sábado, 1 de dezembro de 2018

Direção e médicos do Hospital Federal de Bonsucesso trocam acusações sobre irregularidades em filas de cirurgias

PF e MPF investigam relatório apresentado pela direção do HFB. Médicos contestam e dizem que diretora é inexperiente e interessada em favorecer pacientes de Seropédica. Diretora nega acusação


A direção do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) acusa médicos de faltar aos plantões e favorecer pacientes fora da fila de cirurgias do Sistema Único de Saúde (SUS), como mostrou a reportagem exclusiva exibida pelo RJ2 nesta terça-feira (27). Os pacientes acabam ficando no meio da troca de acusações entre médicos e direção de hospital.

Em documento apresentado à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal, a direção da unidade de saúde relata "óbitos ocorridos sem a devida assistência médica". Foram anexadas à denúncia folhas de ponto, escalas do plantão médico com faltas abonadas.

Um inquérito foi aberto pela PF e o MPF para investigar o pagamento indevido de horas extras no Hospital Federal de Bonsucesso. Cerca de 30 médicos tiveram nomes citados e devem prestar depoimento à polícia.

A reportagem do RJ2 ouviu funcionários, que não quiseram se identificar por medo de represálias, e eles confirmam o levantamento. Um deles confirmou que a fila não é respeitada.

"A prioridade do atendimento deveria ser o paciente da emergência, mas o que a gente percebe, dentro do hospital, é que se utilizam o setor de emergência pra passagem desses pacientes que estão fora de fila", explicou.


Desde julho, reportagens exibidas pela TV Globo, mostram a falência do sistema de saúde pública na unidade de saúde.

A direção do hospital afirma que médicos internam pacientes segundo critérios próprios, em desrespeito à fila. Segundo a diretora, Luana Camargo da Silva, a maioria das cirurgias são registradas como emergenciais, sem passarem pela emergência.

Em uma das clínicas, por exemplo, o número de pacientes em espera é de 148. Ainda segundo a denúncia, "há milhares de prontuários na mesma situação ao longo dos anos".

Ela afirmou que enquanto pacientes ficam internados nos corredores, há dezenas de leitos disponíveis na unidade.



Médicos questionam e acusam direção


Os médicos do HFB denunciaram a direção do hospital por demissão em massa e suspeita de passar pacientes de Seropédica, na Baixada Fluminense, na frente de outros na fila de cirurgias.


A acusada pelos médicos pelas irregularidades é Luana, ex-coordenadora de farmácia da Prefeitura de Seropédica. Ela assumiu a direção do HFB em abril após reclamações de funcionários diante da contratação de mais profissionais, depois da inauguração da nova emergência da unidade.

Em uma lista, acessada com exclusividade pela TV Globo, constam 90 pessoas que foram operadas com antecedência no departamento de Cirurgia Geral do Hospital entre 2016 e 2017, sendo que nenhuma delas estava na lista de espera. Segundo o Ministério da Saúde, 36 pessoas da lista estavam registradas para fazer apenas uma consulta.

O Conselho Regional de Medicina apontou problemas na gestão, falta de medicamentos, material em estoque, fechamento de salas e leitos e péssimas condições de atendimento dois meses depois de Luana ter assumido o cargo no HFB.

Em outubro, a Defensoria Pública da União e o Ministério Público Federal fizeram uma vistoria no hospital e encontraram irregularidades. O inquérito ainda não foi encerrado.

A diretora do hospital Luana Camargo não quis gravar entrevista para a TV Globo, mas negou que tenha favorecido algum paciente e que vai apurar a veracidade dos documentos. Segundo ela, a denúncia foi enviada ao constatar indícios de irregularidades.

O médico Balthasar Fernandes, citado na reportagem, também não quis gravar entrevista. Ele disse que os médicos repudiam a denúncia da direção, segundo ele, nomeada por indicação política sem ter experiência nenhuma. O médico disse ainda que Luana Camargo passou a perseguir os profissionais que fizeram denúcias contra a direção da unidade.








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