domingo, 27 de janeiro de 2019

Médico mantém denúncia contra prefeita de Quatiguá

Administração aumentou em 160% valores de repasses para empresa que administra hospital municipal


Prefeita Adelita Parmezan, alvo de polêmica desde que terceirizou hospital

Reagindo às declarações que a prefeita de Quatiguá, Adelita Parmezan de Moraes deu à Tribuna do Vale em reportagem publicada na edição de terça-feira (22), o médico Carlos Roberto Biacchi entrou em contato com a redação e reafirmou que a gestora municipal, a partir de novembro de 2017, quando terceirizou os serviços hospitalares, fechou as portas do Hospital Municipal aos médicos que atuam no município, impedindo-os de internar seus pacientes no estabelecimento.

“Falo em meu nome. Os outros dois médicos nem tentaram internar seus pacientes a partir da terceirização. No meu caso fui impedido de encaminhar os pacientes, seja pelo SUS (Sistema Único de Saúde), seja em atendimento gratuito, ou mesmo com a família do doente se propondo a pagar pelo internamento. A prefeita fechou as portas do hospital para nós, médicos da cidade”, reafirma.

Biacchi assinalou ainda que ao encaminhar os pacientes pelo SUS, o médico plantonista da empresa CIS – Centro Integrado em Saúde, de Santa Mariana, condicionaram o internamento se o doente fosse novamente consultado por ele, esclarecendo tratar-se de uma exigência do Município. “Isso afronta a ética médica e demonstra um desrespeito ao profissional da cidade”, denuncia.

Incoerência
Sobre a referencia que a prefeita faz ao colapso financeiro do Hospital Municipal, Carlos Biacchi diz que a prefeita mais uma vez mostra sua incoerência ao tratar da questão. Ele conta que a instituição passou por sérias dificuldades financeiras num momento em que recebia R$ 80 mil (hoje são R$ 212 mil mensais da prefeitura), tendo na época 34 funcionários (hoje são 20), além da responsabilidade por partos e cirurgias.

“Hoje o Hospital se transformou apenas num pronto socorro com ala de internamento. Cirurgias e partos são realizados fora da cidade. Para transformar o hospital nisso que está aí, o município gasta 160% mais. Antes fazia tudo, com R$ 80 mil. Agora a prefeitura retira dos cofres públicos R$ 212 mil, sem contar que o hospital deve receber mais uns R$20 mil do SUS”, esclarece.

Carlos Biacchi volta a insistir que os R$ 212 mil saem dos cofres da prefeitura e não do SUS como tenta induzir a prefeita. Segundo ele, a inexperiência, ou ineficiência da administração impede a população de optar pelo atendimento pago.

Entenda a polêmica

A partir de novembro de 2017, prefeita Adelita Parmezan de Moraes (PTB) transferiu a gestão do hospital através de chamamento público, tendo sido escolhida a empresa CIS – Centro Integrado em Saúde, com sede na cidade de Santa Mariana. Os três médicos da cidade e que atendiam na instituição, foram exonerados com a promessa de reaproveitamento na nova estrutura, mas desde então, as portas do hospital se fecharam para eles.

O médico Carlos Biacchi diz tentou uma saída honrosa e foi falar com o novo gestor do hospital, o também médico Glauber Garbim Vieira da Silva, que lhe informou que somente a prefeita Adelita Parmezan poderia autorizar o profissional e os outros dois médicos, a pediatra Kelly Zanin e o cirurgião Delcino Tavares a internarem seus pacientes na unidade de saúde.

Ele explica que manteve contato com a prefeita por telefone, que marcou uma reunião, em seu gabinete na prefeitura, mas no dia marcado, a audiência foi cancelada e até hoje não conseguiu falar com ela.

A partir de então Biacchi diz que passou a internar seus pacientes no hospital de Joaquim Távora. O cirurgião Delcino Tavares e a pediatra

Custos

A prefeitura de Quatiguá renovou o contrato com a CIS no final do ano passado através de novo Chamamento Público 04/2018, por um prazo de 12 meses ao custo anual de R$ 2.547.152. Mensalmente o município está pagando à empresa o montante de R$ 212.271, para gestão do hospital, do Pronto Socorro, e as especialidades de radiologia, oftalmologia, ortopedia, urologia, pediatria e ginecologia.


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