sexta-feira, 10 de abril de 2020

Saúde diz que professor não tinha Covid-19 e família se revolta

Atestado de óbito de Wagner Ribeiro Barbosa dos Santos apontava infecção como causa da morte. Irmã reclama de não poder ter feito o velório


Enterrado com o caixão fechado, com poucos familiares e sem ter velório, o professor Wagner Ribeiro Barbosa dos Santos, de 42 anos, não estava infectado pelo novo coronavírus. Essa foi a conclusão da Secretaria de Saúde do DF no último exame realizado no servidor temporário.
 
A informação indignou Raquel Ribeiro Barbosa dos Santos, irmã do professor, porque o documento fez com que os familiares não pudessem prestar as últimas homenagens.

Obedecendo protocolo repassado pela pasta, os cemitérios do DF seguem uma série de medidas para evitar o possível contágio pela Covid-19. Lacrar o caixão e proibir os velórios são algumas delas.
“Quantas famílias não estão enterrando seus familiares dessa maneira?”, questiona Raquel. “Quero apenas que as próximas [famílias] possam ter certeza do que causou a morte de seus familiares”, completa.
Como mostrou reportagem do Metrópoles na terça-feira (07/04), Wagner deu entrada no Hospital Regional de Sobradinho (HRS) no dia 16 de março, com pneumonia. No primeiro exame para a Covid-19 o resultado deu negativo. Como os sintomas não passavam, um segundo teste foi feito e revelou positivo.
 
Com a nova testagem, Wagner foi levado ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran), referência para o tratamento do coronavírus na cidade. Na unidade, ele foi medicado por cinco dias com cloroquina, mas o tratamento acabou interrompido após os médicos terem diagnosticado problemas no fígado pelo uso da substância, segundo informado pela família.


Com a nova testagem, Wagner foi levado ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran), referência para o tratamento do coronavírus na cidade. Na unidade, ele foi medicado por cinco dias com cloroquina, mas o tratamento acabou interrompido após os médicos terem diagnosticado problemas no fígado pelo uso da substância, segundo informado pela família.
 
No dia 31 de março, após uma parada cardiorrespiratória e inflamação no miocárdio, Wagner faleceu.
 
 Dúvida
 
De acordo com Raquel, o último exame foi realizado ainda em vida, mas o resultado jamais foi repassado para a família. “Essa era a nossa dúvida. Não me passaram o resultado para que fosse emitido o atestado de óbito correto”, argumentou.

No primeiro momento, a Secretaria de Saúde respondeu em nota que “o fato de ter um atestado de óbito com Covid-19 não indica que ele faleceu pelo coronavírus. É necessário um laudo cadavérico que, às vezes, demora mais um pouco, pois requer mais de um teste e, em alguns casos, prova e contraprova”.

Em nova nota, a pasta informou que “com o resultado testado negativo para Covid-19, fica comprovado que ele não foi vitimado pelo que está no atestado”. Ainda de acordo com a Secretaria de Saúde, o órgão que confeccionou o atestado será informado sobre a mudança na causa da morte do professor Wagner.

Na terça-feira, o governo pediu ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) que os cartórios informem à Secretaria de Saúde as mortes causadas pelo novo coronavírus.

 Metropoles


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