Exame de imagem mostra ossos quebrados da estudante após cair de árvore
A estudante Ianar Alves de Lima, de 26 anos, denunciou nessa quinta-feira (3) a demora em se submeter ao procedimento cirúrgico no Hospital Geral de Roraima (HGR), o maior do Estado. Segundo ela, a unidade está com mais de três meses sem realizar o procedimento, apenas em casos considerados de urgência.
Ianar foi levada para o hospital no dia 31 de dezembro de 2018, após cair de árvore e quebrar uma das pernas. Mesmo com fratura exposta, os médicos não realizaram a cirurgia devido à falta de materiais hospitalares, segundo informou a estudante. Ela teme ficar internada durante meses à espera do atendimento.
"Eu estava na casa da minha mãe e fui subir numa árvore para tirar frutinhas para minha filha. O galho quebrou e eu caí. Acabei quebrando dois ossos da perna. Quando cheguei ao HGR, fui direto para o trauma e o médico disse que não tinha nem previsão de cirurgia, somente caso gravíssimo. Eu disse: mas a minha perna com os ossos para fora não é grave? O que é grave para vocês?", lembrou.
Ela explicou que apenas colocaram uma tala de gesso na perna dela e fizeram um curativo na região fraturada. Depois deram quatro pontos e a encaminharam para um leito, onde aguarda até o momento pela cirurgia. A estudante disse que irá tomar providências legais.
"Vou entrar com uma ação contra o Estado para ver se resolve essa situação o mais rápido possível, até porque tenho três filhos pequenos e não posso ficar aqui no hospital durante meses esperando até sair essa cirurgia", desabafou, ao acrescentar que há outros pacientes no HGR com o mesmo problema.
Conforme relatado, faltam até mesmo materiais básicos na unidade de saúde para realização de curativos, como gases e ataduras. Ianar contou ter comprado alguns itens para que pudesse ser atendida pelos profissionais de saúde. Ela espera que os responsáveis pelo hospital tomem providência com urgência em relação aos problemas que ocorrem na unidade.
"Não sou só eu que estou desse jeito. Tem um bloco inteiro de pessoas com os ossos para fora. Seria bom se os responsáveis passassem aqui pelo menos uma vez por semana para verem realmente o que está acontecendo. A gente paga tanto imposto e no dia em que precisa de uma saúde que preste, não temos", criticou.
INTERDIÇÃO
A Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) informou que as cirurgias eletivas não estão sendo realizadas no Hospital Geral por conta de uma interdição ética do Conselho Regional de Medicina (CRM-RR), em vigor desde novembro do ano passado, por conta da falta de materiais necessários para esses procedimentos. Dessa forma, somente procedimentos de urgência e emergência são realizados.
A nota da secretaria ressaltou que, tanto por meio de processos de adesão de ata, quanto por processos originários, estão sendo adquiridos materiais médico-hospitalares e medicamentos necessários para a realização de cirurgias no HGR e na Maternidade Nossa Senhora de Nazareth.
"Informamos que no dia 20 de dezembro do ano passado, o CRM-RR realizou uma visita técnica nas duas unidades para verificar a possibilidade de suspender a interdição ética para a realização de cirurgias eletivas. A Sesau aguarda a deliberação do órgão em relação a essa visita", justificou a Pasta.
A Sesau acrescentou que o procedimento adotado pelo CRM-RR se trata de uma interdição ética do trabalho dos médicos nas respectivas unidades, e que o Conselho não tem poder para fechar os espaços, mas emitiu recomendação aos médicos para que os profissionais atendam somente casos de urgência e emergência.
"A Secretaria de Saúde esclarece ainda que a nova gestão está empenhada em dar celeridade, de maneira legal e responsável, aos processos de aquisição de materiais e medicamentos necessários para o bom andamento dos trabalhos em todas as unidades de saúde do Estado, e para que as cirurgias consideradas eletivas voltem a ser realizadas o quanto antes", concluiu.
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