quarta-feira, 15 de abril de 2020

'Vai passar mal em casa', diz médica ao negligenciar atendimento a idosa de 65 anos no Cosme e Silva

Paciente estava com pressão alta e glicose alterada, mas não apresentava sintomas da Covid-19


Uma idosa de 65 anos precisou de atendimento médico na tarde dessa terça-feira (14), no Pronto Atendimento Cosme e Silva, no Pintolândia, zona Oeste de Boa Vista, mas a médica de plantão se negou a atender e a encaminhou para o Hospital Geral de Roraima (HGR). A paciente é hipertensa e tem diabetes.

"Isso é negligência médica, pois minha mãe não estava com nenhum sintoma do coronavírus e ela foi encaminhada para onde só estão atendendo pacientes com esta doença. Ela é do grupo de risco e optei por trazer aqui por acreditar em uma menor exposição, então, o que custava ela ser atendida? A médica ainda disse: vai passar mal em casa", citou a filha da paciente, ao afirmar que caso ocorreu ainda na triagem.

Ela informou que a mãe estava com a pressão arterial alta e a glicose alterada, além de ter sentido as mãos e o corpo tremendo. "Minha mãe não estava gripada. Ela tem diabetes e só quem tem um familiar assim, sabe que a luta é constante. Eles não tiveram nenhum tipo de consideração. Total falta de respeito, empatia e amor", declarou a mulher. Ela disse ainda que a idosa está há três semanas em isolamento social.

A filha da idosa relatou que chegou por volta das 17h no local e logo foi atendida na triagem, porém a equipe médica não se dispôs a ajudar e concluir o atendimento, com aplicação de medicamentos. "Nós estávamos acompanhando a pressão e a glicose, avisamos à médica, só que ela fez o encaminhamento para o HGR. Com a saúde debilitada, ela teve tosse, mas normal, e febre interna, mas dentro do quadro clínico e não de Covid-19", concluiu.

OUTRO CASO

No início do mês, o Roraima em Tempo recebeu uma denúncia sobre a mesma situação, onde a médica de plantão do Cosme e Silva teria se negado a atender um paciente. Conforme a prima do paciente, ele faz parte do grupo de risco, pois sofre de asma, doença crônica respiratória.
Além da negligência sofrida na unidade, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) se recusou a levá-lo e buscá-lo devido aos sintomas mencionados pela família, segundo a denúncia. A família informou que irá denunciar formalmente a unidade e os profissionais pelo ocorrido. 

SAÚDE

Em nota, a direção do Pronto Atendimento Cosme e Silva (PACS) informou que a paciente deu entrada na Unidade Hospitalar com quadro de hiperglicemia, por estar com a glicose alta, apresentando sintomas respiratórios alterados.

"A paciente foi orientada a procurar o HGR, por ser a unidade referência para o tratamento de pacientes sintomáticos respiratórios, conforme reorganização dos fluxos, para garantia do atendimento adequado à população", citou trecho da nota.

A direção da Unidade ressaltou que todas as orientações foram prestadas para a família e que toda a equipe está orientada a seguir os protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde (MS), para que a população receba o atendimento de forma adequada e digna.

REFERÊNCIA

Diante da pandemia do coronavírus, o Pronto Atendimento Airton Rocha, no Hospital Geral de Roraima (HGR), passou a ser Referência em Atendimento de Sintomáticos Respiratórios. Dessa forma, recebe apenas pacientes com doenças respiratórias.

Além da transferência de pacientes, a Sesau criou uma unidade semi-intensiva no Hospital das Clínicas, para dar maior rotatividade e dar apoio ao Cosme e Silva. Somente os pacientes em quadro grave de saúde ou com necessidade de cirurgia devem ser encaminhados para o HGR.

 Roraimaemtempo

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