terça-feira, 7 de julho de 2020

Casal acusa Santa Marcelina de Itaquaquecetuba de negligência médica após mulher chegar ao hospital com caso de parto prematuro; bebê não resistiu

Segundo o casal, houve demora e confusão no atendimento e parto ocorreu quando a mulher estava no banheiro. Secretaria de Estado da Saúde diz que gestante recebeu assistência de acordo com o quadro clínico apresentado.


Grávida tem parto prematuro em banheiro de hospital em Itaquaquecetuba

Um casal acusa o Hospital Santa Marcelina de Itaquaquecetuba de negligência médica. A mulher, grávida, deu entrada na unidade com fortes dores e, segundo ela, não foi logo atendida. Depois de várias horas de espera, a criança nasceu no banheiro do hospital, mas não resistiu. A Secretaria Estadual de Saúde informou que toda a assistência foi prestada, seguindo o protocolo indicado para este tipo de caso.

Midian Tecília Mendonça estava grávida de quase seis meses. No dia 29 de junho, a bolsa estourou, e ela foi levada para o Hospital Santa Marcelina. Ela diz que, quando chegou ao local, só foi atendida depois de três horas. Após essa espera, ela conta que a médica chegou a ouvir o coração da criança.

“Ela ouviu o coração. Eu ouvi o coração. Estava viva. Estava um batimento normal. Em momento nenhum ela falou que estava com os batimentos fracos”, falou a doméstica.

Os últimos exames mostravam que estava tudo certo com o bebê. E as idas ao pediatra também estavam em dia. Só que Midian se surpreendeu quando recebeu a informação de que havia abortado e de que passaria por curetagem.

Midian conta que atendimento da saúde da criança estava em dia

“Ela disse que iria me internar. Já disse que era um aborto em curso, que estava dilatando. Ela me mandou aguardar para subir para o quarto, para poder esperar expelir a criança e fazer a curetagem, que era outra cirurgia”.

Ainda no hospital, ela conta que houve erro de comunicação entre a equipe médica, que indicava setores diferentes para que ela recebesse o atendimento. Durante as mudanças de quarto, ela achava que o bebê ainda estava vivo.

“A médica do plantão disse que meu caso não se resolvia lá, que não era naquele andar. Não falando diretamente com a gente, mas entre os outros funcionários, ela disse que já sabiam que esse caso não era naquele andar, que lá era só parto. Eu acredito que estava em um processo de parto. Prematuro, mas era um parto. Dali ela veio até a gente e disse: 'Aconteceu alguma coisa porque acho que a médica é nova então ela errou. Não é aqui. Vocês vão ter que retornar lá para baixo para ver para qual andar você vai'”.

O marido de Midian, o autônomo Reginaldo Vital da Silva Júnior, foi quem levou a esposa ao hospital. Ele também diz que faltaram informações sobre a esposa e o filho e reclama do atendimento.

“No momento em que a bolsa estourou, que a levei para o hospital, a gente chegou lá e falou para o moço da recepção: “A bolsa dela estourou. Ela está sentindo dores”. Ele deu uma ficha para ela e mandou aguardar. Não pediu para entrar. Ela falou que uma vez foi até lá com dores e deram atendimento na hora. Mas esse aí mandou a gente ficar esperando lá fora, e ela sentindo dores”, falou Reginaldo.

O tempo de espera aumentava as dores de Midian. Ela conta que, por volta das 16h, ainda estava em uma maca. Ela precisou ir ao banheiro, onde tudo aconteceu.

“Eu senti a criança descendo. Quando a criança estava descendo, eu segurei. Ali já comecei a ficar mais nervosa. Fiquei sem ação, com vergonha, porque tinha muita gente rodando pelo hospital. Fiquei com vergonha de a criança descer ali. Fui e voltei para a maca. Comecei a apertar minha roupa, apertar o colchão, porque estava com dor. Fiquei sem reação. Retornei para o banheiro. Quando retornei, senti a cabeça da criança descendo e pedi para a moça que estava no banheiro na hora chamar qualquer enfermeira porque a criança estava descendo. Aí foi mais rápido”.

Casal diz que houve negligência médica por parte do hospital

As enfermeiras foram até o local e a socorreram. Midian acredita que houve negligência e que, se o atendimento tivesse sido mais rápido, o filho poderia ter nascido com vida.

“Com certeza poderia ter sido diferente. Mesmo que a criança não tivesse aguentado viver em uma incubadora, não sei. Mas, se o atendimento tivesse sido mais rápido, eu iria me sentir mais digna, respeitada. Eu vi a criança toda formada na minha mão. Tinha mais ou menos 27 centímetros”.

De acordo com Reginaldo, ele não soube a causa da morte quando foi sepultar o filho. Além disso, na declaração de óbito, também não consta o motivo. Teria sido por causa disso que o cartório não emitiu a certidão de óbito da criança. O casal fez um boletim de ocorrência. O que eles desejam é que outras mães não passem por isso.

“Eu repito: foi negligência dele. Foi falta de atenção da parte deles”, fala Reginaldo.

“Eu não sou a primeira nem vou ser a última. Tem muitos casos, e casos até piores, que todo mundo reclama. Toda vez que acontecer e não denunciar, eles vão continuar fazendo. Essa dor vou carregar para o resto da vida. Posso até ter outro filho. Homem ou mulher, não importa. Mas um filho nunca vai substituir o outro”, diz Midian.

Secretaria de Estado da Saúde alega que atendimento foi imediato


Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde disse que não procede a informação de que Midian Tecília de Mendonça ficou na unidade por seis horas sem atendimento. A nota afirma ainda que ela deu entrada na manhã da última segunda-feira (29), passou por classificação de risco imediatamente, logo em seguida foi internada na unidade e recebeu toda a assistência, de acordo com o quadro clínico apresentado. Logo no momento da internação, depois da avaliação médica, foi diagnosticada a hipótese de aborto, com “estágio gestacional prematuro”.

A Secretaria disse ainda que toda a assistência foi prestada, seguindo o protocolo indicado para este tipo de caso. O Hospital Santa Marcelina se solidariza com a família e está à disposição para todos os esclarecimentos.



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