sábado, 4 de julho de 2020

Recém-nascido morre após ser atendido em hospital na Bahia e família denuncia negligência

Criança foi levado para Hospital Regional de Eunápolis após ficar com corpo roxo, em casa, um dia depois de ter nascido. Atestado de óbito aponta broncoaspiração, pneumonia e insuficiência respiratória.



Lorenzo morreu um dia após ter alta médica — Foto: Reprodução/TV Santa Cruz
Após morte de recém nascido, família acusa hospital de negligência em
 Itabuna, sul da BA

Um casal que mora em Eunápolis, no extremo sul da Bahia, está desesperado após a morte do filho, que ocorreu no último domingo (28), dois dias após o nascimento da criança. Um dia após alta médica, o bebê começou a ficar com o corpo e foi levado para o Hospital Regional de Eunápolis, onde nasceu.


Segundo Scarlat Soares de Oliveira, o recém-nascido, que se chamava Lorenzo, foi atendido, primeiro, por um médica clínica, que indicou massagens. "Ela falou: 'mãezinha, isso é normal, todo recém-nascido passa por isso, é só fazer massagem no peito dele'", contou a mãe do bebê.

No entanto, o estado de saúde de Lorenzo era grave e ele precisou ser entubado, no mesmo dia em que chegou ao hospital, no sábado (27). O menino morreu na tarde seguinte. "Falaram que ele engoliu placenta e líquido amniótico. O que ele engoliu generalizou no corpo dele, ficou preso no pulmão e na barriga", contou a Scarlat.


Lorenzo morreu um dia após ter alta médica — Foto: Reprodução/TV Santa Cruz
Lorenzo morreu um dia após ter alta médica 

A mãe de Lorenzo contou que o parto foi normal, acompanhado por uma enfermeira obstétrica, na sexta-feira (26). A mulher reclamou que não tinha médico presente no momento do nascimento do filho.

"Quando ele [Lorenzo] saiu, ninguém mexeu nele para limpar, aspirar o nariz, nem a boquinha, só enrolaram ele e jogaram em cima de mim, sujo. Nenhuma médica olhou o Lorenzo, deixaram o Lorenzo sujo, em cima de mim", reclamou Scarlat.

De acordo com a família, o atestado de óbito de Lorenzo apresentou as causas da morte como broncoaspiração, pneumonia e insuficiência respiratória.

"Isso é negligência médica, mataram meu neto, levou meu neto embora, levaram o sonho da nossa vida embora, eu vim com tanta vontade de beijar e abraçar, e o hospital mata meu neto", disse a avó do menino, Maria da Penha Soares.

"Ele faleceu por não ter tido atenção médica, enfermeiro não é médico. Eu quero falar com eles para terem mais compaixão e amor pela profissão que dizem que tanto amam. A enfermeira tinha que ter chamado uma médica, estão perdendo vidas", disse a mãe do menino.

A direção do Hospital Regional de Eunápolis nega as denúncias e disse que o recém-nascido foi analisado por uma pediatra na hora do parto e por outro especialista no momento em que recebeu alta. Ainda segundo a unidade, os médicos relataram que o líquido que Lorenzo aspirou não foi resto de parto.

"Dentro do que a gente conhece na medicina é impossível ele apresentar sintomas 24 horas depois de ter aspirado. Alguns bebês têm dificuldades de deglutir leite materno, o leite pode ter ido para o pulmão ou ele pode ter aspirado vômito", disse a diretora administrativa do hospital, Valéria Carvalho.

Os pais de Lorenzo registraram um boletim de ocorrência na delegacia de Eunápolis, que investiga o caso.


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