Atendida em um dos hospitais
particulares mais reconhecidos da cidade de São Paulo, Carina Palatnik, gestora
da área da saúde, reclamava de dores abdominais, vômito e diarreia. Foi levada
às pressas para uma cirurgia, feita contra a sua vontade. A partir daí, viu sua
vida mudar radicalmente. Ao perceber que havia sido vítima de um erro médico,
lutou por seus direitos e conseguiu que o centro médico rescindisse o contrato
com o profissional, além de afastá-lo de todos os conselhos dos quais fazia
parte naquela época, há dois anos.
Mas o corpo nunca mais voltou a
ser o mesmo: "Tinha uma saúde ótima e hoje sofro com várias sequelas,
problemas intestinais, alergias e intolerâncias alimentares, além de doenças
articulares e autoimunes". A seguir, ela conta sua história.
"Tinha comido em um japonês
no dia anterior e fui vítima de uma gastroenterite bem séria. Procurei o
hospital por volta das 18h, com febre, diarreia e vômito. Fiz todos os exames
possíveis e já havia sido medicada quando apareceu um médico e disse que eu
precisaria retirar a vesícula, em uma cirurgia de emergência. Já passava das 4h
da manhã e eu tentei convencer meu marido de que aquilo era uma loucura, que
era melhor irmos para casa. Afinal, eu não sou médica, mas trabalho há muitos
anos com gestão da saúde, então, tinha uma noção de que aquilo não fazia muito
sentido.
Além disso, já tinha conhecido
médicos bandidos, que tiram órgãos mesmo, fazem implante que não precisa, só
para ganhar dinheiro. Mas esse médico agiu de muita má-fé e, ao perceber a
minha reação, chamou meu marido e minha mãe para conversar a sós e disse que,
se eu não operasse, eu morreria. Evidentemente que eles ficaram desesperados e,
então, meu marido assinou a autorização como responsável pela intervenção.
Fui para o centro cirúrgico aos
berros. Fiz a operação na mesma hora e, claro, fiquei com muitas sequelas.
Afinal, eu estava com uma infecção intestinal, não podiam jamais ter aberto o
meu corpo naquelas condições. Tive uma septicemia, uma espécie de infecção
generalizada, fiquei 15 dias internada, fui para a UTI, tomei vários
antibióticos diferentes para tentar controlar o quadro, pois não parava de
evacuar sangue. Depois, foram vários anti-inflamatório. Por mais de um ano
seguido eu recebi uma série de remédios que só tratavam os meus sintomas, sem
conseguir me recuperar totalmente. Hoje, sofro de uma doença rara e que os
médicos dizem que não tem cura, chamada Síndrome do Intestino Permeável.
Depois da cirurgia, tive angina
de esôfago por três vezes, além de uma candidíase de intestino, esôfago e boca.
Tenho alergia a praticamente tudo, glúten, derivados do leite, não posso beber
álcool, café, refrigerante, nem comer frituras, açúcares ou adoçantes, comidas
temperadas. Ou seja, tenho uma dieta muito, muito restrita. Vou a restaurantes
e festas e sempre janto antes, para ter uma ideia da dificuldade que tenho para
me alimentar. E, antes, para ter uma ideia da dificuldade que tenho para me
alimentar. E, antes, levava uma vida normal em relação a isso, sem problema
algum.
Também comecei a apresentar
problemas nas articulações, além de doenças autoimunes, provavelmente por conta
do excesso de medicamentos que ingeri. Estou em tratamento e, agora, estou
fazendo uma terapia holística, com produtos naturais, homeopatias, algo que
trate as causas e não mais os sintomas das minhas complicações.
Em paralelo, está correndo o
processo contra o médico que foi o responsável por tudo isso, uma ação
criminal. Por ter conhecimento da área médica, a primeira coisa que eu fiz,
após sair da cirurgia, foi pedir para ficar com o meu órgão, pois é um direito
do paciente. Mandei para dois laboratórios diferentes fazerem a anatomopatologia
e, realmente, não encontraram nada, nenhum indício de que precisava retirar.
Essa evidência já foi o
suficiente para o hospital rescindir o contrato com o médico imediatamente e
afastá-lo de todos os conselhos dos quais fazia parte naquela época, há cerca
de dois anos. Por conta da minha intervenção –fiz várias reuniões com a alta
cúpula do hospital para discutir o meu caso-, eles mudaram até o procedimento
padrão e passaram a não mais aceitar a assinatura de familiares dos pacientes
para a realização de nenhum procedimento, sem o consentimento formal do doente,
caso esteja consciente.
Mas ainda não atingi o meu
principal objetivo: quero que esse médico nunca mais exerça a medicina e que
não prejudique outras pessoas como prejudicou a mim e a outras mulheres que
conheço e que me deram seus relatos e, se necessário, serão minhas testemunhas
no processo.
Também mantenho um blog e um
canal no Youtube, ambos com o meu nome. Lá, ajudo outras pessoas que passaram
pelas mesmas situações que eu, de erros médicos, e dou dicas para quem tem sequelas
como as que eu tive. Hoje, eu defendo que as pessoas precisam se informar muito
bem antes de autorizar qualquer tipo de cirurgia e, além disso, denunciar quando
ocorre qualquer erro. É um direito delas."
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