sexta-feira, 27 de julho de 2018

Coren investiga denúncia de mãe contra enfermeiros que atuaram em parto

Bebê morreu após 14 dias internado - Arquivo pessoal
O Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso (Coren-MT) iniciou investigação sobre a participação dos profissionais de enfermagem no parto da jovem Luana Lacerda Pinto. Ela denunciou a equipe médica do Hospital Geral Universitário (HGU) de violência obstétrica, que ocasionou a morte do seu bebê e a impossibilidade de uma nova gravidez.
  
As informações divulgadas em nota apontam que a apuração será baseada nas informações do prontuário médico e do boletim de ocorrência. Após isso será tomada as devidas providências quanto aos profissionais envolvidos e as medidas cabíveis podem incluir processo ético. 

O Coren-MT informou que existem outros casos de violência obstétrica sob investigação que tramitam em sigilo. Apontam que o conselho aprovou a proibição da participação de profissionais da enfermagem na realização de procedimentos que aceleram o parto, a manobra Kristeller, método que consiste na pressão sobre o ventre da parturiente, cujo uso é desaprovado pela Organização Mundial da Saúde, pelo Ministério da Saúde e pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 
 
O Conselho Regional de Medicina (CRM-MT) também está investigando a atuação dos médicos envolvidos no parto de Luana.   Agora, serão ouvidos os envolvidos e coletadas provas materiais para se avaliar se houve a irregularidade alegada pela mãe.  

Realizados os procedimentos, a Câmara de Ética do CRM irá avaliar se há comprovação de que houve erro e, então, aceitar a denúncia e abrir processo ético profissional ou, caso contrário, arquivar a denúncia.
O caso
A mãe conta que no dia 07 de julho, às 2h30 da manhã, chegou ao HGU para o nascimento do seu filho. “Cheguei com dores, me deixaram em uma sala para esperar para ver se ia ter dilatação, sendo que eu não tinha condições de ter um parto normal. Era cesáreo, igual ao meu primeiro. Me deixaram lá até as 15h20”, relatou.
Ela ficou 13 horas em trabalho de parto, o seu útero estourou e o coração do bebê parou. Só assim a encaminharam para a cesariana de emergência. 
 
Luana ainda relata que, mesmo na sala de cirurgia, ela não foi submetida à cesárea. Denuncia que os médicos subiram em sua barriga para expulsar seu filho.
 
A criança foi reanimada e ficou 14 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal do hospital, porém morreu na sexta-feira (20).

Confira a nota do Coren-MT

O Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso (Coren-MT) informa que já deu início às investigações sobre a possível participação de profissionais de Enfermagem no atendimento à paciente Luana Lacerda, que denunciou a equipe médica do Hospital Geral Universitário (HGU) por negligência na realização do parto de seu filho, o que teria causado a morte da criança na última sexta-feira (20), depois de complicações e algumas semanas de internação.
 
Segundo o Departamento de Fiscalização do Coren-MT, os procedimentos de investigação serão baseados nas informações do prontuário médico e do Boletim de Ocorrência. Pela análise destes documentos, será possível observar qual a responsabilidade assumida por cada profissional e, a partir daí, tomar as medidas cabíveis, que podem incluir a instauração de processo ético. 
 
Há outros casos de violência obstetrícia em investigação no Coren Mato Grosso, os quais tramitam em sigilo.  Para além da fiscalização, o Conselho zela pela boa atuação do profissional na área obstétrica. Por exemplo, no passado aprovou a proibição da  participação de profissional de Enfermagem na realização de um procedimento voltado à aceleração do parto, a manobra de Kristeller, método que consiste na pressão sobre o ventre da parturiente, cujo uso é desaprovado pela Organização Mundial da Saúde, pelo Ministério da Saúde e pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário