quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Caso Samu: médica suspeita de negligência continua em serviço

A médica do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), suspeita de negligência após recusar o envio de uma viatura para o atendimento de um idoso de 80 anos, que morreu por falta de socorro em Espírito Santo do Pinhal, permanece trabalhando até a conclusão do processo administrativo que apura a responsabilidade da profissional.
Segundo Amarildo Duzi Moraes, presidente do Conderg (Consórcio de Desenvolvimento da Região de Governo de São João da Boa Vista), que administra o Samu, e também prefeito de Vargem Grande do Sul, a médica “continua trabalhando, pois o processo vai determinar a responsabilidade”.
À reportagem do O MUNICIPIO, Moraes afirmou que o procedimento administrativo foi aberto em 8 de janeiro e tem 30 dias para conclusão, mais precisamente em 6 de fevereiro. Enquanto isso, a profissional desempenha suas atividades normalmente, sem afastamento.
Em 16 de janeiro, durante reunião realizada na Câmara Municipal de Pinhal entre Comissão de Saúde do município, representantes do Samu e do Conderg, o presidente do consórcio afirmou que “o processo pode terminar com pedido de arquivamento, advertência ou até de demissão por justa causa”.
Conderg: Amarildo Moraes aguarda conclusão do processo que apura a responsabilidade

MORTE
No dia 7 de janeiro, por volta das 12h, o aposentado sanjoanense Geraldo Vicente passou mal enquanto estava acompanhado da esposa, dona Maria José de Jesus Vicente, também idosa. Há cerca de 10 anos o casal residia em uma casa, à rua Mariana Name Jacobe, no Jardim Monte Alegre, em Pinhal.

Quando o vizinho Leonardo Orte soube que ele não sentia-se bem, mesmo do trabalho, resolveu ajudar e ligou para o Samu pedindo ajuda. “Ela (dona Maria) estava desesperada, porque já tinha ligado por diversas vezes e em todas negaram”, disse.
De acordo com o apurado na ocasião, a viatura já havia sido chamada, mas o motorista estava em horário de almoço e o paciente teve que esperar.
Com a recusa do Samu em atender a vítima, foi preciso esperar uma ambulância do Hospital Municipal Francisco Rosas, que chegou uma hora depois da primeira ligação feita ao Samu.
Após o veículo municipal chegar, o aposentado até foi socorrido e levado ao PAM (Pronto Atendimento Municipal) Dr. Ciro Carlos Corsi, em Pinhal, mas devido à espera de cerca de uma hora sem atendimento, Geraldo Vicente foi a óbito às 13h25 daquela segunda-feira (7). No laudo médico, a causa apontada para a morte foi choque séptico (falência múltipla dos órgãos) e insuficiência do trato urinário.
Segundo apurado, a vítima pouco levantava da cama, tinha pressão arterial alta, sofria com problemas cardíacos e estava com a saúde debilitada.
REPERCUSSÃO
O assunto ganhou força rapidamente na região e pelo País depois que o aposentado Geraldo Vicente teve o atendimento.

No programa Brasil Urgente, da TV Bandeirantes e apresentado por José Luiz Datena, a morte do aposentado em consequência de uma suposta omissão de socorro, ganhou repercussão nacional. Isso porque, após tentativas frustradas por uma viatura do Samu, o vizinho da vítima, Leonardo Orte, ligou para o Samu para reforçar o apelo mas, na ocasião, a médica do serviço atendeu, conversou com o rapaz e negou enviar um veículo à residência do idoso. Em um dos trechos da conversa (veja abaixo completo abaixo), ao ser questionada por Orte se negaria o transporte, a médica chegou a afirmar: “(…) mas o Samu não é transporte, o Samu não é táxi.”

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