Unidades interditadas são em Pouso Alegre, Santa Rita do Sapucaí e Congonhal. Uma das dentistas, segundo a prefeitura de Pouso Alegre, tinha sido orientada a ficar em isolamento domiciliar.
Mais duas clínicas onde dentistas com suspeita de coronavírus
mantiveram atendimentos aos pacientes foram interditadas na manhã deste
sábado (18) em Santa Rita do Sapucaí (MG) e Congonhal (MG). A primeira unidade onde os profissionais atendiam havia sido interditada na noite de sexta-feira (17) em Pouso Alegre (MG).
Uma das dentistas, segundo a prefeitura de Pouso Alegre, teria sido
orientada a ficar em isolamento domiciliar, por ser considerada caso
suspeito de coronavírus. No entanto, ela teria descumprido a ordem e foi
trabalhar. A defesa, no entanto, contesta o pedido de isolamento.
A interdição na clínica em Santa Rita do Sapucaí neste
sábado foi feita por agentes da Secretaria Municipal de Saúde e da
Vigilância Sanitária. O local foi aberto por uma funcionária, que
entregou as fichas de pacientes que foram atendidos no local nos últimos
dias.
Já em Congonhal,
a clínica no Centro da cidade tinha atendimento da dentista todas as
quintas-feiras. Fiscais de postura da prefeitura ao lado de agentes da
Secretaria Municipal de Saúde e da Vigilância Sanitária estiveram no
local no fim da manhã deste sábado, onde fizeram a interdição.
Com autorização do dentista responsável, a secretária passou a listagem dos atendimentos feitos durante a semana.
Um boletim de ocorrência foi registrado na sexta-feira e a dentista
pode responder por crime à saúde pública. Em Pouso Alegre, a Polícia
Militar deu apoio às equipes da Vigilância Sanitária.
"A polícia compareceu ao local e os fiscais da vigilância fizeram os
trabalhos na clínica. A princípio, pelo que a Vigilância Sanitária
detectou, seria um descumprimento de ordem que está previsto no código
penal. Nós fizemos registro de ocorrência e ela foi encaminhada ao órgão
competente", explicou o tenente Giovani Casagrande da Silva.
Revolta de pacientes
Assim que a Prefeitura de Pouso Alegre publicou uma nota sobre o caso
nas redes sociais, alguns pacientes se manifestaram sobre os
atendimentos. Alguns reclamaram de irresposabilidade dos profissionais.
Um dos pacientes enviou um vídeo à produção da EPTV, afiliada da Rede Globo,
comentando o caso. Juninho Nascimento contou que é paciente na clínica
de Pouso Alegre há muito tempo e que está surpreso com a situação.
"É uma atitude irresponsável que tiveram, sabendo que não estavam aptos
ao trabalho. Não sei qual foi a decisão deles para retomar o trabalho,
não estou aqui para julgar isso. Cabe aos órgãos competentes. Mas foi
uma atitude de má fé que tiveram com os pacientes. Uma atitude que pode
acarretar sérios problemas para os pacientes e para a população
pousoalegrense", disso o operador de produção.
"Com isso, é um susto muito grande, estou bem assustado. Mas a partir
de hoje estou de quarentena, pessoas ligadas por mim que eu trabalho
também estão, esperando os órgãos responsáveis para ver a triagem que
será feita com a gente até o momento".
Monitoramento dos pacientes
Segundo a Prefeitura de Pouso Alegre,
as pessoas que foram atendidas no consultório serão monitoradas pela
Secretaria de Saúde. A lista dos atendidos foi recolhida na clínica
interditada e a prefeitura deve entrar em contato com todos.
As pessoas também podem entrar em contrato com a secretaria para pelo
WhatsApp (35) 9 9235-1017 ou pelo telefone (35) 3449-4913. O número
também recebe denúncias de irregularidades na cidade.
Em Santa Rita do Sapucaí,
a prefeitura pede que a população não entre em contato por telefone
para não sobrecarregar as linhas. A orientação é que os agentes de saúde
entrem em contato com cada um dos pacientes.
Ao todo, 125 pessoas da cidade serão monitoradas pela Secretaria
Municipal de Saúde. A prefeitura disse que o monitoramento dos pacientes
começou de forma imediata após a interdição da clínica. Além dos 125
pacientes, outras 11 pessoas estão em monitoramento por suspeita de
Covid-19 na cidade.
Em Congonhal,
segundo a prefeitura, os pacientes atendidos serão monitorados através
da lista telefônica recolhida na clínica. Os que apresentarem sintomas
serão colocados em isolamento social por 14 dias. Os sem sintomas deve
ficam em isolamento por sete dias.
O que diz a defesa
Segundo o advogado do casal de dentistas, Carlos Laraia, a mulher que
atendia na clínica foi acusada erroneamente. Ele informou, por nota, que
a dentista, por integrar um grupo de risco e para proteger pacientes e
familiares, resolver realizar o exame em laboratório particular. Segundo
o advogado, ela não tinha sintomas da doença.
O material foi coletado no dia 14 de abril e o resultado foi comunicado
na sexta-feira (17). No momento em que foi comunicada do resultado, a
profissional iniciou o isolamento e não retornou ao consultório. Os
pacientes foram atendidos por outros profissionais.
Ainda na nota, o advogado afirma que, diferente do que divulgado pela
imprensa, em nenhum momento a dentista foi notificada ou orientada a
fazer isolamento social antes do exame. Que todos os procedimento
realizados nas clínicas seguem os mais altos padrões de biossegurança,
procurando sempre preservar a segurança de pacientes e profissionais.
A direção da clínica lamentou o ocorrido e colocou-se à disposição dos
pacientes e das autoridades para qualquer esclarecimento.
O que diz o Conselho de Odontologia
O Conselho Regional de Odontologia de Minas Gerais (CRO-MG) esclareceu
que uma equipe de fiscalização está acompanhando os fatos recentes
ocorridos na região juntamente com as autoridades locais, para apuração
da conduta dos profissionais que atenderam pacientes nas cidades, mesmo
com a orientação de se manterem em isolamento, já que havia suspeita de
estarem contaminados por Covid-19.
O conselho afirmou que o profissional que desrespeitar as previsões
contidas nas normas expedidas pelo Conselho Regional de Odontologia,
pelos municípios, secretaria de Saúde e Ministério da Saúde poderá
sofrer penalidade disciplinar ética grave e pode ter o exercício
profissional cassado.
O CRO disse, ainda, que reforça seu compromisso de atuar conjuntamente
com as demais autoridades públicas para conter o avanço do contágio pelo
novo coronavírus em Minas Gerais e reiterou os canais de comunicação
para denúncias, como o email fiscalizacao@cromg.org.br e os telefones
(31) 2104-3023 e 2104-3043.
G1.Globo
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