Família diz que paciente sofreu perfuração no reto durante lavagem intestinal na Beneficência Portuguesa. Atestado de óbito aponta morte por infecção generalizada e peritonite, diz polícia.
Idoso de 84 anos morre após suspeita de erro médico em Ribeirão Preto |
A Polícia Civil investiga a suspeita de erro no atedimento prestado a um idoso, de 84 anos, que morreu após uma lavagem intestinal no Hospital Beneficência Portuguesa em Ribeirão Preto (SP). A família registrou um boletim de ocorrência sobre o caso nesta quarta-feira (23).
Segundo o registro, consta no atestado de óbito que a vítima morreu em decorrência de perfuração no reto, choque séptico, que é infecção generalizada, e peritonite - infecção da membrana que envolve os órgãos no abdômen.
Procurada pelo G1, a diretoria do Hospital Beneficência Portuguesa disse que está averiguando os fatos internamente.
Em depoimento, a filha da vítima contou que o idoso sofria de ressecamento intestinal e, inclusive, possuía bolsa de colostomia há cerca de seis meses.
Em 14 de janeiro, o aposentado deu entrada no Hospital Beneficência Portuguesa, onde três médicos da equipe que o acompanhava disseram que ele estava com o intestino "entupido" e passaria por uma lavagem.
O idoso foi submetido a um Raio-X e informado que seria liberado, após a lavagem ser realizada. Entretanto, ele foi internado e o procedimento realizado somente no dia seguinte. A filha disse à polícia que foi proibida de acompanhar o pai.
Ainda segundo a mulher, o idoso passou a noite de 15 de janeiro gritando de dor. Dois dias depois, o médico pediu que fosse realizado um ultrassom e determinou que o paciente bebesse bastante água. Mas, o exame não foi realizado porque não havia líquido suficiente na bexiga.
Uma testemunha que acompanhava o idoso confirmou que ele havia ingerido muita água. O profissional responsável pelo ultrassom "disse que poderia estar com insuficiência renal" e mandou que o paciente bebesse mais água.
Hospital Beneficência Portuguesa em Ribeirão Preto |
O idoso voltou para o quarto, ingeriu mais água e depois retornou à sala de ultrassom. Nesse momento, ao se levantar de uma cadeira, expeliu muito líquido com mal cheiro e, novamente, o exame foi suspenso pela equipe.
Por fim, o ultrassom foi realizado horas depois e o resultado entregue à testemunha que acompanhava o idoso, para que fosse repassado à equipe de enfermagem. Consta no boletim de ocorrência que o quadro clínico do paciente piorou.
"Já no quarto, o paciente passou a gritar de dor, onde o mesmo foi medicado com dipirona e passou a suar em demasia e foi trocado por duas vezes, com uma sonda foi retirado o líquido do paciente", diz o registro da Polícia Civil.
Durante a madrugada da última sexta-feira (18), percebendo que o idoso não respondia ao ser chamado, a equipe decidiu levá-lo ao Pronto Atendimento do hospital, uma vez que não havia vaga na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
O aposentado foi entubado e, ainda na sexta-feira, quando familiares o visitavam, um médico informou que um exame de tomografia constatou perfuração e que seria necessária uma cirurgia. A vítima não resistiu ao procedimento e morreu às 16h40.
O caso está sendo investigado como homicídio culposo pelo 1º Distrito Policial.
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