sábado, 1 de dezembro de 2018

Mãe desabafa sobre morte do filho após negligência na Evangelina Rosa: “Sinto um vazio”

Segundo a mãe de 19 anos, não havia médico no plantão quando ela sentiu as dores do parto no filho. Além disso, ela teve que esperar por mais de 5h para ser atendida


Uma mãe usou as redes sociais nesta quinta-feira (22/11) para denunciar a negligência na maternidade Dona Evangelina Rosa que a levou a perder o bebê de 35 semanas que gerava. Na madrugada de 22 de setembro, Keylane Batista, de 19 anos, foi encaminhada ao hospital com fortes dores. O relato seguinte é de que ela não foi atendida pois não havia nenhum médico no plantão

“Não posso fazer nada por você, só posso lhe internar se você estiver com no mínimo 4 centímetros de dilatação. A médica de plantão só vai chegar às 7h. Aguente a dor até lá”, é o que escreve Keylane ao relembrar a perda do filho durante entrevista ao OitoMeia.

Segundo Keylane, na ausência do médico, a alternativa foi aguardar junto da equipe de plantão, duas acadêmicas, e realizar procedimentos padrões até que a profissional chegasse. “Quando fui fazer o ultrassom, ele me fez várias perguntas, ali eu já sabia que havia algo errado”, afirmou.  

No entanto, a dupla universitária garantiu à jovem mãe que haviam verificado os batimentos cardíacos da criança e que estava tudo bem. Segundo Keylane, ela tirou forças dessa informação para continuar na jornada pela espera da médica até a manhã do dia seguinte.

“Às 7h da manhã a médica chegou, mas eu ainda tive que esperar até às 8h30 para que fizessem algo em relação ao meu filho”, relatou. De acordo com a jovem, a médica solicitou um ultrassom para verificar o estado de saúde dela e do bebê, mas ela ainda teve que esperar cerca de 1h30, pois o profissional responsável pelo exame só estaria na Mder às 8h30 daquele dia.

“Após mais de cinco horas de espera, quando ele finalmente fez o exame, me disse que meu filho estava morto”, lamentou. Na certidão de óbito da criança disponibilizada ao OitoMeia pela mãe, consta que a causa morte do bebê de 35 semanas se de pelo deslocamento prematuro da placenta. “A placenta se deslocou e meu filho se afogou no líquido. Ele veio à óbito por causa da demora no atendimento”, denunciou.

Keylane revela que após receber a informação, em questão de 20 minutos foi levada para uma sala de cirurgia e atendida por uma equipe de médicos. “O médico me disse que agora era uma corrida contra o tempo, pois eu estava com hemorragia e poderia morrer também”, pontuou.

“O SENTIMENTO É UM VAZIO, MAS TAMBÉM É DE REVOLTA”, DIZ MÃE

De acordo com a jovem, ela foi chamada a ter uma conversa com o médico responsável. “Eu não fui, pois estava muito triste e não tive forças, mas minha mãe foi no meu lugar”, afirmou. Segundo a mulher, o que o profissional informou foi revoltante: o médico teria isentado o hospital de qualquer responsabilidade e culpado o organismo da jovem pela morte do bebê. “Ele passou a informação como se houvesse algo maligno no meu corpo e que isso havia matado a criança, mas não foi, ele morreu porque demoram para realizar meu atendimento”

“O sentimento é um vazio, sabe? Porque eu já com tudo preparado para ele, roupas, fraldas, um berço, banheira”, responde Keylane ao ser questionada pela reportagem. Ao longo dessa semana, a Evangelina Rosa foi pauta de discussão e chegou até mesmo a ser destaque nacional, mas é importante refletir que além dos dados dos divulgados e imagens veiculadas, há vidas que são prejudicadas pelas recorrentes inadequações e precarizações que a maternidade enfrenta há anos.

“O sentimento é de revolta também”, completa a mãe. Para Keylane, que foi separada de um pedaço do próprio futuro ,os questionamentos são diários. “Eu me pego pensando como uma maternidade com a Evangelina Rosa, que é responsável por atender os casos mais urgentes em Teresina não funciona devidamente por conta de detalhes básicos”, pontua.

Após sofrer a perda Keylane relatou que passou por diversos momentos de tristeza, assim como pelo sentimento de revolta e que decidiu falar após ver a repercussão que a mídia deu à intervenção na Evangelina Rosa. “Eu senti muito medo de falar, mas não pude mais ficar calada após ver as reportagem que foram divulgadas, porque sei que o meu caso não é um caso isolado, há outras mulheres que sofreram, mas não tem coragem de falar”, disse.

Após sofrer a perda Keylane relatou que passou por diversos momentos de tristeza, assim como pelo sentimento de revolta e que decidiu falar após ver a repercussão que a mídia deu à intervenção na Evangelina Rosa. “Eu senti muito medo de falar, mas não pude mais ficar calada após ver as reportagem que foram divulgadas, porque sei que o meu caso não é um caso isolado, há outras mulheres que sofreram, mas não tem coragem de falar”, disse.

VEJA O QUE A MÃE PUBLICOU NAS REDES SOCIAIS 


Nunca fui de tá falando sobre a morte do João Bernardo, mas desde ontem passa muita reportagem sobre a maternidade na qual eu sofri negligência médica e fez com que o meu neném vinhesse a óbito. Quem conheceu minha história sabe o que eu passei desde o início, minha gravidez foi super saudável e nunca tive nenhum problema de saúde, mas infelizmente na madrugada do dia 22/09/2018 às 02:30 da manhã comecei sentir dor e fui em duas maternidades antes de ser mandada para a Dona Evangelina Rosa (nas qual não havia vaga para ele, pois era apenas de 35 semanas), chegando na maternidade não havia médico de plantão, apenas duas acadêmicas que falaram: NÃO POSSO FAZER NADA POR VOCÊ, SÓ POSSO LHE INTERNAR SE VOCÊ ESTIVER COM NO MÍNIMO 4 CENTÍMETROS DE DILATAÇÃO. A MÉDICA DE PLANTÃO SÓ VAI CHEGAR AS 7HRS DA MANHÃ, AGUENTE A DOR ATÉ LÁ.

E todo dia me pego pensando, como uma maternidade com o poste da Evangelina Rosa que já atendeu tantas mulheres do Piauí e do Maranhão não tem um médico de plantão, não tem enfermeiro, não tem aparelhos bons para fazer um exame capaz de saber se o bebê tá vivo ou morto, não tem médico para fazer uma ultrassom para saber se a uma hemorragia interna na mulher (que foi meu caso) e entre outros.

E fico me perguntando para onde nosso dinheiro vai? Parabéns para você que reelegeu o governador @wellingtondiasoficial . E eu vou atrás dos meus direitos, não por dinheiro e nem pelo meu filho porque ele não volta mais, mais sim por uma explicação. É muito triste vê que a saúde do Piauí chegou nessa situação. Eu sinto muita pena da população que vai pagar, pela a ignorância dos outros em não saber votar vamos sofrer com esse governo por mais 4 anos. #LUTOPELOPIAUÍ 💔”

O QUE A EVANGELINA ROSA DIZ

A reportagem do OitoMeia entrou em contato com a Maternidade Dona Evangelina Rosa, que por meio da assessoria de comunicação informou que irá se pronunciar sobre o caso na próxima sexta-feira (22/11). Segundo a assessoria adiantou a reportagem, a Mdre conta com serviço de médico plantão em qualquer horário do dia.






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