terça-feira, 3 de julho de 2018

"Tinha a saúde ótima, mas fui vítima de erro médico e sofro com sequelas"



Atendida em um dos hospitais particulares mais reconhecidos da cidade de São Paulo, Carina Palatnik, gestora da área da saúde, reclamava de dores abdominais, vômito e diarreia. Foi levada às pressas para uma cirurgia, feita contra a sua vontade. A partir daí, viu sua vida mudar radicalmente. Ao perceber que havia sido vítima de um erro médico, lutou por seus direitos e conseguiu que o centro médico rescindisse o contrato com o profissional, além de afastá-lo de todos os conselhos dos quais fazia parte naquela época, há dois anos.

Mas o corpo nunca mais voltou a ser o mesmo: "Tinha uma saúde ótima e hoje sofro com várias sequelas, problemas intestinais, alergias e intolerâncias alimentares, além de doenças articulares e autoimunes". A seguir, ela conta sua história.


"Tinha comido em um japonês no dia anterior e fui vítima de uma gastroenterite bem séria. Procurei o hospital por volta das 18h, com febre, diarreia e vômito. Fiz todos os exames possíveis e já havia sido medicada quando apareceu um médico e disse que eu precisaria retirar a vesícula, em uma cirurgia de emergência. Já passava das 4h da manhã e eu tentei convencer meu marido de que aquilo era uma loucura, que era melhor irmos para casa. Afinal, eu não sou médica, mas trabalho há muitos anos com gestão da saúde, então, tinha uma noção de que aquilo não fazia muito sentido.


Além disso, já tinha conhecido médicos bandidos, que tiram órgãos mesmo, fazem implante que não precisa, só para ganhar dinheiro. Mas esse médico agiu de muita má-fé e, ao perceber a minha reação, chamou meu marido e minha mãe para conversar a sós e disse que, se eu não operasse, eu morreria. Evidentemente que eles ficaram desesperados e, então, meu marido assinou a autorização como responsável pela intervenção.

Fui para o centro cirúrgico aos berros. Fiz a operação na mesma hora e, claro, fiquei com muitas sequelas. Afinal, eu estava com uma infecção intestinal, não podiam jamais ter aberto o meu corpo naquelas condições. Tive uma septicemia, uma espécie de infecção generalizada, fiquei 15 dias internada, fui para a UTI, tomei vários antibióticos diferentes para tentar controlar o quadro, pois não parava de evacuar sangue. Depois, foram vários anti-inflamatório. Por mais de um ano seguido eu recebi uma série de remédios que só tratavam os meus sintomas, sem conseguir me recuperar totalmente. Hoje, sofro de uma doença rara e que os médicos dizem que não tem cura, chamada Síndrome do Intestino Permeável.

Depois da cirurgia, tive angina de esôfago por três vezes, além de uma candidíase de intestino, esôfago e boca. Tenho alergia a praticamente tudo, glúten, derivados do leite, não posso beber álcool, café, refrigerante, nem comer frituras, açúcares ou adoçantes, comidas temperadas. Ou seja, tenho uma dieta muito, muito restrita. Vou a restaurantes e festas e sempre janto antes, para ter uma ideia da dificuldade que tenho para me alimentar. E, antes, para ter uma ideia da dificuldade que tenho para me alimentar. E, antes, levava uma vida normal em relação a isso, sem problema algum.

Também comecei a apresentar problemas nas articulações, além de doenças autoimunes, provavelmente por conta do excesso de medicamentos que ingeri. Estou em tratamento e, agora, estou fazendo uma terapia holística, com produtos naturais, homeopatias, algo que trate as causas e não mais os sintomas das minhas complicações.

Em paralelo, está correndo o processo contra o médico que foi o responsável por tudo isso, uma ação criminal. Por ter conhecimento da área médica, a primeira coisa que eu fiz, após sair da cirurgia, foi pedir para ficar com o meu órgão, pois é um direito do paciente. Mandei para dois laboratórios diferentes fazerem a anatomopatologia e, realmente, não encontraram nada, nenhum indício de que precisava retirar.

Essa evidência já foi o suficiente para o hospital rescindir o contrato com o médico imediatamente e afastá-lo de todos os conselhos dos quais fazia parte naquela época, há cerca de dois anos. Por conta da minha intervenção –fiz várias reuniões com a alta cúpula do hospital para discutir o meu caso-, eles mudaram até o procedimento padrão e passaram a não mais aceitar a assinatura de familiares dos pacientes para a realização de nenhum procedimento, sem o consentimento formal do doente, caso esteja consciente.

Mas ainda não atingi o meu principal objetivo: quero que esse médico nunca mais exerça a medicina e que não prejudique outras pessoas como prejudicou a mim e a outras mulheres que conheço e que me deram seus relatos e, se necessário, serão minhas testemunhas no processo.

Também mantenho um blog e um canal no Youtube, ambos com o meu nome. Lá, ajudo outras pessoas que passaram pelas mesmas situações que eu, de erros médicos, e dou dicas para quem tem sequelas como as que eu tive. Hoje, eu defendo que as pessoas precisam se informar muito bem antes de autorizar qualquer tipo de cirurgia e, além disso, denunciar quando ocorre qualquer erro. É um direito delas."



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