Casos foram confirmados pelo governo nesta segunda-feira (6), mas segundo os familiares, registros foram feitos há 15 dias
Há menos de 24 horas, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT) confirmou a
existência de 17 casos de covid-19 nas instalações do hospital
psiquiátrico Adauto Botelho, em Cuiabá. Segundo familiares dos
funcionários, porém, os registros começaram a surgir há, pelo menos, 15
dias.
Dos casos notificados, 13 são em funcionários e quatro em pacientes.
A
enfermeira Alessandra Bárbara Pereira Leite testou positivo para a
doença. Ela trabalha na Unidade III – que trata exclusivamente da
recuperação à dependência de drogas – onde os casos foram
diagnosticados.
Por volta do dia 20 de março, segundo o marido
dela, um dos servidores começou a ter os sintomas e testou positivo para
covid-19. Desde então, Alessandra passou a relatar o receio de ir
trabalhar.
“Ela ficou com medo do contágio porque não dispensaram o funcionário e
ele continuou indo trabalhar normalmente”, relata Benedito Marcos
Pereira Leite, marido de Alessandra.
Sem o isolamento do
funcionário, logo o vírus se proliferou e contagiou outros servidores e
pacientes. Alessandra foi uma delas. Os primeiros sintomas foram tosse e
moleza no corpo.
Demora no atendimento
Ela e o marido procuram uma Unidade de
Pronto Atendimento (UPA) para checar os sintomas no dia 31 de março, uma
terça-feira. De lá, a enfermeira voltou com um atestado médico
recomendando que ficasse em casa por três dias.
Os sintomas,
porém, persistiram. “Fiquei cuidando dela dois dias em casa”, lembra
Benedito, contando que decidiu procurar um hospital com o agravamento do
estado de saúde da mulher.
Mesmo com a confirmação na doença em
um dos funcionários, o teste para o novo coronavírus só foi
disponibilizado aos outros servidores do Adalto Botelho na quinta-feira
(2). Para isso, Alessandra ainda precisou ir até o local onde trabalha
para realizar a coleta do material.
No mesmo dia, a enfermeira foi internada na Santa Casa, em Cuiabá.
Apesar
de o hospital ter sido citado pelo governo do Estado como uma das
unidades de referência para atendimento, Alessandra precisou ser
transferida. A alegação: falta de UTI.
A paciente foi entubada e
agora segue internada no Pronto Socorro de Cuiabá. O quadro dela é
estável, mas expira cuidados, já que pertence ao grupo de risco em
função da diabetes e da hipertensão.
Para o marido, o que fica é a indignação. “Achei um absurdo. Já
estavam sabendo lá e ninguém comunicou. Não mandaram o funcionário para
casa”, reclama.
Falta de controle
Em nota, o governo do
Estado afirma que uma equipe técnica faz o rastreamento e o
acompanhamento individual dos casos de covid-19. A ideia é monitorar as
famílias e todos os contatos dos pacientes.
Segundo Benedito, porém, desde que o teste confirmou a suspeita da doença em Alessandra, ele não foi contactado.
“Estou em quarentena, mas não tive nenhum contato, nenhum telefone da vigilância, do Estado, do município. Sequer fiz o teste”.
Biólogo de formação, ele mesmo realizou a assepsia da casa onde mora com a esposa.
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