terça-feira, 14 de abril de 2020

''Ordem é não reanimar paciente com parada cardíaca diagnosticado com Covid-19'', denuncia profissional do HR

Direção da unidade hospitalar se pronunciou quanto a denúncia


Uma denúncia encaminhada ao Jornal da Nova contra o Hospital Regional “Dr. Francisco Dantas Maniçoba” traz acusações graves sobre a conduta da direção frente aos casos de novo coronavírus (Covid-19) registrados no município. Conforme o relato recebido pela redação, procedimentos que integram protocolos de saúde não estariam sendo adotados na unidade. O relato, enviado por e-mail, aponta conduta profissionais não adequadas à realidade imposta pelo novo vírus.

“Os pacientes que tem H1N1 e Covid-19 precisam passar por um procedimento chamado “Pronar”, mas os médicos não fazem este pedido, sendo que isso ocorria quando a UTI (Unidade Terapia Intensiva) era terceirizada. Procedimentos como o “Pronar”, podem ser feitos por fisioterapeutas, que possuem conhecimento para realização do procedimento, mas não existe parceria de alguns médicos. E o que tem de mais grave, é que a conduta passada, foi a de não reanimar paciente em parada cardíaca se ele estiver com Covid”, denuncia.

Outro fator apontado na denúncia é a exposição dos profissionais de saúde sem qualquer contrapartida do hospital. “Não foi ofertado nenhum aumento para as classes de linha de frente (enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas), mesmo que os riscos tenham aumentado muito”.

“Os enfermeiros pediram para que o salário deles fossem o mesmo dos enfermeiros das unidades básicas (os do hospital recebem bem menos), mas o diretor do hospital nem ao menos deu uma resposta. Muitos já não querem realizar horário extra pelo risco de contrair a doença e por não valer a pena financeiramente, e juntando que outros estão sendo afastados. Tem risco de não haver profissionais para atender a população”, conclui.

Outro lado



Em resposta à denúncia apresentada, o diretor técnico da UTI do Hospital Regional, Dr. Renato frisou quanto à não reanimação de parada cardíaca diagnosticada com Covid-19 e não execução de manobra de pronação:

“Sabidamente, doentes que evoluem para parada cardiorrespiratória em leito de terapia intensiva, muitas vezes já tem oferta de medidas artificiais de suporte a vida em situações extremas, sendo, portanto, contra-indicada as manobras quando do indício de refratariedade ao quadro, dando baixa probabilidade de retorno a circulação espontânea, além da possibilidade de contágio da equipe assistencial devido a liberação de aerossóis durante a manobra. Reiteramos que em casos de intercorrências reversíveis, tais fatos não se aplicam, devendo o paciente ser reanimado conforme diretrizes do Ministério da Saúde, endossadas pela Sociedade Médica responsável.

Reiteramos que nem todo paciente tem indicação de reanimação cardio-pulmonar-cerebral, porém, o plantonista tem total autonomia para executa-la ou não. Quanto a manobra de pronação, ainda não tivemos pacientes com indicação formal para tal, porém, a equipe está sendo constantemente orientada quanto a execução de tal procedimento, conforme orientações das entidades médicas responsáveis por padronizar o atendimento aos pacientes portadores de Covid-19”.

Em relação ao aumento salarial dos profissionais, o diretor geral da unidade, Norberto Fabri, informou: “Estamos em negociação salarial com o sindicato de enfermagem, pois a data base de revisão e reajuste é no mês de maio”.


Jornaldanova

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