domingo, 27 de janeiro de 2019

Família cita negligência em atendimento a menina morta com suspeita de dengue em Franca, SP

Pai diz que médico não pediu exames durante consulta na UPA em São Joaquim da Barra (SP). Chefe de Vigilância em Saúde diz que procedimento adotado pela equipe será investigado.


Família da menina morta com suspeita de dengue hemorrágica denuncia negligência em UPA

Familiares da menina Gabrielly Cristina Rissato, de 9 anos, que morreu com suspeita de dengue hemorrágica, afirmam que a equipe médica da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de São Joaquim da Barra (SP) foi negligente ao deixar de solicitar exames para confirmar a doença.

Gabrielly foi atendida na UPA na última sexta-feira (18), reclamando de dor no corpo, com febre e desidratação. Pai da garota, Jonatan Nilson Rissato conta que a filha recebeu soro e foi liberada. O médico receitou paracetamol, caso a febre aumentasse.

Ainda segundo Rissato, o profissional também solicitou exame de urina, que foi agendado para esta segunda-feira (21). Entretanto, a menina sentiu-se mal no domingo (20) e foi levada pelos pais à Santa Casa, onde foi internada depois que o quadro clínico piorou.

“Ela estava reclamando de muita dor no peito. Eu e minha esposa nos apavoramos, levamos ao hospital. Ela já chegou desfalecendo. Podiam ter feito um exame de sangue na hora, um exame de urina. Mas, deixaram para fazer hoje, não deu tempo”, contou.

Gabrielly Cristina Rissato, de 9 anos, morreu com suspeita de dengue hemorrágica

Gabrielly foi transferida à Santa Casa de Franca (SP) na madrugada desta segunda-feira e sofreu uma parada cardiorrespiratória. Ela foi internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas acabou morrendo às 3h.

Avô da menina, Adão Nilson Rissato diz que também foi atendido na UPA em São Joaquim da Barra com suspeita de dengue e não realizou nenhum tipo de exame. Assim como a neta, foi medicado com soro e recebeu a indicação de paracetamol, caso a febre aumentasse.

“Como meu filho não tem experiência, também não procurou mais, foi dando aquele remédio, confiando na medicina de São Joaquim da Barra, que falam que é boa. Se eles tivessem feito exame exatamente no dia em que foram, não teria acontecido isso”, lamentou.

O corpo de Gabrielly Cristina Rissato, de 9 anos, foi velado em São Joaquim da Barra, SP

Investigação


O corpo de Gabrielly foi levado ao Serviço de Verificação de Óbito (SVO) para necropsia, que deve apontar a causa da morte. O chefe de Vigilância em Saúde de São Joaquim da Barra, Marcos Guedes, disse que é preciso aguardar o laudo do exame para comentar o caso.

“A gente só fala institucionalmente quando órgãos responsáveis nos mandam os laudos. Então, estamos aguardando, já ligamos para que o SVO nos mande, para que a gente tenha uma certeza do caso”, afirmou.

Guedes defendeu que a equipe médica da rede pública do município é treinada constantemente para respeitar os protocolos de atendimento, principalmente em caso de suspeita de dengue. O atendimento prestado à Gabrielly será investigado.

“Certamente, há que se verificar, porque, talvez naquele atendimento, o médico pode ter entendido que não seria um caso de dengue. Então, a gente não pode falar por outro setor. Mas, em casos específicos de dengue, há um protocolo a ser seguido”, disse.

O chefe de Vigilância em Saúde de São Joaquim da Barra, Marcos Guedes

Em 21 dias, São Joaquim da Barra já confirmou 36 casos de dengue. Outros 113 pacientes com suspeita da doença aguardam pelos resultados dos exames. Guedes confirmou que um paciente está internado com suspeita de dengue hemorrágica.

O chefe da Vigilância em Saúde afirmou que os agentes de vetores estão trabalhando em horário estendido, de segunda a sexta-feira, para visitar todas as casas do município, em busca de possíveis criadouros do mosquito da dengue.

“A gente intensificou isso com horas extras e no dia 10 de dezembro iniciamos um arrastão semanal, de segunda a sexta. Há duas semanas, também estamos fazendo arrastões aos sábados, incrementamos a equipe. Hoje, estamos com aproximadamente 60 pessoas”, disse.



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