Causa seria uma sobredosagem de morfina na anestesia para uma cirurgia na vesícula; Ministério Público já pediu estudo de 'mortes evitáveis' na instituição.
Polícia investiga possível caso de erro médico em paciente do Hospital Ouro Verde |
A Polícia Civil investiga um suposto erro médico no Hospital Ouro Verde, em Campinas (SP), após uma mulher morrer depois de uma cirurgia na vesícula. De acordo um laudo apresentado à família, o problema pode ter sido o excesso de morfina na anestesia para a realização do procedimento. O hospital informou que também vai apurar o caso e, com base no laudo, tomar as medidas "administrativas, éticas e legais" cabíveis.
Rosa D’Arc Leal Bernardes, de 63 anos, foi internada na segunda-feira passada (25) no hospital e morreu no sábado (30). Segundo a família, quando a paciente chegou ao hospital, ela estava bem. Os médicos disseram para os acompanhantes que a cirurgia de retirada das pedras na vesícula ocorreu normalmente e que a complicação teria começado na recuperação da anestesia.
“Do coma induzido, ela teve uma parada cardiorrespiratória, o coração parou por 10 minutos. Isso são os relatos que o médico passou pra gente. E ela teve uma parada, o coração parou. E eles conseguiram reanimar ela, o coração voltou a bater, porém o cérebro já tinha dado falta de oxigênio”, conta Adriano Bernardes, filho de Rosa.
Mulher morreu no Hospital Ouro Verde após cirurgia na vesícula (Foto: Reprodução/EPTV) |
O laudo médico fornecido pelo próprio Hospital Ouro Verde diz que a paciente teve uma sobredosagem de morfina. O relatório descreve ainda que além da anestesia geral, foi realizada a raquianestesia, que é voltada para a parte inferior do corpo. O documento aponta ainda como causa provável da morte uma intoxicação.
“Ele [médico] falou para mim que foi o equivalente a 50 vezes mais a dosagem normal para uma cirurgia daquelas”, afirma um sobrinho da vítima, Flávio Bernardes.
Laudo apontou "intoxicação" como possível causa da morte (Foto: Reprodução/EPTV) |
Um boletim de ocorrência foi registrado para instaurar o processo investigativo de um possível erro médico. No velório, a família ainda buscava forças pra absorver a noticia da morte.
“Porque não é possível uma senhora de 63 anos passar por tudo que ela passou. Estava saudável, o único problema dela era esse sintomas que ela sentia, que era [de] pedra na vesícula”, diz Adriano.
“Podia [ser evitado]. Eu acredito que sim. Sinceramente acredito muito que essa morte poderia ter sido evitada. Eu espero justiça, porque interromperam a vida dela. Interromperam”, lamenta o marido da vítima, Francisco Ribeiro Bernardes.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, o caso foi encaminhado ao 9º Distrito Policial (DP), que investiga o caso. Segundo a pasta, funcionários do Hospital Ouro Verde foram ouvidos e o delegado aguardo o laudo da perícia.
Polícia investiga suposto erro médico no Hospital Ouro Verde (Foto: Carlos Bassan / PMC) |
MP pediu investigação de "mortes evitáveis"
No início de abril deste ano, o Ministério Público pediu ao Conselho Regional de Medicina (Cremesp) um estudo de "mortes evitáveis" Hospital Ouro Verde. O pedido engloba o período desde o período em que a gestão era feita pela Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), entre 2008 e 2016. O Cremesp atendeu ao pedido e prepara laudos sobre os casos.
A solicitação refere-se aos óbitos de pacientes que seriam decorrentes da ausência de estrutura adequada, incluindo pessoal e material. Ela foi feita após vir à tona apuração do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) sobre suposto desvio de R$ 4,5 milhões por grupo ligado à Organização Social Vitale - à frente do Ouro Verde entre maio de 2016 e novembro de 2017. Dez pessoas foram denunciadas e presas durante as investigações.
Além disso, um relatório da autarquia enviado para promotora de Justiça Cristiane Hillal indica que, mesmo após intervenção da Prefeitura, há sobrecarga de trabalho e falta de itens na unidade. Em maio deste ano, médicos e enfermeiros do Ouro Verde aceitaram proposta do Ministério Público do Trabalho para acerto de rescisões. A gestão é feita pelo município desde dezembro de 2017.
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