Pedro Archer, que trabalha em uma emergência da Zona Oeste da cidade, diz que perdeu dois pacientes por falta de respiradores. Secretário de Saúde prometeu entregar mais 37 equipamentos ainda nesta quarta-feira (22).
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Por causa da falta de respiradores, muitos médicos já estão tendo que
decidir quem fica vivo e quem morre. A escolha já é uma realidade em
alguns hospitais do Rio.
Segundo o médico Pedro Archer, que trabalha em uma emergência da Zona
Oeste da cidade, dois pacientes morreram no plantão dele porque não
havia respiradores para o socorro.
“Já estão faltando respiradores na rede pública. Tivemos uma situação muito triste em que perdemos dois pacientes por falta desse equipamento. Hoje temos apenas um respirador disponível numa sala com 30 pacientes internados em isolamento de Covid-19", relata Pedro Archer.
E, segundo ele, o número de pacientes infectados não para de crescer.
"Acabou de chegar aqui mais uma paciente suspeita de Covid, síndrome
gripal saturando 57% em ar ambiente. E só temos um respirador e mais 30
pacientes que podem precisar dele. Caso a gente tenha que escolher entre
quem vai ficar com o respirador, a gente acaba levando em conta o
quadro do paciente geral, né, sendo paciente muito idoso, com muita
comorbidade ou se é paciente jovem, sem comorbidade. Não vai ter jeito, a
gente acaba escolhendo o paciente jovem, né?"
Pedro Archer explica que essa é uma realidade difícil não só para ele, mas para toda a equipe envolvida no atendimento.
"E esse tipo de escolha mexe muito com a cabeça da equipe, mexe muito
com a cabeça do plantão. É uma coisa muito dramática, todo mundo fica
muito abalado. Mas é o que a gente tá vivendo hoje aqui (..). Todo
plantão é assim, agora", diz o médico.
O médico, que já vinha alertando sobre o problema desde a semana
passada, atendeu outros três pacientes nesta quarta-feira (22). Um deles
precisou ser entubado.
Até o momento, os órgãos oficiais de saúde não confirmaram a falta de respiradores no Rio.
No entanto, o Hospital Ronaldo Gazolla, em Acari, na Zona Norte, que é
referência no tratamento da Covid-19, não tem nenhum leito na UTI, com
respirador, disponível.
Respiradores nos hospitais de campanha
Mais cedo, em entrevista por telefone no Bom Dia Rio desta quarta-feira
(22), o secretário estadual de Saúde, Edmar Santos, disse que os hospitais de campanha sob responsabilidade do governo do RJ já têm 550 respiradores garantidos.
Mas não negou que haja dificuldade para obter os equipamentos.
"A gente já teria parte dos respiradores para os leitos de Caxias, Nova
Iguaçu e São Gonçalo. A partir daí há uma dificuldade muito grande",
emendou.
No início desta tarde, o secretário prometeu instalar, ainda nesta
quarta-feira, 37 novos respiradores em alguns hospitais do estado,
principalmente no Anchieta e no Pedro Ernesto.
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