segunda-feira, 23 de julho de 2018

MP apura suspeita de negligência médica na morte de jovem que sofreu parada cardíaca no Hospital Municipal de Jussara

Família alega que ele chegou ao hospital com dor no coração, vômito, falta de ar e diarreia, mas que os médicos não investigaram a dor no peito, dizendo que ele estava com uma crise de ansiedade.
  MP apura se houve negligência na morte de um mecânico em Jussara

O Ministério Público Estadual de Goiás (MP-GO), por meio da Promotoria de Jussara, na região noroeste do estado, está investigando a morte do mecânico Alex Rodrigues de Souza, de 27 anos. A família do jovem alega que ele chegou ao hospital municipal da cidade com dor no coração, vômito, falta de ar e diarreia, mas que os médicos não investigaram a dor torácica, alegando que ele estava com uma crise de ansiedade.

De acordo como o irmão de Alex, Márcio Araújo, o jovem foi levado ao posto de saúde e ao hospital com os mesmos sintomas por várias vezes, foi medicado e recebeu alta. “Eles [médicos] disseram: ‘Isso aí é dele, é uma dor de barriga, é ansiedade, é da cabeça dele’. Quinze dias ele falando isso. Como que um doutor se formou e fica nesta situação? Tem 15 dias e não o encaminhou.

“Eu falei ‘doutor, ele está reclamando de dor no coração. Ele está lá, é meu irmão, eu conheço. Na família, pai, avô e tios morreram com isso. Por que que não encaminhou para Goiânia?”, desabafou.

O G1 entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde de Jussara nesta segunda-feira (23), por telefone e email, e aguarda um posicionamento sobre o caso.

À TV Anhanguera, o secretário Gustavo Garcia, a diretora do hospital, Edna Souza e os médicos Alaor Oliveira Isaac e Valdeci José de Queiroz, que atenderam Alex, disseram que só vão se pronunciar quando o laudo da morte ficar pronto.

Alex morreu no sábado (21), no Hospital Municipal de Jussara. Segundo a esposa do jovem, Rafaela Aparecida Calassa, o marido precisou voltar para o hospital minutos depois de receber alta, e morreu pouco tempo depois. O relatório apresentado pelos médicos informou que ele foi vítima de uma parada cardiorrespiratória.

A mulher afirma que não estava satisfeita com o atendimento de um dos médicos, depois que ele havia liberado Alex sem apurar a dor no coração. Ela disse que tentou buscar ajuda com outro profissional, mas não conseguiu.

“Questão de meia hora tive que voltar com ele para o hospital, porque ele estava perdendo a visão. Apesar de eu não querer, porque era o mesmo médico, eu voltei. Encontrei um outro médico, doutor Valdecir, saindo do hospital. Eu cheguei a implorar para ele atender meu marido. Ele falou que não, que o doutor Alaor estava lá e que não tinha necessidade”.

“O que que eu vou fazer? O que que eu vou falar para minha filha? Cadê o meu marido para criar ela? Cadê o meu marido para dar amor? Não está mais aqui!”, disse emocionada.

O corpo de Alex foi velado na Câmara Municipal de Jussara, que estava lotada de parentes e amigos. O corpo foi enterrado no fim da tarde de domingo, no Cemitério Municipal da cidade.

“Vai ficar na boa lembrança: Alex trabalhador, um Alex que respeitava a família e trabalhava para o sustento. Rompeu essa jornada!”, destacou o irmão.

Em entrevista à TV Anhanguera, o médico cardiologista Frederico Nacruth comentou o caso. Ele afirma que, em casos como este, o procedimento correto seria fazer exames para descartar que o homem estivesse sofrendo qualquer tipo de problema cardíaco.

“Um paciente de 27 anos com sintomas arrastados ao longo de 15 anos e o médico falando que era estresse. Olha, você tem que afastar qualquer problema cardiovascular, problema estrutural do coração para ser considerado como estresse, tanto que o paciente veio a óbito”, disse.

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