Reportagem conversou com a mãe e a filha de Solange, que faleceu logo após dar a luz.
Dentro de duas semanas o Hospital Regional de Araranguá registrou a morte de duas gestantes durante o parto. O primeiro caso aconteceu com uma jovem de 16 anos que perdeu a vida – segundo diagnóstico divulgado, devido à Síndrome de Hellp. Já a última morte aconteceu na última quinta-feira, 26.
Com a repercussão destes dois óbitos, muitas dúvidas surgiram sobre o atendimento no HRA. A reportagem do Grupo W3, com exclusividade, conversou com a família de uma das vítimas, Solange Rodrigues, de 40 anos, moradora do bairro Divineia, em Araranguá.
A mãe de Solange, Eva e a filha, Nancy Rodrigues, comentaram sobre os procedimentos realizados no hospital. “A minha filha estava bem, decidimos levar ela ao HRA, pois estava com dores, inclusive ela até comentou que achava que daria a luz naquele dia, já que estava preparada para um parto normal. Ao chegar lá, foram feitos vários exames e fomos informados que ela necessitava fazer uma cesárea, concordamos e logo ela foi para o centro cirúrgico, cheia de vida, mas não voltou”, contou Eva.
“Ela estava bem até ir realizar o parto, me recordo que foi feita a anestesia e até o início do parto ela estava acordada, mas em seguida apagou. Após o bebê nascer, eles me retiraram do local, onde eu acompanhava o procedimento e começou uma correria na sala, sem eu saber o que estava acontecendo”, recorda a mãe de Solange.
Enquanto Eva dava atenção ao recém-nascido, Nancy, filha da gestante de 39 semanas, foi informada do falecimento de sua mãe. “Os médicos me chamaram e contaram que a minha mãe tinha morrido no parto logo após realizar a abertura para a retirada do bebê. Eu não recebi explicações mais detalhadas, apenas contaram que tentaram reanima-la por duas vezes, mas não obtiveram sucesso. No laudo consta insuficiência respiratória e embolia pulmonar”.
Nancy ainda comenta que no momento de nervosismo, não procurou mais informações. “Eu gostaria de saber mais sobre a causa da morte da minha mãe, pois ela entrou normal para ganhar o meu irmão, não estava passando mal nem nada e simplesmente saiu sem vida. Pode ter acontecido alguns erros sim, mas não posso acusar sem antes receber estas informações”.
Sobre a possibilidade de Solange enfrentar uma gravidez de risco, a família afirmou que ela não foi diagnosticada. “Nenhum exame mostrou isso durante toda a gestação e ela nunca tinha comentado nada conosco”.
Mesmo com a dor da perda, a família comenta que foi muito bem atendida. “Eu e minha avó fomos bem atendidos pela equipe do hospital, foram muito atenciosos com toda a nossa família, inclusive com meu irmão recém-nascido que ficou alguns dias internado”.
HRA se pronuncia
O Hospital Regional de Araranguá, foi procurado e emitiu uma nota sobre o assunto, por meio da assessoria de imprensa. Confira:
A direção do Hospital Regional de Araranguá, em resposta a fatos divulgados pela imprensa regional em relação ao falecimento da paciente S. R.N., informa que todo o atendimento foi realizado em total observância aos protocolos clínicos.
Considerando a evolução do quadro de saúde da paciente após a realização da cesárea, evoluindo para uma insuficiência respiratória, e, posteriormente, para uma parada cardiorrespiratória, houve a necessidade de manobras de reanimação pela equipe (médicos e enfermeiros), de maneira que, apesar de todos os esforços possíveis empreendidos, foi constatado o óbito materno.
A direção do Hospital Regional de Araranguá, ao mesmo tempo em que reitera a sua total confiança nos procedimentos realizados pelos funcionários da instituição na assistência à paciente, entende que medidas precisam ser tomadas, juntamente com o Estado e municípios da região, com vistas a melhorar o acompanhamento do pré-natal pela atenção primária às gestantes.
Considerando que o Hospital Regional de Araranguá não é referência para gestantes de alto risco, a direção do hospital, em tratativa com a Secretaria do Estado de Saúde, reforçará conversas com médicos e enfermeiros de toda a região quanto à importância da realização de um pré-natal bem feito e quanto ao referenciamento de gestantes de alto risco.
Por fim, o Hospital Regional de Araranguá se solidariza com a família por esse momento de dor.
Revista W3
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