Família alega que ele chegou ao hospital com dor no coração, vômito, falta de ar e diarreia, mas que os médicos não investigaram a dor no peito, dizendo que ele estava com uma crise de ansiedade.
O Ministério Público Estadual de Goiás (MP-GO), por meio da Promotoria de Jussara, na região noroeste do estado, está investigando a morte do mecânico Alex Rodrigues de Souza, de 27 anos. A família do jovem alega que ele chegou ao hospital municipal da cidade com dor no coração, vômito, falta de ar e diarreia, mas que os médicos não investigaram a dor torácica, alegando que ele estava com uma crise de ansiedade.
De acordo como o irmão de Alex, Márcio Araújo, o jovem foi levado ao posto de saúde e ao hospital com os mesmos sintomas por várias vezes, foi medicado e recebeu alta. “Eles [médicos] disseram: ‘Isso aí é dele, é uma dor de barriga, é ansiedade, é da cabeça dele’. Quinze dias ele falando isso. Como que um doutor se formou e fica nesta situação? Tem 15 dias e não o encaminhou.
“Eu falei ‘doutor, ele está reclamando de dor no coração. Ele está lá, é meu irmão, eu conheço. Na família, pai, avô e tios morreram com isso. Por que que não encaminhou para Goiânia?”, desabafou.
O G1 entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde de Jussara nesta segunda-feira (23), por telefone e email, e aguarda um posicionamento sobre o caso.
À TV Anhanguera, o secretário Gustavo Garcia, a diretora do hospital, Edna Souza e os médicos Alaor Oliveira Isaac e Valdeci José de Queiroz, que atenderam Alex, disseram que só vão se pronunciar quando o laudo da morte ficar pronto.
Alex morreu no sábado (21), no Hospital Municipal de Jussara. Segundo a esposa do jovem, Rafaela Aparecida Calassa, o marido precisou voltar para o hospital minutos depois de receber alta, e morreu pouco tempo depois. O relatório apresentado pelos médicos informou que ele foi vítima de uma parada cardiorrespiratória.
A mulher afirma que não estava satisfeita com o atendimento de um dos médicos, depois que ele havia liberado Alex sem apurar a dor no coração. Ela disse que tentou buscar ajuda com outro profissional, mas não conseguiu.
“Questão de meia hora tive que voltar com ele para o hospital, porque ele estava perdendo a visão. Apesar de eu não querer, porque era o mesmo médico, eu voltei. Encontrei um outro médico, doutor Valdecir, saindo do hospital. Eu cheguei a implorar para ele atender meu marido. Ele falou que não, que o doutor Alaor estava lá e que não tinha necessidade”.
“O que que eu vou fazer? O que que eu vou falar para minha filha? Cadê o meu marido para criar ela? Cadê o meu marido para dar amor? Não está mais aqui!”, disse emocionada.
O corpo de Alex foi velado na Câmara Municipal de Jussara, que estava lotada de parentes e amigos. O corpo foi enterrado no fim da tarde de domingo, no Cemitério Municipal da cidade.
“Vai ficar na boa lembrança: Alex trabalhador, um Alex que respeitava a família e trabalhava para o sustento. Rompeu essa jornada!”, destacou o irmão.
Em entrevista à TV Anhanguera, o médico cardiologista Frederico Nacruth comentou o caso. Ele afirma que, em casos como este, o procedimento correto seria fazer exames para descartar que o homem estivesse sofrendo qualquer tipo de problema cardíaco.
“Um paciente de 27 anos com sintomas arrastados ao longo de 15 anos e o médico falando que era estresse. Olha, você tem que afastar qualquer problema cardiovascular, problema estrutural do coração para ser considerado como estresse, tanto que o paciente veio a óbito”, disse.
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