segunda-feira, 23 de julho de 2018

Mãe denuncia violência em parto e morte de bebê no HGU

Divulgação
"Cheguei ao hospital pronta para dar a luz ao meu segundo filho, às 02h30min da manhã do dia 07 de julho, e viver o dia mais feliz da minha vida. Mas saí de lá com ele morto",  relata Luana Lacerda pinto, 21 anos, mãe de Pedro Henrique Lacerda Silva.


Luana conta que ao chegar ao Hospital Geral Universitário (HGU), foi encaminhada para um quarto de espera, onde ficou das 02:30 até as 15:20 horário do parto. O tempo todo informou a equipe que estava com muita dor e que não poderia ter a criança de parto normal, pois não tinha dilatação. Porém o médico insistiu que seria normal, e, mais uma vez, ela disse que não tinha condições de dar à luz.
 
“Passei a manhã toda com muita dor, por várias vezes chamei a equipe para informar que não tinha dilatação e somente no período da tarde quando eles viram que eu não estava mais aguentando e eles tentaram fazer o parto normal e perceberam que não tinha dilatação, colocaram aparelho para ouvir o coração do bebê e não ouviram os batimentos. Foi aí que eles perceberam que o meu útero tinha estourado e então resolveram fazer a cesariana de emergência e me levaram para a sala de cirurgia às pressas, daí não vi mais nada”, disse a mãe.
 
Luana ainda lembra-se dos momentos de dor que passou no hospital e relata que após ser levada para a sala de cirurgia, foi anestesiada e antes que a mesma fizesse efeito à equipe médica retirou o feto puxando com as mãos o que a fez sentir muita dor.
 
O pai da criança, Paulo da Silva, disse que por várias vezes tentou avisar que a esposa não tinha condições de ter um parto normal, devido a não ter dilatação e que foi ignorado, sendo informado de que a esposa iria ter a criança de parto normal.
 
Luana chegou ao hospital no dia 07, sendo liberada no dia 11 de julho e o bebê ficou na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal por aproximadamente 15 dias, porém morreu na sexta-feira (20). Familiares estão indignados e alegam que o bebê já nasceu morto. Que ao chegar ao hospital o pai da criança apresentou documento do pré natal, no qual indicava parto cesáreo.
 
Conforme o laudo médico a paciente não poderá entrar em trabalho de parto em futuras gestações devido a rotura uterina. 
 
Conforme algumas mães que preferiram não revelar seus nomes, esse tipo de atitude é muito comum em hospitais, tanto na rede pública como na privada, elas contam que, geralmente, as mulheres que reclamam mais de dor são censuradas e alvos de chacota com palavras como “na hora que fez não doeu”, “se continuar com frescura eu não vou te atender” e tantas outras. “Imagina uma gestante ouvindo esse tipo de frase na hora do parto, isso é mais comum do que se imagina”, relatou uma mulher.
 
Uma funcionária pública, que não quis revelar o nome por medo de represália, disse que também já foi vitima de violência obstétrica e que quando tomou conhecimento do caso da Luana resolveu se pronunciar, então procurou a família e ofereceu ajuda no sentido de colocar a público o ocorrido.
 
“Isso é um crime e não podemos aceitar que esse tipo de coisa continue acontecendo em nosso estado. Estamos em uma época em que temos o direito de falar, de denunciar. Me sensibilizei com essa mulher, pois também passei por uma situação bem parecida, hoje tenho uma filha que sofre com epilepsia e vejo tantas outras mulheres falarem sobre essas atitudes na hora do parto que resolvi levantar uma bandeira por essa causa aqui em Cuiabá e incentivar outras mulheres a também fiscalizarem em suas cidades. Temos que nos unir senão mais mulheres serão vitimas desse tipo de violência. Acredito que o governo deveria realizar um trabalho mais amplo e fiscalização contra esse tipo de ação, bem como também trabalhar a importância do planejamento familiar, com campanhas mais eficientes, a vida é preciosa para ser acabada dessa forma", relata.
 
Protesto
 
Os familiares da mãe de Pedro Henrique Lacerda Silva vão realizar nesta segunda-feira (23), às 16 hs, um protesto em frente ao Hospital Geral Universitário e seguir em passeata até a Praça Ipiranga. A manifestação é para cobrar dos governantes que investiguem os hospitais, melhorias na saúde, que apurem o caso que e principalmente a questão da violência obstétrica.
 
O protesto deverá sair da Praça até a frente do Hospital Geral Universitário, local onde aconteceu o ato.

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