terça-feira, 31 de julho de 2018

Polícia de SC pede prisão de pai de bebê com doença rara e indicia casal por apropriação de recursos de deficiente

Eles foram investigados após denúncia de que doações para menino foram usadas para custear luxos. Família vive em Joinville, no Norte catarinense.
Menino Jonatas sofre de Atrofia Muscular Espinhal (Foto: Reprodução/NSC TV)

A Polícia Civil de Joinville, Norte catarinense, pediu a prisão de Renato Openkoski, pai do bebê Jonatas, que tem 2 anos e sofre de uma doença degenerativa, e indiciou ele e a esposa por estelionato e apropriação de recurso de pessoa com deficiência. O casal fez campanha para arrecadar dinheiro para ajudar no tratamento da criança, que tem AME (Atrofia Muscular Espinhal), mas é suspeito de ter usado esse recurso para outros fins.

O médico do bebê também foi indiciado, pelo crime de falso testemunho. O G1 não conseguiu contato com a defesa dos indiciados.

As investigações foram conduzidas pela delegada Geórgia Marrianny Gonçalves Bastos, da Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCami). O inquérito tem 1.004 páginas e foi enviado na última semana para o Fórum.

Com a campanha AME Jonatas, foram arrecadados R$ 3 milhões, que deveriam ser usados para pagar a primeira parte do tratamento da criança.

Os pais são alvo de investigação desde que o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) recebeu a denúncia de que eles estariam usando os recursos das doações para custear luxos.

Depois disso, a Justiça bloqueou, de forma liminar, os valores levantados com a campanha e um veículo de R$ 140 mil que está em nome do casal.

O bloqueio foi feito em 16 de janeiro. Dessa forma, para que os pais possam usar o dinheiro da campanha, precisam de autorização judicial e envio de comprovantes sobre o uso dos recursos.

Investigação

Foram ouvidas mais de 20 pessoas, entre testemunhas, familiares, pessoas que fizeram doações à campanha, e integrantes do Conselho Tutelar.

A delegada pediu a prisão preventiva do pai do bebê porque ele dizia que o judiciário estava atrapalhando a família nos cuidados com o menino. Além disso, Bastos diz que ele estava "se aproveitando da boa fé das pessoas e da imagem da criança, que sensibiliza, para poder obter vantagem ilícita”. Conforme a polícia, ele continua fazendo campanhas.

Caso o judiciário não autorize essa prisão preventiva, ela pede uma medida cautelar de proibição de contato com as pessoas que seguem as atualizações da campanha. Essa mesma medida foi pedida para a mãe da criança, Aline Openkoski.

A prisão dela não foi pedida porque ficou comprovado na investigação que a mãe realmente cuida do bebê. Isso não ficou comprovado na apuração em relação ao pai.

A investigação concluiu que o carro e uma viagem a Fernando de Noronha foram pagos com o dinheiro da campanha.

A delegada pede um leilão dos objetos apreendidos na casa da família, entre joias, luneta, videogames, televisão, óculos e o carro, para serem revertidos em recursos para o bebê.

Denúncia

Conforme o MPSC, denúncias feitas à Promotoria de Justiça de que o casal teria passado o Réveillon em Fernando de Noronha e comprado um veículo de R$ 140 mil.

"O fato, salvo melhor juízo, demonstra que não se pode descartar, pelo menos nessa análise inicial, possível utilização de parte das doações para fins distintos daquele almejado: a garantia do direito à saúde de Jonatas", afirmou a promotora de Justiça Aline Boschi Moreira.

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