O conselheiro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, José Horácio Aboudib, afirma que é preciso observar alguns detalhes antes de se submeter a procedimentos estéticos.
Segundo Aboudib, o primeiro cuidado que deve ser tomado é procurar um médico competente pra realizar aquele procedimento. Ele orienta que, para isso, o paciente faça uma pesquisa no site da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
“Existem diversos outros nomes para iludir o paciente, envolvendo cirurgia, medicina, estética, combinações desses nomes que são feitos para iludir o paciente querendo se parecer que a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. São seis mil membros no Brasil. Você indo a um médico desses, você tem certeza de que ele teve, além da faculdade, cinco anos de pós-graduação e foi submetido a uma prova escrita, oral e prática para receber o título de especialista. Ele tem, no mínimo, um treinamento adequado”, explicou o conselheiro.
Tais procedimentos devem ser feitos, de acordo com José Horácio Aboudib, em um hospital ou clínica que tenha autorização da Anvisa.
“É um órgão que a Anvisa fiscalizou e tem as condições adequadas de centro cirúrgico, de esterilização, de segurança para o paciente para que a cirurgia possa ser realizada”, destacou.
Outro fato que deve ser observado é o preço do procedimento. Caso a oferta esteja muito abaixo do valor de mercado, é necessário desconfiar.
“Qualquer coisa que fuja de uma média de mercado, alguma coisa de errado está”, disse Aboudib.
Morte após lipoescultura
A pedagoga Adriana Pinto foi enterrada, nesta terça-feira (24), no cemitério em Paracambi, na Baixada Fluminense. Ela é a terceira mulher a morrer depois de passar por procedimento estético, nos últimos 10 dias.
Adriana, de 41 anos, fez lipoescultura no dia 16 de julho. O marido dela contou, em depoimento que, no último domingo, a pedagoga começou a se queixar de falta de ar. Ele disse que de madrugada, Adriana foi ao banheiro, perdeu a consciência e morreu em seguida.
Ela fez o procedimento cirúrgico no consultório da dra. Geysa Leal Correia, que se apresenta como especialista em medicina estética.
O consultório da dra. Geysa fica em um prédio em Icaraí, na Zona Sul de Niterói. Segundo informações da recepção, a clínica, que se chama Soleil, não abriu nesta terça-feira. A médica e os funcionários não foram trabalhar.
A TV Globo tentou entrar em contato com a médica por telefone, mas ela não atendeu às ligações.
A Sociedade Brasileira de cirurgia plástica disse que Geysa não tem licença para fazer cirurgia plástica, mas em gravação que circula nas redes sociais, ela admite que atua como cirurgiã.
“Eu fiz lipo em uma paciente na segunda-feira, dia 16. Uma moça de 41 anos, dois filhos, saudável, sem doença alguma, que pediu para o marido como presente de aniversário de casamento”, disse Geysa Leal Correa.
“Às quatro horas da manhã ela levantou para ir ao banheiro e ele perguntou: está tudo bem? Ela disse ‘está. Vou ao banheiro’. Quando voltou, caiu dura, caiu morta, teve uma morta súbita.
A Justiça confirmou que a médica Geysa Leal Correa já responde a três processos cíveis por erro médico em procedimentos estéticos. As vítimas pedem indenização por danos morais.
Polícia investiga outro caso
A polícia investiga também a morte de Mayara da Silva dos Santos, de 24 anos, na madrugada do último domingo (22).
Ala veio da Dinamarca, onde morava, para fazer o procedimento. Parentes e amigos contaram que o preenchimento de glúteos pode ter sido feito na casa de Tânia Cristina de Lima Torp, no Recreio, Zona Oeste do Rio.
Foi Tânia quem acompanhou Mayara até o hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca.
Em depoimento, Tânia disse que não tinha muita amizade com Mayara e que chegou à casa dela por volta das 17h do dia 20, contando que tinha feito uma avaliação de drenagem linfática e que não estava se sentindo bem.
Ela afirmou ainda que, às 18h30, Mayara teve uma crise convulsiva e começaram os procedimentos de socorro. Tânia disse ainda que, posteriormente, ela foi levada ao Lourenço Jorge e que acompanhou Mayara no interior da ambulância dos bombeiros. Mayara morreu na madrugada de sábado (21).
Os dois casos aconteceram poucos dias depois da morte da bancária Lilian Calixto, no último dia 15. Ela fez um procedimento estético com o médico Dênis Furtado, conhecido como Dr. Bumbum, na cobertura dele.
Dênis, a mãe dele, Maria de Fátima Furtado, e a namorada dele, Renata Cirne, estão presos pela morte da bancária.
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