segunda-feira, 6 de abril de 2020

Profissionais de saúde do HGI reclamam de condições de trabalho e temem por novas infecções de covid-19


A reportagem do GIRO foi procurada por alguns profissionais do Hospital Geral de Ipiaú, que pedem anonimato, reclamando de condições inadequadas para cuidar de pacientes com sintomas da covid-19 e do risco de novas infecções, principalmente com os profissionais da área de saúde. Até a tarde de domingo (5), o Hospital Geral de Ipiaú, segundo boletim divulgado pela unidade hospitalar, tinha 30 casos notificados em profissionais de saúde, 8 deles confirmados, 7 descartados, 9 aguardando resultados e 9 aguardando realização de testes. Já em relação a pacientes, o boletim do hospital citou apenas o caso de Itagibá, no entanto, uma paciente de Barra do Rocha testado positivo para a covid-19 afirmou ao GIRO que foi infectada após acompanhar uma parente na unidade hospitalar.

Segundo denúncia de alguns profissionais da equipe de saúde, apesar do hospital contar com um ambiente específico e equipe que foi treinada para acolher e manejar os casos que chegam com Síndrome Respiratória Aguda e Grave, ou casos suspeitos da Covid-19, o que tem acontecido é “imperícia no manejo destes pacientes” que na sua maioria, quando não apresentam sinais de gravidade, estão sendo encaminhados para enfermarias comuns, fora do ambiente destinado para este acolhimento.

Conforme a denúncia, os profissionais que atuam nestas enfermarias não tem EPIs adequados e suficientes, os acompanhantes dos pacientes suspeitos circulam no hospital sem restrições, profissionais usam mesmo avental para cuidar de outros pacientes com patologias diversas mesmo após contato com os pacientes suspeitos de COVID19 e que o isolamento destes pacientes nas enfermarias não é efetivo, indo de encontro às recomendações preconizadas para o enfrentamento da pandemia no ambiente hospitalar. Além disso, segundo a denúncia, apenas a equipe de Covid-19 foi treinada de forma específica, sendo que os demais profissionais, incluindo os das Enfermarias, não tiveram treinamento algum.

Os profissionais ainda denunciam que existe a subnotificação de casos no ambiente hospitalar, que ultrapassa a escassez de testes, chegando a caracterizar negligência e imperícia da equipe de saúde, incluindo médicos e Enfermeiros que estão na linha de frente de combate ao COVID 19. “A realidade é que está havendo conflito entre as equipes, não estão seguindo os protocolos de forma coerente e estão negligenciando a assistência ao paciente que procura o serviço, consequentemente aumentando rapidamente o número de casos entre os profissionais e demais cidadãos de Ipiaú e municípios vizinhos”, comentou um dos denunciantes.


Na manhã desta segunda-feira (06), nossa reportagem entrou em contato com o diretor do Hospital Geral de Ipiaú. Ele classificou como “natural” o medo dos profissionais que ficam na linha de frente do combate ao novo coronavírus e assegurou que as medidas protetivas estão sendo tomadas para evitar a disseminação do vírus em pacientes e trabalhadores. O diretor Alex Miranda enviou uma nota detalhando o motivo que levou a proliferação da covid-19 na unidade hospitalar. Acompanhe:

“Após a confirmação do primeiro caso (no HGI), devido a este quadro, a paciente demandou uma mobilização maior da equipe, sem o devido isolamento, já que a doença em foco era um infarto agudo do miocárdio e não havia manifestação clínica, no momento, da COVID. ​Diante da suspeita da infecção pelo coronavírus após evolução, todas as medidas foram, prontamente, tomadas. Paciente foi isolada e testada, familiares, pacientes contactantes e autoridades municipais informadas sobre o ocorrido, funcionários contactantes isolados em domicílio e testados conforme protocolo da Secretaria Estadual de Saúde.

Diante das evidências de disseminação de proporções não dimensionáveis da doença entre os funcionário, foram tomadas medidas extremas, sem deixar os usuários desassistidos. Abrimos em caráter de urgência a Ala COVID, com recepção e equipe separada. Foi criado o Núcleo de Saúde do Trabalhador, com monitorização dos profissionais, medidas de sinais vitais, inquérito de sinais e sintomas suspeitos, realização de hemograma e PCR, intensificação de treinamento ao uso correto de EPIs, blitz de ajustes e fiscalização dos mesmos, acolhimento psicológico, isolamento e teste a qualquer sinal de alarme, fluxograma de isolamento, além de todos os paciente suspeitos, como também acima de 60 anos com deterioração de doença de base, mesmo sem sintomas da COVID-19″, diz a nota enviada pela direção do Hospital Geral de Ipiaú. Com informações do Giro Ipiaú



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