Mulher perdeu o bebê devido à violência no Hospital |
“Eu sei que não vai trazer a vida dele de volta, mas é para que não aconteça com outras mães”, relata Janaina Lacerda Pinto, cunhada de Luana Lacerda Pinto, que foi vítima de violência obstétrica que matou seu filho Pedro Henrique. A fim de chamar a atenção para a situação desumana pela qual passou e muitas mulheres também passam, ela organizou um protesto na frente do ao Hospital Geral Universitário (HGU), na tarde desta segunda-feira (23).
A mãe do bebê conta que no dia 07 de julho, às 2h30 da manhã, chegou ao HGU para o nascimento do seu filho. “Cheguei com dores, me deixaram em uma sala para esperar para ver se ia ter dilatação, sendo que eu não tinha condições de ter um parto normal. Era cesáreo, igual ao meu primeiro. Me deixaram lá até as 15h20”, relatou.
Muito emocionada, ela diz que ficou 13 horas em trabalho de parto, o seu útero estourou e o coração do bebê parou. Só assim a encaminharam para a cesariana de emergência.
Luana ainda relata que, mesmo na sala de cirurgia, ela não foi submetida à cesárea. Denuncia que os médicos subiram em sua barriga para expulsar seu filho. “Apertaram a minha barriga, arrancaram o bebê”.
Após o nascimento, foi realizado uma cirurgia para costurar o útero da paciente. “A médica disse que ela não vai mais poder engravidar, se acontecer ela vai morrer”, relata Janaina.
Os familiares demonstram muita revolta, pois Luana fez todo o pré-natal em um posto de saúde no seu bairro, Altos da Serra. Relatam que eles tinham um encaminhamento alertando que a gestante não tinha condições de passar pelo parto normal, ela não teria dilatação.
Os familiares comunicaram aos médicos a restrição da paciente, mas não foram ouvidos. “Eles falaram para o meu marido que quem sabia eram eles. Sabiam o certo e a hora certa de tirar a criança. Implorei para eles realizarem a cesariana, mas eles falaram que a criança ia nascer normal”, relata a mãe.
Declarou, ainda, que o encaminhamento informando que não poderia realizar o parto normal foi entregue aos médicos e ela não teve mais acesso à eles.
Após o nascimento, Pedro Henrique foi reanimado e ficou internado 14 dias,, porém faleceu na última sexta-feira. Ele respirava com ajuda de aparelhos e Luana diz que ele nem se mexia. “Eu peguei ele uma vez no colo, na quarta-feira (18/07), após 12 dias que ele nasceu. O neném não se mexia, não reagia, nem nada. A cabeça dele estava bem inchada”, conta a mãe com lágrimas nos olhos.
Ela ainda relata que às vezes sente fortes dores no local da cirurgia e registrou um boletim de ocorrência denunciando o tratamento que recebeu e a morte do seu filho. “Eu espero justiça pela vida do meu filho, que se foi. Só isso”, conta chorando.
"Ela teve uma gestação perfeita, sem problema nenhum e agora ela volta para casa sem o filho. Vai ficar vendo as roupinhas, o perfume. Ta tudo lá", declarou Janaina.
O atestado de óbito do menor aponta que ele faleceu devido à hemorragia pulmonar, sepses, asfixia grave neonatal e rotura interina materna.
O HGU
O Hospital forneceu um atestado no dia 11 de julho informando que a paciente realizou uma cesariana de urgência por bradicardia fetal mais rotura interina. Desta forma ela não pode mais entrar em trabalho de parto, por risco de nova rotura uterina e que Luana foi orientada quanto aos riscos.
Por nota, o HGU declarou que a paciente teve todas a assistência no trabalho de parto e estritamente dentro das normas e recomendações técnicas do Ministério da Saúde, através do seu Manual de Assistência ao Parto e dos programas Rede Cegonha e Apice On, dos quais o hospital faz parte.
Nota do hospital |
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