resolver o quadro, uma vez que, segundo ela, a precarização do serviço público de saúde é algo que atinge todo o estado de Pernambuco: "O descaso vem 'mais de cima'".
Sem leitos, pacientes recebem atendimento deitados em macas nos corredores do hospital |
Resposta do Hospital
Através de nota enviada à Rádio Jornal na tarde desta quarta-feira (20), o Hospital Getúlio Vargas informou que reconhece a situação de superlotação na unidade e que vem trabalhando para qualificar a assistência ao paciente, agilizando atendimentos para a maior rotatividade dos leitos.
Ainda segundo a nota HGV, desde 2015, mais de 500 profissionais aprovados em concurso público entraram no quadro de funcionários e realizam as escalas de plantão completas. Segundo os dados fornecidos pelo hospital, a recém-inaugurada reforma da emergência aumentou em 44% a quantidade de leitos e uma segunda reforma está prevista para ser inaugurada nos próximos meses.
Confira a nota na íntegra:
O Hospital Getúlio Vargas (HGV) reconhece a alta demanda de pacientes na unidade, referência para diversas especialidades, principalmente traumato-ortopedia, e que recebe a população de todo o Estado. A unidade informa que tem trabalhado para qualificar a assistência ao paciente, agilizando atendimentos, exames e procedimentos, como cirurgias, para dar maior rotatividades aos seus leitos. A direção informa, ainda, que tem trabalhado para fazer a reposição de insumos e que as faltas são pontuais. Desde 2015, mais de 500 profissionais aprovados em concursos públicos foram nomeados para a instituição, que tem mantido suas escalas de plantão completas.
É importante destacar que, no último mês de setembro, o HGV inaugurou a reforma da sua emergência, com 72 leitos, 44% a mais do que a anterior, além de ser um espaço mais moderno para acolher os pacientes e para o profissional de saúde. A segunda etapa da reforma da emergência também já está em curso e deve ser inaugurada nos próximos meses, totalizando 100 leitos.
Dados - Durante todo o ano de 2017, o HGV realizou mais de 20 mil atendimentos de urgência, 12 mil cirurgias (urgência e eletiva) e produtividade ambulatorial de 236 mil. Até setembro de 2018 já são 24 mil atendimentos de urgência, 195 mil de produtividade ambulatorial e mais de 9 mil cirurgias.
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