Arlete de Souza Cunha, de 49 anos, estava internada na UTI desde 13 de junho e não tinha doenças pré-existentes, segundo uma amiga da família dela
Arlete estava internada no HGR desde o dia 13 de junho e morreu nesta sexta-feira (3) |
A falta do medicamento Midazolan, sedativo que induz o paciente ao coma enquanto respira com a ajuda de aparelhos, pode ter sido a causa da morte de Arlete de Souza Cunha, de 49 anos, na madrugada da sexta-feira (3). Isto é o que afirma uma amiga dos familiares à FolhaBV, sob a condição de anonimato.
A paciente estava internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Geral de Roraima (HGR) desde o dia 13 de junho, após sofrer o agravamento dos sintomas da Covid-19 em Rorainópolis, onde morava.
Arlete de Souza Cunha tinha 49 anos e morava em Rorainópolis |
Este medicamento, segundo ela, não dava os mesmos resultados que o Midazolam, mas provocava efeitos colaterais. “Danificou o fígado, os rins, ela não conseguia mais urinar”, denuncia a amiga.
Uma das alternativas apresentadas à família foi a compra com dinheiro próprio das ampolas, cerca de 200 solicitadas pelo médico. Eles ainda conseguiram encomendar uma caixa em Manaus, mas não era suficiente.
“Eu acredito que o Estado tem culpa por deixar faltar o medicamento nos hospitais, acredito que houve erro do médico, porque poderia ter falado antes que estava faltando esse remédio. Se tivessem corrido atrás antes, ela com certeza estaria viva, porque quando tomava esse medicamento, estava bem melhor. Quando acabou, eles começaram a aplicar outro e aí ela começou a ter reações”, diz a amiga da família.
A escassez do sedativo Midazolam foi denunciada pela FolhaBV no último dia 27. A informação havia partido de um profissional da saúde lotado na UTI do HGR. À época, o medicamento já estava em falta há pelo menos 10 dias.
OUTRO LADO – Em nota, a Coordenadoria Geral de Assistência Farmacêutica da Sesau informa que há escassez no mercado mundial da medicação empregada para sedação de pacientes, em razão da pandemia causada pelo Sars-Cov-2, que gerou uma demanda além excessiva.
Ressalta que tratativas estão sendo realizadas de forma conjunta pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasemes), Ministério da Saúde (MS) e Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), uma vez que se trata de um problema global. "Diante dessa realidade, esclarece que o MS realizará a compra centralizada desses itens, para atender à demanda de todas as Secretarias estaduais de Saúde".
A nota diz ainda que a Sesau já realizou o levantamento da necessidade, seguindo os critérios de população, número de leitos e definição dos medicamentos. Na quinta-feira, dia 2 de julho, finalizou a etapa de habilitação no Sistema de Compras do Governo Federal (ComprasNet).
"Os dados serão reunidos com as informações das demais Secretarias de Saúde e consolidados pelo CONASS, para posterior repasse ao MS, para realização do pregão eletrônico pelo governo federal. A expectativa é que a compra centralizada seja finalizada o mais breve possível, a fim de que o Ministério da Saúde repasse para os Estados os medicamentos", declarou.
A CGAF reitera que, para mais esclarecimentos, os pacientes podem entrar em contato com o setor de Farmácia na CGAF, pelo número 98406-1026. Sobre os óbitos causados pela COVID-19, o HGR (Hospital Geral de Roraima) informa que vários fatores são determinantes, pois o vírus origina problemas diversos nas pessoas contaminadas, entre os quais, insuficiência respiratória e lesão renal. Além disso, o quadro pode ser agravado se a pessoa for portadora de doenças crônicas.
"Ressalta que há na unidade uma comissão de Levantamento de Verificação de Óbito, que realiza análise dos casos, com base nos prontuários de atendimento médico, e está à disposição para fazer esclarecimentos aos familiares", finalizou a nota.
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