Paciente perdeu o bebê na recepção do hospital no dia 1º. Na quarta-feira (2), ela passou por cirurgia e foi liberada horas depois, sem receituário ou outro documento, segundo a família.
Ultrassonografia feita no dia 11 de dezembro foi o último exame que a adolescente fez no pré-natal |
A família de uma adolescente de 17 anos que sofreu aborto na recepção do Hospital Municipal de Santarém (HMS), no oeste do Pará, denunciou que houve negligência por parte da unidade hospitalar, que teria liberado a paciente horas depois de ter passado por procedimento cirúrgico, sem receituário ou comprovante de alta médica.
O caso ganhou repercussão no dia 1º de janeiro, dia em que a grávida de pouco mais de cinco meses deu entrada no HMS com fortes adores abdominais. “Eles iam almoçar lá em casa, e no caminho ela começou sentir dor. Ao chegar em casa, ela estava com mais dor e sangrando, então eu trouxe ela para o hospital”, disse a sogra da paciente, que não quis se identificar.
Família diz que adolescente fazia acompanhamento pré-natal |
Segundo a família, a adolescente ficou sentada em uma cadeira e a atendente que estava de plantão teria informado que ela só seria atendida se a ficha fosse totalmente preenchida. Na ocasião, eles não tinham a documentação do pré-natal que estava em outra casa e era inviável, no momento, ter acesso aos exames. Nesse intervalo, a paciente começou a expelir o feto na recepção da unidade.
Ao G1, familiares disseram que chegaram a ir às salas onde os médicos plantonistas estariam para pedir ajuda, porém, estavam fechadas. “Não tinha médico, nem enfermeiros, não tinha ninguém. Era só a recepcionista”, disse a sogra.
Hospital Municipal de Santarém |
Somente depois de expelir totalmente o feto foi que a adolescente recebeu atendimento por uma equipe hospitalar. Ela ficou internada e passou por procedimento cirúrgico no fim da tarde de quarta-feira (2).
Negligência
Algumas horas depois da cirurgia para limpeza do útero (curetagem), a paciente recebeu alta médica por volta de 22h. Segundo os familiares, o acompanhante da adolescente foi chamado pela equipe médica para assinar um livro. Logo após a paciente saiu do hospital sem nenhum documento que comprovasse a saída.
Já em casa, passado o efeito anestésico, a adolescente começou sentir dores fortes. A família ficou receosa em medicá-la, visto que a paciente também saiu do HMS sem receituário para medicação pós-cirúrgica.
“Como é que eles liberam uma paciente que tinha acabado de sair do centro cirúrgico? Eles não deram explicação, só chamaram para que ele assinasse o livro e mandaram ir embora”, contou um familiar.
O feto
Familiares também informaram que não ficaram com o feto e que o HMS que teria ficado responsável, porque ele pesou abaixo de 500 gramas. “Se pesasse mais de 500 gramas ficaria com a família para fazer perícia e depois sepultamento. Mas ficou no hospital, e cadê esse feto? O que eles fizeram?”, questionou a família.
Nota do Hospital
O Hospital Municipal de Santarém informou através de nota que a paciente passou por curetagem no centro cirúrgico no dia 2 de janeiro para retirada de pequenos coágulos de sangue. O abortamento espontâneo foi considerado completo. Ela ficou em observação por 24 horas antes do procedimento cirúrgico. Nesses casos, é possível que a mulher expila de forma natural coágulos de sangue. Uma ultrassonografia foi realizada para verificar a necessidade de realizar a curetagem.
Após passar o afeito da anestesia, a paciente foi reavaliada pelo obstetra. Ela não apresentava dores. O exame realizado no coágulo de sangue retirado do útero não evidenciou nenhum tipo de infecção, por tanto, sem necessidade de prescrição de antibiótico. A liberação de qualquer paciente é realizada logo após a melhora por questões de segurança ao próprio paciente, no que diz respeito a possíveis infecções hospitalares.
Sobre o feto, todas as informações foram repassadas para a responsável da adolescente. Todos os procedimentos realizados dentro do Hospital foram assinados pelos responsáveis no momento da alta.
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