A reportagem do GIRO foi procurada por alguns profissionais do
Hospital Geral de Ipiaú, que pedem anonimato, reclamando de condições
inadequadas para cuidar de pacientes com sintomas da covid-19 e do risco
de novas infecções, principalmente com os profissionais da área de
saúde. Até a tarde de domingo (5), o Hospital Geral de Ipiaú, segundo
boletim divulgado pela unidade hospitalar, tinha 30 casos notificados em
profissionais de saúde, 8 deles confirmados, 7 descartados, 9
aguardando resultados e 9 aguardando realização de testes. Já em relação
a pacientes, o boletim do hospital citou apenas o caso de Itagibá, no
entanto, uma paciente de Barra do Rocha testado positivo para a covid-19
afirmou ao GIRO que foi infectada após acompanhar uma parente na
unidade hospitalar.
Segundo denúncia de alguns profissionais da equipe de saúde, apesar
do hospital contar com um ambiente específico e equipe que foi treinada
para acolher e manejar os casos que chegam com Síndrome Respiratória
Aguda e Grave, ou casos suspeitos da Covid-19, o que tem acontecido é
“imperícia no manejo destes pacientes” que na sua maioria, quando não
apresentam sinais de gravidade, estão sendo encaminhados para
enfermarias comuns, fora do ambiente destinado para este acolhimento.
Conforme a denúncia, os profissionais que atuam nestas enfermarias
não tem EPIs adequados e suficientes, os acompanhantes dos pacientes
suspeitos circulam no hospital sem restrições, profissionais usam mesmo
avental para cuidar de outros pacientes com patologias diversas mesmo
após contato com os pacientes suspeitos de COVID19 e que o isolamento
destes pacientes nas enfermarias não é efetivo, indo de encontro às
recomendações preconizadas para o enfrentamento da pandemia no ambiente
hospitalar. Além disso, segundo a denúncia, apenas a equipe de Covid-19
foi treinada de forma específica, sendo que os demais profissionais,
incluindo os das Enfermarias, não tiveram treinamento algum.
Os profissionais ainda denunciam que existe a subnotificação de casos
no ambiente hospitalar, que ultrapassa a escassez de testes, chegando a
caracterizar negligência e imperícia da equipe de saúde, incluindo
médicos e Enfermeiros que estão na linha de frente de combate ao COVID
19. “A realidade é que está havendo conflito entre as equipes, não estão
seguindo os protocolos de forma coerente e estão negligenciando a
assistência ao paciente que procura o serviço, consequentemente
aumentando rapidamente o número de casos entre os profissionais e demais
cidadãos de Ipiaú e municípios vizinhos”, comentou um dos denunciantes.
Na manhã desta segunda-feira (06), nossa reportagem entrou em contato
com o diretor do Hospital Geral de Ipiaú. Ele classificou como
“natural” o medo dos profissionais que ficam na linha de frente do
combate ao novo coronavírus e assegurou que as medidas protetivas estão
sendo tomadas para evitar a disseminação do vírus em pacientes e
trabalhadores. O diretor Alex Miranda enviou uma nota detalhando o
motivo que levou a proliferação da covid-19 na unidade hospitalar.
Acompanhe:
“Após a confirmação do primeiro caso (no HGI), devido a este quadro, a
paciente demandou uma mobilização maior da equipe, sem o devido
isolamento, já que a doença em foco era um infarto agudo do miocárdio e
não havia manifestação clínica, no momento, da COVID. Diante da
suspeita da infecção pelo coronavírus após evolução, todas as medidas
foram, prontamente, tomadas. Paciente foi isolada e testada, familiares,
pacientes contactantes e autoridades municipais informadas sobre o
ocorrido, funcionários contactantes isolados em domicílio e testados
conforme protocolo da Secretaria Estadual de Saúde.
Diante das evidências de disseminação de proporções não
dimensionáveis da doença entre os funcionário, foram tomadas medidas
extremas, sem deixar os usuários desassistidos. Abrimos em caráter de
urgência a Ala COVID, com recepção e equipe separada. Foi criado o
Núcleo de Saúde do Trabalhador, com monitorização dos profissionais,
medidas de sinais vitais, inquérito de sinais e sintomas suspeitos,
realização de hemograma e PCR, intensificação de treinamento ao uso
correto de EPIs, blitz de ajustes e fiscalização dos mesmos, acolhimento
psicológico, isolamento e teste a qualquer sinal de alarme, fluxograma
de isolamento, além de todos os paciente suspeitos, como também acima de
60 anos com deterioração de doença de base, mesmo sem sintomas da
COVID-19″, diz a nota enviada pela direção do Hospital Geral de Ipiaú.
Com informações do Giro Ipiaú
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