quinta-feira, 30 de julho de 2020

MP instaura procedimento para apurar denúncia de falta de médicos para tratar Covid-19 no Hospital de Americana

Promotor requisita informações da Secretaria de Saúde a respeito dos fatos; diretoria da unidade diz que 'vem apurando internamente as denúncias'.


Hospital Municipal de Americana

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) instaurou um procedimento para apurar as denúncias de falta de médicos e estrutura precária para tratamento de pacientes com Covid-19 no Hospital Municipal Waldemar Tebaldi, em Americana (SP). Uma técnica de enfermagem chegou a registrar um boletim de ocorrência por conta da ausência de médicos e enfermeiros no setor semi-intensivo e da demora na liberação de corpos.

De acordo com o MP, o promotor Clóvis Cardoso de Siqueira determinou a abertura do procedimento, e expediu ofício à Delegacia de Polícia da cidade requisitando cópia do boletim de ocorrência para identificar a autora da denúncia e para que ela possa prestar declarações à promotoria.

Paralelamente a isso, o promotor expediu ofício à Secretaria de Saúde de Americana requisitando informações sobre os problemas mencionados pelos profissionais e retratados em reportagem que foi ao ar no EPTV 1 de segunda-feira (20) - o vídeo com a reportagem foi anexado ao procedimento. [veja abaixo]

Em nota, a diretoria do Hospital Municipal (HM) informa que a instituição ainda não foi notificada formalmente pelo Ministério Público, "mas que já vem apurando internamente os apontamentos das denúncias."

"O HM ressalta que o atendimento aos pacientes acometidos de Covid-19 vem sendo realizado normalmente, e a contento, quer seja na ala destinada aos casos graves como no ambiente específico para os casos moderados", diz o texto.

O caso


De acordo com a denúncia, o plantão no último final de semana não tinha enfermeira e nem médico especialista para realizar os procedimentos necessários em uma unidade semi-intensiva. Ainda segundo a técnica de enfermagem, a solução do hospital foi tirar um médico do ambulatório e colocar para atender pacientes com Covid-19, o que é considerado um risco.

A mulher enviou um vídeo à EPTV, afiliada da TV Globo, para relatar o que acontece de errado no hospital. De acordo com a profissional, oito pacientes estavam entubados na unidade em estado crítico e ficaram sob responsabilidade de apenas três técnicos de enfermagem. Na sexta-feira (17), 23 dos 35 leitos estavam ocupados.

"Não adianta ter respirador, não adianta ter monitor, se não tem o fator humano que vai prestar os cuidados 24 horas por dia. Os médicos e enfermeiros daqui pedem socorro", disse a técnica.

O Sindicato dos Servidores Municipais confirmou as denúncias e informou que a falta de profissionais pode piorar o quadro dos pacientes que procuram o local, que é a única única alternativa publica para tratamento do novo coronavírus na cidade. De acordo com a entidade, o problema acontece há pelo menos duas semanas.

"O risco é muito grande contrair e transmitir a Covid. Em relação a retirada dos corpos, o procedimento não é para demorar. Porque quando o paciente vem a óbito, o médico é comunicado, se ele não estiver junto, aí ele atesta o óbito e a enfermagem já prepara o corpo para mandar ao necrotério. Esse trâmite tem de ser rápido", afirmou a diretora do sindicato, Isabel Santos.


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