Mãe diz que deu entrada na unidade, em Petrópolis, para fazer uma cesárea e se surpreendeu com decisão de médica de induzir o parto normal. Hospital informa que vai apurar se houve negligência.
ara estava com 38 semanas e diz que a gravidez do primeiro filho foi planejada (Foto: Arquivo Pessoal/ Sara Freitas) |
A Polícia Civil pediu a exumação do corpo de
um bebê que nasceu morto após a mãe esperar mais de 50 horas pelo parto no
Hospital Alcides Carneiro (HAC), em Petrópolis, na Região Serrana do Rio.
De acordo com o delegado, Claudio
Batista Teixeira, o caso é investigado e o pedido de exumação já foi feito para
a 2ª Vara Criminal de Petrópolis. O HAC diz que vai fazer uma apuração técnica
rigorosa do ocorrido.
Sara Freitas, de 26 anos, conta
que deu entrada na unidade de saúde às 10h33 de terça-feira (19) para fazer uma
cesárea e se surpreendeu com a decisão da médica de induzir o parto normal.
Na madrugada de quinta-feira (21)
a bolsa de Sara estourou. Mas ela diz que só foi levada para a sala de cirurgia
às 14h30. Segundo a mãe, a criança precisou ser retirada com ajuda do fórceps e
já nasceu morta. Sara falou com exclusividade ao G1:
O G1 tenta identificar o
responsável pelo parto para que ele possa se manifestar. Apesar do nome do
profissional não ter sido informado pelos envolvidos nesta reportagem, a
Prefeitura, responsável pela unidade, diz que vai apurar o caso.
"A direção do Hospital
Alcides Carneiro (HAC) abriu uma sindicância para uma apuração técnica rigorosa
do ocorrido. Se constatada negligência médica, o responsável será punido pela
unidade e pelos órgãos competentes. A Direção vai realizar, ainda nesta
quarta-feira (27.06), contato com a família para reforçar o apoio já prestado
pela unidade e informar sobre as medidas adotadas para a apuração do caso.
Tanto a Direção Técnica do HAC
quanto a Coordenação de Atendimento e a ouvidoria estão à disposição para
maiores esclarecimentos.
"A Direção informa ainda que
a paciente realizou todos os exames necessários, inclusive ultrassom, durante
todo o pré-natal e nos dias de internação. A direção ressalta que não estava
agendado parto cesáreo, estando todos os critérios estabelecidos pela equipe
médica, com base nos exames, indicando para que fosse realizado o parto por
meio das vias fisiológicas (parto normal)."
Gravidez planejada
Casada há seis anos, Sara conta
que a gravidez do primeiro filho foi planejada e disse que agora está sem chão.
A vendedora afirma que foi internada com quase 38 semanas de gestação por
orientação do profissional que fez todo o pré-natal.
"Eu nunca tive passagem para
ter filho de parto normal, todos os médicos sempre me disseram isso",
disse Sara, acrescentando que teve diabetes e hipotireoidismo durante a
gravidez.
Ela revela ainda que foi
orientada a tentar o parto normal. "Ela me disse que era melhor e ficou falando
o quanto a equipe que estava lá era ótima. A partir daí começaram a me dar os
comprimidos para induzir o parto. Foram sete no total", disse.
"Eu falei para todo mundo que meu filho ia nascer no dia 19. Por que ela fez isso? Eu poderia estar com meu bebê agora", questiona Sara, sobre a decisão da médica.
A vendedora afirma que vai
processar o hospital. "Hoje foi comigo, amanhã será com outros. Isso é um
absurdo e tem que parar. Aquilo lá é só aparência".
Já o coordenador da seccional
municipal do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro
(Cremerj), Jorge Gabrich, disse que não recebeu nenhuma denúncia formal sobre o
caso e, portanto, não pode abrir uma sindicância para apurar o que houve. Além
disso, informou que não há outras denúncias no ano de 2018 sobre a maternidade
do HAC.
A Defensoria Pública disse à
Inter TV que também vai investigar o caso. Segundo a defensora, Andréa Carius,
o parto normal é uma recomendação do Ministério da Saúde, mas é preciso avaliar
caso a caso.
"Parto normal para quem pode
ter parto normal, você não pode mudar o estado físico da pessoa, você não pode
mudar aquela situação. Então assim parto normal tem que acontecer com quem pode
ter parto normal", diz.
A defensora disse ainda que vai
até o hospital junto com o Ministério Público para constatar se a morte do bebê
foi fatalidade ou imperícia das equipes médicas.
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