Responsável pelo atendimento foi Geysa Leal Corrêa, a mesma que é investigada depois da morte de Adriana Ferreira Pinto, 41 anos. Em uma semana, três mortes ocorreram após operações.
Em menos de 10 dias, 3 pessoas morreram depois de passarem por procedimentos estético |
Com a investigação da polícia envolvendo três mortes após procedimentos estéticos no Rio de Janeiro, novas vítimas começam a falar a respeito de erros médicos pelos quais passaram. Ao RJTV, uma mulher que não quis se identificar contou que fez uma hidrolipo com a doutora Geysa Leal Corrêa, a mesma que pode ter sido responsável pela morte de Adriana Ferreira Pinto, 41 anos.
A mulher contou que pagou R$ 5 mil pelo procedimento e que conheceu o trabalho da médica pela internet. Ao conhecê-la pessoalmente, Geysa lhe teria dito que o procedimento era simples.
"Eu me lembro que ela ao me examinar, ela falou que era pouca gordura que eu tinha e que eu não precisaria de hospital que eu poderia fazer no próprio consultório", disse a paciente, que contou ainda que a recepcionista que foi aplicar a injeção com o soro e a anestesia.
" Aí, isso eu já achei estranho. A recepcionista aplicar em mim a injeção com o soro? E eu me lembro também que ela estava sem luvas", conta.
Na hora do procedimento, a mulher ouviu uma frase da médica:
"Ela falou assim: para ficar bonita tinha que sentir dor. As marcas da cânola ficaram, não saíram.
Tem partes da minha barriga que são mais altas que outras. É uma vaidade que eu paguei muito caro"
Morte após lipoescultura
Adriana fez uma lipoescultura em um consultório de Niterói, Região Metropolitana do Rio, no dia 16 de julho, segundo o depoimento do marido da vítima. Ele contou que seis dias depois da intervenção Adriana começou a se queixar de falta da ar, desmaiou e morreu em seguida.
O marido de adriana contou, em depoimento que, no último domingo ela começou a se queixar de falta de ar, e que de madrugada a pedagoga foi ao banheiro, perdeu a consciência e morreu em seguida.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica disse que Geysa não tem licença pra fazer cirurgia plástica. O conselheiro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, José Horácio Aboudib, afirma que é preciso observar alguns detalhes antes de se submeter a procedimentos estéticos.
A médica afirma ser pós graduada em medicina e cirurgia plástica estética. Geysa Leal Corrêa já responde a três processos cíveis por erro médico em procedimentos estéticos. O advogado da médica diz que a médica é que realizava todos os procedimentos e que fazia o acompanhamento dos pacients no pós-operatório.
Perguntas e respostas sobre a bioplastia
Ainda não há confirmação se o que matou Lilian Calixto foi o PMMA. Laudo do Instituto Médico-Legal mostrou-se inconclusivo, e os peritos pediram mais tempo. Nos dois novos casos, detalhes dos procedimentos estão sendo investigados.
Desde a morte da bancária Lilian Calixto, médicos e especialistas em aprimoramento estético alertam para os riscos da bioplastia. A seguir, as principais dúvidas:
O que é a bioplastia e o PMMA?
Bioplastia é o nome que se dá para procedimentos realizados com PMMA (polimetilmetacrilato), um tipo de acrílico. Como o PMMA também é chamado de bioplástico, surgiu o nome bioplastia. "É um termo inventado para determinar procedimentos com o chamado bioplástico [o PMMA]", diz Niveo Steffen, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica em São Paulo.
Apesar de receber o nome de "bioplástico", o PMMA não é absorvido pelo organismo, diz Steffen. O PMMA é usado na indústria para a produção de canetas, placas, faróis, etc. Nos procedimentos cirúrgicos, são aplicadas microesferas do produto.
"O PMMA não é um produto absorvido pelo organismo. E esse é um grande problema dele", diz Niveo Steffen, presidente da Sociedade de Cirurgia Plástica.
Como o polimetilmetacrilato é aplicado?
Com anestesia local e a introdução de uma microcânula, uma espécie de agulha, no local em que se quer o preenchimento. É um procedimento simples, mas perigoso pela característica do material.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, por mais simples que seja, qualquer procedimento cirúrgico deve ser feito em ambiente hospitalar, com salas preparadas para qualquer complicação – o que não foi o caso da aplicação pelo Dr. Bumbum, que fez o procedimento em um apartamento na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Quais são os riscos do produto?
Como não é absorvido pelo organismo, o PMMA pode trazer reações inflamatórias. Ele também dificilmente pode ser retirado do corpo. "Dá para tentar retirar uma parte, mas não tudo", explica Steffen.
Uma vez na corrente sanguínea, o produto pode entupir uma artéria, acarretando em paradas cardíacas, ou acidente vascular cerebral ou embolia pulmonar.
Todas essas situações ocorrem porque o material impede que o sangue, que carrega alimentos e oxigênio chegue ao órgão: no coração, é a parada cardíaca, no pulmão, é a embolia e no cérebro, o AVC.
Quem pode fazer o procedimento?
Para a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, ninguém deveria usar o produto pelas altas complicações que ele pode trazer.
No Sistema Único de Saúde o PMMA é utilizado em procedimentos seguros para o fim de correções de deformações advindas do uso de antirretrovirais em pacientes com HIV/Aids.
A ex-modelo Andressa Urach chegou a injetar a substância, mas teve complicações por causa de outra intervenação com hidrogel. O produto também é aprovado pela Anvisa, mas deve ser usado em situações muito específicas e em pouca quantidade.
O que pode ser usado em vez do PMMA?
Niveo Steffen informa que hoje é mais utilizado o enxerto de gordura para aumentar volume, mais seguro e totalmente compatível com o organismo. Para preenchimento, como é o caso de produtos usados para a correção de rugas, por exemplo, ácido hialurônico e botox são seguros e compatíveis. O próprio silicone médico também pode ser usado e tem maior compatibilidade, informa Niveo Steffen.
O PMMA é regulamentado? O que diz a Anvisa?
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) informa que o PMMA tem registro desde 2004 com validade até 2024. A substância é usada em uma variedade de produtos para a saúde, como dentes artificiais e implantes.
"Sob a forma de microesferas, a técnica é utilizada para correções de pequenas assimetrias. Pode ser utilizada em procedimentos estéticos para corrigir rugas ou restaurar pequenos volumes perdidos pela idade", diz a agência.
A agência informa também que qualquer uso da substância não prevista em bula é aplicada por conta e risco do médico que a prescreve.
Quanto custa?
Há relatos de que pacientes chegam a pagar R$ 20 mil pelo procedimento. Para a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, além de ser perigoso e não dever ser feito, o preço para o PMMA "nem se justifica por ser um material barato", diz Niveo Steffen.
Como descobrir se um médico é confiável?
Vale checar se o médico tem registro no Conselho Regional de Medicina na região em que atua. No caso do médico conhecido como "Dr. Bumbum" ele não tinha registro para atuar na cidade do Rio de Janeiro.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica também disponibiliza uma consulta em seu site para saber se o profissional é ou não credenciado pela sociedade para realizar uma cirurgia plástica.
O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) informou que vai investigar as denúncias da morte de Lilian, além de notificar a Polícia Federal sobre o caso.
Segundo Niveo Steffen, a aplicação de produtos estéticos sofre de dois problemas. Um deles é a aplicação por profissionais que não são médicos. "Tem dentista, enfermeiro e biomédico que aplica", diz. Outra questão é sobre a aplicação por médicos que não têm especialização da área.
Como saber se posso confiar no lugar em que vou fazer o procedimento ?
Um procedimento, mesmo que seja minimamente invasivo, precisa ser feito em um ambiente preparado, um hospital ou um centro cirúrgico com aparelhamento para qualquer problema que precise de atendimento profissional em uma emergência, informa Francesco Mazzarone, diretor do Serviço de Cirurgia Plástica da Santa Casa.
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