quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Família acusa médica de 'assistir' mãe e bebê morrerem em SP: 'Dois caixões'

Ricardo e a mulher, Marilu, que morreu no Hospital dos Estivadores, em Santos, SP 
A família da comerciante Marilu Aparecida de Moraes, de 45 anos, acusa de negligência uma médica do Complexo Hospitalar dos Estivadores, em Santos, no litoral de São Paulo, por tê-la 'assistido' morrer, em meio a uma hemorragia, durante um parto. O bebê também não resistiu. A prefeitura pediu explicações ao administrador da unidade, e a Polícia Civil também investiga o caso.

A mulher foi levada pelo marido, o também comerciante Ricardo Robson Hilsdorf, de 47 anos, na madrugada de 9 de outubro, à unidade municipal que é administrada pelo Instituto Social Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Prestes a completar nove meses de gestação, ela relatou que estava com contrações e que sentia fortes dores.

"Eu disse à enfermeira que nos recebeu que minha mulher tinha histórico delicado, e que teve descolamento de placenta no parto do nosso último filho. Ela não tinha condições de ter um parto normal, pela idade e pela situação, mas a médica que nos atendeu mandou que ela esperasse em uma maca", lembra Ricardo.

A hemorragia, conta o comerciante, começou depois que ela foi 'brutalmente' tocada pela médica plantonista. "Eu fiquei impressionado com toda a situação. Estava na sala e vi a 'evolução' da hemorragia. Começou pequena, aumentou e depois minha mulher começou a jorrar sangue, e o lençol ficou encharcado".
 
Comerciante fotografou maca com sangue antes de mulher ser lavada à UTI
Assustado com a cena, ele procurou a médica e pediu que ela examinasse novamente Marilu. "Foram três vezes que a chamei, todas com um intervalo de tempo. Em todas, a doutora se recusou a ir lá vê-la, e insistiu em dizer que a situação era normal. Na última, ela ainda gritou comigo, e uma enfermeira veio ajudar".

"Minha mulher só foi, de fato, acudida quando houve a troca de plantão, depois de mais de uma hora. A médica que entrou me olhou impressionada, e me disse que as dores e o sangramento 'não eram normais', que a situação era grave. Marilu foi levada para a UTI [Unidade de Terapia Intensiva], mas não tinha mais tempo".

O bebê, que se chamaria Léo, morreu logo após o nascimento, que ocorreria naquela manhã, ainda na UTI. A comerciante resistiu por mais algumas horas, em estado crítico e com hemorragia interna sem controle, segundo o que o marido apurou. "Eu a levei viva, andando, e saí de lá com dois caixões. Eu não acreditei".

Para o advogado que representa a família, Nilton Pires, há indícios de erro médico. "A plantonista, com pressa para ir embora ou por qualquer outro motivo não claro, errou o diagnóstico e não prestou o atendimento necessário. Enquanto ela ignorou a situação, a colega dela, que a rendeu, se assustou com a gravidade".
Hospital dos Estivadores é administrado pelo Instituto Social Hospital Alemão Oswaldo Cruz
Pires ainda rechaça o documento do hospital onde consta que o bebê nasceu morto. "Para registro, eles disseram que o Léo era natimorto. Foi uma mentira, constatada pelo Serviço de Verificação de Óbito [SVO], que constatou que ele morreu por asfixia. Os erros são sucessivos", afirma o advogado da família.

A Secretaria Municipal de Saúde de Santos, por meio de nota, informou que estava ciente da situação, e que cobrou explicações à empresa. A administração ainda afirmou que "exigiu do Instituto Social Hospital Alemão Oswaldo Cruz a apuração contundente do caso e de eventuais responsabilidades".

O Instituto Social Hospital Alemão Oswaldo Cruz se recusou a informar ao G1 detalhes sobre eventual apuração do caso, ao alegar "sigilo médico". A organização também não informou se a médica foi afastada do plantão, mas afirmou que segue "as melhores práticas na assistência ao parto" no Hospital dos Estivadores.

"A médica, que deveria cumprir o juramento, mesmo ao fim de um plantão, assistiu, ficou vendo a minha mulher morrer. Se ela tivesse agido, e não ignorado, eu estaria aqui com o meu filho e minha mulher. Eu decidi procurar a imprensa para alertar: para que nenhuma mãe, marido ou filho passe pelo o que eu passei", desabafou Ricardo.


G1

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Samu vai avaliar postura de médico envolvido em denúncia



A apucaranense Rode Janaína Nunes, de 29 anos, afirma que teve um pedido de atendimento negado por um médico plantonista do Samu, na madrugada desta segunda. Ela gravou a ligação em que pede uma ambulância para transportar pai dela, José Nunes, de 77 anos, que se recupera de uma cirurgia.
Por telefone, a coordenação do Samu Apucarana afirmou que vai avaliar a situação e se necessário tomar as medidas cabíveis em relação a conduta do profissional. Contudo, a coordenação também se pronunciará a respeito do protocolo que rege o serviço de atendimento que abrange todo o Vale do Ivaí, o que corresponde a mais de 328 mil vidas.
Entenda o caso
Segundo  Rode Janaína Nunes, seu pai sofre com um problema na próstata que se estende já há três anos. José chegou a ser operado, mas as dores nunca cessaram. Há um mês ele passou por uma nova cirurgia, desta vez de hemorroida. Janaína conta que desde então o pai está acamado, com fortes dores, sendo mantido à base de remédios. 

No domingo (28) Janaína disse que solicitou uma ambulância municipal que encaminhou o idoso até à Unidade de Pronto Atendimento (UPA). No local, Nunes foi medicado e por volta da meia-noite recebeu alta. 
Já em casa, Janaína comenta que o pai voltou a sentir dores após efeito dos medicamentos. Ela tentou solicitar um novo atendimento do serviço municipal mas como ambulância estava transportando pacientes para quimioterapia, ela foi orientada a acionar o Samu. 
Janaína foi comunicada pela atendente do Samu que não havia ambulâncias disponíveis. Ao questionar a funcionária, a mesma disse que iria passar a situação ao médico responsável mas adiantou que a resposta dele seria mesma. “Foi quando resolvi gravar a ligação, porque não é possível que não haja ambulâncias para atender uma cidade do porte de Apucarana e ainda mais na madrugada”. 
Na gravação, Janaína pede uma ambulância para levar seu pai novamente até à UPA. O médico então pergunta se ela não tem como levá-lo por conta própria e ela diz que não. A mulher esclarece que o pai está se recuperando de uma cirurgia e que sozinha não consegue carregá-lo para colocar no carro. Neste momento, o médico responde que o Samu “não serve para fazer serviço de transporte”.
Indignada, ela comenta ser uma sacanagem tal situação e pergunta caso fosse com o pai dele. O médico então responde que o pai dele “não merece nem ser atendido pelo Samu”, e a ligação é encerrada.
Janaína levou a denúncia até à 17ª Subdivisão Policial (SDP) e afirma que o próximo passo será apresentar o boletim de ocorrência à ouvidoria da Autarquia Municipal de Saúde.
















Médico e UFMS terão que pagar R$ 100 mil à família de criança que perdeu olho em cirurgia


Um médico e a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) de Naviraí terão que indenizar em R$ 100 mil à família de uma criança que perdeu o olho direito após realizar uma cirurgia em hospital da instituição para correção de catarata congênita.  A decisão é da Sexta Turma do Tribunal Regional Federal da 3.ª Região (TRF3).
Com 10 meses de idade, a criança foi diagnosticada com catarata congênita no olho direito, quando deu início ao tratamento pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Ao completar 1 ano e 6 meses, foi submetida a uma intervenção cirúrgica para a retirada da catarata, procedimento realizado pelo médico nas dependências do hospital universitário.
Na petição inicial, é relatado que, após a cirurgia, a criança começou a apresentar febre e olho vermelho. Procurou, então, o médico que não a atendeu e sugeriu o seu encaminhamento a outro especialista. Este profissional concluiu que o problema era decorrente da cirurgia.
Em nova consulta ao médico que havia realizado a cirurgia, ele constatou o problema e fez novo curativo. A defesa do paciente alegou, contudo, que o novo procedimento não apresentou o resultado positivo.
Após isso, a criança foi novamente internada com infecção no local da cirurgia. Os problemas continuaram e ao passar por consulta com outro profissional foi constatada a perda completa do olho. Como consequência, foi necessária a extração do globo ocular e a colocação de uma prótese, que tem manutenção com custo anual regular e alto.
Baseado no relato, o advogado da criança ajuizou ação na 1.ª Vara Federal de Naviraí/MS e solicitou indenização por danos materiais e morais contra o médico e o hospital pelo erro médico. O pedido foi julgado improcedente. Na sentença, o magistrado afirmou que não ficou comprovada a negligência ou imperícia do profissional e do hospital, não cabendo, portanto, indenização por danos morais e materiais.
Ao recorrer da sentença, o advogado da criança sustentou que o laudo pericial não se aprofundou na questão e não seria possível, somente com base nele, dizer se houve, ou não, negligência médica. Reafirmou ainda que o médico foi negligente, uma vez que não informou o que a criança tinha, atendendo-a no próprio consultório, prescrevendo medicamentos sem informar o diagnóstico correto.
Decisão do TRF3
Ao analisar o recurso, a relatora do processo no TRF3, Desembargadora Federal Diva Malerbi, afirmou que a responsabilidade pela perda do olho direito da criança deve ser atribuída ao hospital e ao médico.
“O dano efetivamente restou comprovado. O autor perdeu o globo ocular direito, que foi extraído em face de grave infecção detectada após o procedimento cirúrgico de catarata congênita, promovida pelos réus (médico e hospital), passando a usar prótese ocular, tudo devidamente documentado e comprovado nos autos, inclusive por perícia medida produzida em juízo”, destacou.
A magistrada ressaltou que era indispensável, segundo a perícia médica produzida em juízo, que o autor permanecesse internado no hospital para correto atendimento. Os cuidados médicos eram necessários para evitar o avanço do processo infeccioso que resultou na perda do globo ocular direito. Também afirmou que os réus concederam a alta médica, contrariando o tratamento que deveria ter sido feito. Além disso, o médico e o hospital não demonstraram no processo que a alta médica foi concedida a pedido dos responsáveis pelo paciente.
“Outro fato que chama a atenção, é que em todos os relatos médicos constantes do processo, o diagnóstico descrito é grave, inclusive com a constatação de ‘crise convulsiva’ e ainda assim a alta médica foi concedida, imediatamente após um procedimento cirúrgico, em um paciente que apresentava um histórico de febre alta e crises convulsivas”, salientou.
Para ela, os réus não se desincumbiram do ônus de demonstrar que o tratamento médico dispensado ao autor foi fornecido dentro dos limites do possível e das condições técnicas, de conhecimento científico e materiais do hospital e do médico, como determina o Código de Ética Médica, o que excluiria a responsabilidade deles.
“Era indispensável que o autor permanecesse internado no hospital, para que tivesse o correto atendimento e os cuidados médicos necessários para evitar o avanço do processo infeccioso que resultou na perda do globo ocular direito e os réus concederam a alta médica, contrariando o tratamento que deveria ter sido feito, afirmação que se faz, até porque, como visto, não ficou comprovado nos autos que a alta foi requerida e concedida a pedido dos responsáveis pelo paciente”, concluiu.
Na decisão, a Desembargadora Federal também acatou o pedido de indenização por danos materiais pelas despesas com a aquisição da prótese ocular e sua manutenção. (Com informações da Assessoria)


segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Médico de Campos é denunciado pelo Ministério Público por morte de bebê


O caso do bebê Théo Carvalho Azevedo, morto aos seis meses, no ano de 2016, após possível situação de negligência, imprudência e imperícia, teve mais um capítulo nesta semana, quando o médico pediatra Gelson Bento Sardinha foi denunciado pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPE-RJ) e responderá a uma acusação por homicídio culposo. A investigação foi feita pelo promotor Fabiano Rangel Moreira, da 1ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal de Campos. A reportagem tentou contato com os pais do bebê, mas não conseguiu retorno.
A morte – O bebê Théo morreu após cerca de 15 dias entre idas e vindas ao consultório particular do médico. Tudo começou quando os pais do pequeno, Sharlene da Silva Carvalho Azevedo e Valdinei Mendonça Azevedo, perceberam que ele apresentava febre alta e manchas no corpo e levaram a criança ao consultório particular do pediatra, que funciona na Clínica Paulo VI, no Centro de Campos. Durante a consulta, embora nenhum exame tenha sido realizado, o médico afirmou que Théo estava com Zika e receitou medicamentos para tratar a doença.
Dias depois, o bebê apresentou redução das manchas, porém desenvolveu quadro de pequenas complicações respiratórias. A bula do Fenergan indica que o medicamento pode causar depressão respiratória e que não é indicado para crianças menores de dois anos e, ainda assim, o remédio foi prescrito pelo médico e ministrado ao paciente durante dias. Segundo a denúncia do MPE, a administração do medicamento Fenergan pode ter sido responsável pelo agravamento no quadro do bebê.
Com a piora no quadro geral e dificuldades para respirar, foi somente na quarta vez que os pais levaram a criança no consultório particular que o médico Gelson Bento Sardinha decidiu interná-la no Hospital Plantadores de Cana, que fica na frente da clínica particular onde o médico presta atendimento até os dias atuais. Ainda segundo a denúncia, o local escolhido pelo médico para a internação não possuía requisitos necessários para o atendimento do bebê, como um respirador adequado à idade do paciente, por exemplo.
Além disso, o médico deveria permanecer no local e preencher detalhadamente a ficha de internação, o que também não foi feito. Enfermeiras que estavam de plantão no HPC perceberam a gravidade do quadro do paciente e solicitaram a presença do pediatra no local para que o bebê fosse transferido para um hospital com estrutura necessária para o caso, o que foi negado por ele. Somente após uma profissional da saúde ameaçar que chamaria a polícia por omissão, o médico aceitou ir ao local e acompanhar a transferência. Já no Hospital Ferreira Machado, para onde o bebê foi transferido, ele não resistiu e faleceu poucas horas após dar entrada.
Principais falhas – Dentre as falhas identificadas na denúncia do MPE, destaca-se o fato de a internação ter sido em um hospital incapaz de atender o caso, a não exigência de exames em caráter de urgência, a prescrição e administração de medicamentos inapropriados e omissão de socorro em uma das consultas na clínica particular.
Próximas etapas – Nesta semana foi iniciada a acusação pública contra o médico. As testemunhas ouvidas na denúncia serão reinquiridas e haverá também a juntada de laudos. Após esta etapa, chamada de instrução, ocorre o julgamento.
Respostas – Sobre o ocorrido, o Hospital Plantadores de Cana enviou a seguinte nota “Esclarecemos que o HPC prestou os primeiros atendimentos à criança e encaminhou para a unidade hospitalar que dispõe dos serviços. Informamos também que o Hospital Plantadores de Cana não tem e nunca teve uma unidade de tratamento intensivo pediátrica. Dispomos de UTI para Adultos e UTI neonatal UTINEO e unidade de tratamento intermediária (UI), além disso, o referido médico nunca pertenceu ao nosso quadro de profissionais”.
A reportagem entrou em contato também com o Hospital Ferreira Machado, para onde a criança foi transferida e morreu, mas ainda não obteve retorno. Já o pediatra Gelson Bento Sardinha foi contactado pelo telefone da Clínica Paulo VI e também pelo celular dele, mas o médico não atendeu ou retornou as ligações até a publicação desta matéria. Caso o contato seja feito, as informações serão adicionadas. Terceira Via


Conselho pode abrir sindicância contra médica após declaração política

Médica de MS que atua na UPA das Moreninas postou nas redes sociais que “alta do paciente depende do voto”


Print de dois posts feitos pela médica com o mesmo texto
“Hoje é dia de maldade. Perguntar pro paciente em quem vai votar antes da alta. Dependendo da resposta, alta só segunda!!”, escreveu a médica Beatriz Padovan Vilela, fazendo check-in na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) das Moreninhas, conteúdo que ela postou no Facebook. Por meio de nota oficial, o CRM (Conselho Regional de Medicina) afirma que a denúncia foi recebida e há possibilidade de abertura de sindicândia.
“O Conselho Regional de Medicina do Mato Grosso do Sul esclarece que a entidade é uma autarquia federal sem posicionamento ou direcionamento político, sendo assim, a denúncia sobre a médica será encaminhada para o setor responsável para análise dos fatos e possível abertura de sindicância”, declara a nota.
A postagem viralizou depois que a médica declarou que iria perguntar aos pacientes em quem votam antes de decidir se daria alta ou não. Nas postagens, feitas neste sábado (27), mas que já foram apagadas pela médica, ela também declara voto ao candidato Jair Bolsonaro (PSL). “#B17 É dessa vitamina que o povo brasileiro precisa!”. Beatriz consta no cadastro de médicos
Sesau - A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) emitiu posicionamento, por meio de nota, e informou que não “concorda e nem corrobora com opiniões, sejam de conotação política ou não”, que contrariem o código de ética da profissão. “O mesmo reforça que o profissional jamais utilizará seus conhecimentos para causar sofrimento físico ou moral, para o extermínio do ser humano ou para permitir e acobertar tentativa contra sua dignidade e integridade”.
A secretaria ainda afirma que profissionais são livres para se manifestar nas redes sociais e que são os únicos responsáveis por responder cível e criminalmente pelos seus atos. Uma investigação, contudo, será instaurada pela Sesau para apurar a conduta da médica no plantão.


domingo, 28 de outubro de 2018

Médico denuncia situação de calamidade em que se encontra o Hospital Regional de Currais Novos


Em entrevista à Currais Novos FM, o médico Eduardo Pontes denunciou o que ele chama de situação de calamidade, enfrentada pelo Hospital Regional de Currais Novos. De acordo com ele, hoje o Hospital se sente prejudicado pela ausência de anestesistas, cujo único profissional contratado pelo Estado só atende uma vez por semana, nas quintas-feiras.
“Eu me sinto envergonhado como médico, e como cidadão currais-novense pior ainda, porque o nosso hospital chegou a situação de calamidade de que só existe anestesista uma vez por semana, que é na quinta-feira… Então o Hospital fica segunda, terça, quarta, sexta, sábado e domingo sem anestesista. Isso é uma vergonha, porque sem o anestesista não funciona maternidade, não funciona setor de cirurgia de emergência, e se algum paciência que for operado, tiver alguma complicação, vai ter que ser encaminhado para Natal”, denunciou.

sábado, 27 de outubro de 2018

Paciente será indenizada por erro médico em cirurgia

Réus foram condenados ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 20 mil



A Sentença proferida na 7ª Vara Cível de Campo Grande julgou procedente a ação movida por uma paciente contra um hospital e uma seguradora por responsabilidade de alergia durante cirurgia devido a aplicação de remédios. Os réus foram condenados ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 20.000,00. Relata a autora que no dia 22 de janeiro de 2014 submeteu-se a uma cirurgia de joelho no hospital réu tendo informado sua grave alergia ao medicamento dipirona. Assim, foi anotado no prontuário e destacado na pulseira de identificação colorida colocada no pulso da autora. Assevera que durante o procedimento cirúrgico foram aplicadas duas ampolas de dipirona 1g/2ml, o que causou vermelhidão nos olhos e fechamento da garganta, que impede a respiração.

 Afirma que, embora a situação tenha sido rapidamente contornada com a aplicação de antialérgico, a imperícia do réu poderia ter causado a morte da autora. Pede a condenação do hospital ao pagamento de indenização por danos morais. Por fim, requereu a inversão do ônus da prova e protestou pela produção de provas. 

Citado, o réu inicialmente denunciou à lide a seguradora e o médico anestesista, responsável no momento da cirurgia. Sustentou a inexistência de falha no serviço médico do hospital uma vez que tão somente prestou os serviços de hotelaria e que os médicos envolvidos na cirurgia da autora não são empregados ou prepostos do hospital. Assevera que somente utilizam as dependências hospitalares, destacando que eventual falha no atendimento médico deve ser limitada exclusivamente ao médico. 

Aduz que o hospital foi diligente identificando a paciente como alérgica, não tendo praticado nenhuma conduta ilícita. Ressalta ainda a ausência de dano moral a ser indenizado uma vez que a alegada alergia foi controlada, afastando o risco de morte, não ultrapassando mero aborrecimento. Na hipótese de condenação, pugna pela fixação da indenização em valor razoável. Insurgiu-se contra o pedido de inversão do ônus da prova. Ao final, pugnou pela improcedência do pedido inicial.

 A seguradora reconheceu a existência de contrato celebrado com o hospital, representado pela Apólice nº 201/0378/000047249, vigente na época dos fatos. Contudo, defendeu que sua responsabilidade está limitada ao capital contratado, nos termos da cláusula 10ª, a ser feito mediante reembolso, recaindo sobre o segurado o pagamento da franquia. Alegou que a atividade desenvolvida pelo hospital não pode ser definida como atividade de risco, não configurando responsabilidade objetiva, sendo necessária a comprovação da culpa. Defendeu que o hospital procedeu de maneira ética e profissional perante a autora, inexistindo conduta ilícita. 

Para a juíza titular da vara, Gabriela Müller Junqueira, houve falha do serviço prestado pelo hospital. “No caso dos autos, está comprovada a falha na prestação do serviço visto que é incontroverso que foi ignorada a informação constante no prontuário a respeito da alergia da paciente a dipirona com a ministração do referido medicamento durante o procedimento cirúrgico, culminando em grave crise alérgica que causou dificuldade para respirar, exigindo imediato atendimento médico para inversão do processo alérgico”. 

“Deve-se reconhecer a relevância de uma falha médico-hospitalar que pode acarretar a morte do paciente. Não se pode admitir que tal circunstância, que põe em risco a vida de alguém, seja definida como mero aborrecimento, sob pena de banalização da vida humana e da própria medicina”, relata a magistrada.

Em relação ao dano sofrido, destacou a juíza que é “necessário reconhecer que a grandeza do ato ofensivo ao direito personalíssimo exacerbou a naturalidade do cotidiano, ultrapassou o mero aborrecimento e, sem dúvida, alcançou o patamar de dano moral”. 

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Médico responde por alegada negligência em morte de idosa

Um médico que prestava serviço na urgência do hospital de Peniche vai responder em tribunal pela morte de uma mulher de 79 anos, a 5 de janeiro de 2015. O clínico, na altura com 66 anos (atualmente tem 69), assistiu a idosa, mas segundo a acusação mandou tarde demais fazer um exame que poderia ter evitado que ela morresse.

Família da vítima com advogados à saída do tribunal de Peniche

A idosa, que residia em Geraldes, no concelho de Peniche, era reformada do comércio de produtos alimentares e morreu no hospital após ter estado cerca de dez horas na unidade de saúde com fortes dores no peito, que a afetava nas costas, no ouvido e na cabeça.

Maria Domicília Santos deu entrada no serviço de urgência e foi para a triagem. Foi atendida pelas 9h51 pelo médico, que às 10h41 pediu um raio-x (RX) torácico.

Pelas 11h16, o médico observou o resultado do exame e "concluiu não haver lesões", afastando a "hipótese de enfarte do miocárdio", apesar de no RX ser visível existir um "alargamento do mediatismo superior".

Segundo a acusação, o problema apontado "impunha a realização de uma TAC [Tomografia Axial Computorizada]" e o consequente reencaminhamento da doente para a urgência das Caldas da Rainha, por não haver TAC em Peniche.
A vítima foi mantida em observação na urgência de Peniche, sem ser transferida para Caldas da Rainha para efetuar o exame e, a confirmar-se o diagnóstico, poder ser sujeita a intervenção cirúrgica.

Foi quando uma das filhas da vítima, indignada, exigiu falar com o médico que estava a assisti-la, que pediu a um outro médico para observá-la e que não teve dúvidas em avisá-lo de que deveria ter sido feita uma TAC.

A TAC foi pedida pelas 18h40, assim como um ecocardiograma e uma eletrocardiograma, face à "persistência das dores torácicas".

Só que antes do seu transporte para o hospital das Caldas da Rainha, Maria Domicília Santos morreu pelas 19h30, vítima de "tamponamento cardíaco [rutura de uma veia do coração] decorrente de aneurisma coronário".

A família queixou-se de alegada negligência médica, por entender que foi decidido tardiamente realizar um exame que lhe poderia ter salvo a vida.
“Se não existem recursos no hospital à altura de tratar de um problema com sintomas desta natureza, o médico devia enviá-la para uma unidade onde houvesse, mas isso devia ter acontecido logo durante a manhã, pelo que achamos que mais alguma coisa devia ter sido feita”, contestou Maria Teresa, uma das filhas.

“Quando levei a minha mãe ao hospital de Peniche o meu objetivo era que se não existissem ali os recursos, o médico faria uma avaliação e iria enviá-la, possivelmente, para um hospital em que houvesse”, sublinhou.

Maria Eunice, outra filha, defendeu que “logo que a minha mãe entrou no hospital deviam ter visto aquela dor e no máximo uma hora depois ela devia sair para outro hospital”.

A queixa que a família apresentou chegou a ser arquivada pela Inspeção-Geral de Atividades em Saúde (IGAS) quer também pelo tribunal na fase de inquérito. A IGAS entendeu não ser possível atribuir responsabilidades ao profissional de saúde.

Após recurso para o Tribunal da Relação de Lisboa o processo judicial foi reaberto, tendo o médico sido constituído arguido. Segundo a acusação, a correta leitura do RX torácico teria evitado a morte por negligência.

Na passada terça-feira o julgamento deveria ter-se iniciado mas foi adiado para análise da conclusão do processo disciplinar levantado pela Ordem dos Médicos, que decidiu arquivar o caso, e que foi apresentado na véspera pelo arguido para ser anexado aos autos.

Por sua vez, a juíza Carla Ginja, titular do processo, solicitou uma nova perícia ao Instituto de Medicina Legal, a pedido do Ministério Público, e um novo parecer à IGAS, já que as anteriores conclusões a que chegaram foram elaboradas sem o conhecimento dos resultados da autópsia.

O julgamento só deverá iniciar-se no próximo ano, devido aos prazos necessários para realização das medidas pedidas e sua análise pelos intervenientes.

Rogério Santos, advogado de acusação, disse ter ficado “satisfeito” com as diligências pedidas pelo Ministério Público, enquanto que Adelino Antunes, advogado de defesa, afirmou estar “esperançado” na declaração de inocência do médico.

O médico está aposentado, mas continua a exercer na urgência de Peniche, através de uma empresa que presta serviços ao Centro Hospitalar do Oeste.


CASO DOS GÊMEOS: Hospital de Rio das Ostras volta a ser denunciado de negligência em morte bebê

Vítima foi bebê recém-nascido, Valentim. Irmã gêmea Alana segue internada em estado de saúde grave em UTI neonatal em Macaé.

Mais uma denúncia de negligência médica é registrada na cidade de Rio das Ostras, desta vez a vítima foi o recém-nascido Valentim da Silva Teodoro. De acordo com familiares da criança, a mãe teria procurado a unidade de saúde por diversas vezes apresentando sangramento, mas todas as vezes a paciente recebia alta médica.
Após muitas idas e vindas, a jovem foi internada na última terça-feira (23) e começou a receber uma medicação para “segurar” a criança, pois segundo relatos de familiares médicos afirmaram que ainda não era o momento certo para o nascimento dos gêmeos. Na madrugada de quarta-feira (24) Andressa deu a luz ao casal de gêmeos, Valentim e Alana, mas o menino não resistiu e morreu duas horas após o seu nascimento. Veja:
https://youtu.be/ZGvTpe-TeJg

Ministério Público denuncia médico e estudante por estupro de vulnerável

Denúncia afirma que os suspeitos anularam a capacidade de resistência da vítima
 
 
A  operação “Tarja Preta”, realizada no início do mês, ganhou um novo desdobramento. O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da Promotoria de Justiça de Investigação Penal de Petrópolis, denunciou o médico Lucas Pena de Oliveira e o estudante Guilherme Amorim Tobias, pelo crime de estupro de vulnerável. No documento, o MP diz que "a dupla anulou o discernimento e a capacidade de resistência de uma universitária, que teria sido drogada por eles, sendo em seguida, abusada sexualmente".
 
O ortopedista foi preso na noite de segunda-feira (1º), durante operação desencadeada por policiais civis da 106ª Delegacia de Polícia, em Itaipava. Na ocasião, os mandados foram cumpridos na Rua Roberto Silveira e Estrada União e Indústria. O médico foi preso em casa e o estudante em uma academia, em Corrêas. A ordem de prisão foi expedida pela 1ª Vara Criminal.
 
De acordo com o MP, Guilherme não praticou atos sexuais contra a vítima, mas colaborou ao entregar para Lucas a droga utilizada para a conclusão do ato, além de ter conduzido a jovem ao local do crime. Conversas entre os denunciados também demonstraram a intenção da dupla de dopar as mulheres durante a “Festa dos 100 dias” – comemoração anterior à formatura do curso de medicina de uma faculdade. Depoimentos também foram colhidos durante as investigações.
 
Os dois foram denunciados pela vítima 15 dias depois do ocorrido. Segundo a polícia, após a ingestão da droga, a vítima teria desmaiado, sendo levada para o apartamento do médico, onde foi estuprada.
 
O ato violento foi confirmado pelos exames realizados no Instituto Médico Legal (IML), em Corrêas. Nas buscas realizadas na casa do suspeito, também foram apreendidos maconha e remédios de tarja preta de uso controlado. Na ocasião, os suspeitos negaram a ação, mas foram presos.
 
O crime de estupro de vulnerável (artigo 217 do Código Penal) prevê pena de oito a quinze anos de prisão.  O Ministério Público ainda solicitou a decretação da prisão preventiva dos denunciados.
 
O Diário entrou em contato com o advogado dos suspeitos, que preferiu não se manifestar.

Diário de Petrópolis

Após necrópsia, corpo de mulher morta depois de procedimento estético é enterrado em MG

Renata Bretas morreu nesta segunda-feira após colocar próteses de silicone nos seios e fazer lipo nas axilas. Médico afirma que morte não tem relação com cirurgia.
 
Renata Bretas, de 36 anos, morreu após fazer lipo e colocar silicone nos seios em clínica de Belo Horizonte — Foto: Reprodução/Facebook
 
O corpo de Renata Bretas, morta após fazer uma lipoaspiração nas axilas e colocar silicone nos seios, foi enterrado na tarde desta terça-feira (23), em Itabirito, na Região Central de Minas, após a realização de uma necrópsia pela Polícia Civil.
 
Também nesta tarde, o médico Frederico Vasconcelos, que operou Renata, afirmou que a morte dela não tem relação com a cirurgia. “A lipo não tem nenhuma responsabilidade nisso”, disse.
 
Vasconcelos negou que Renata tenha passado mal na sexta-feira (19), quando retornou a clínica. Segundo o médico, ela foi atendida em uma consulta de retorno pré-agendada; e ligou depois da consulta para enfermeira reclamando de dores no tronco, o que, conforme Vasconcelos, é considerado normal. Ele disse que Renata não entrou em contato com os médicos no fim de semana e estaria se sentindo bem ainda na segunda e afirmou que o mal foi súbito.
 
De acordo com Adriana Vaz, que é parente da vítima, na última quarta-feira (17), Renata, de 35 anos, realizou os procedimentos estéticos na clínica Forma, na Região Centro-Sul da capital mineira; no pós-operatório ela já teria passado mal, mas recebeu alta e voltou para Itabirito. Ainda segundo Adriana, Renata chegou a voltar à clínica na sexta-feira (19) pois estava sentindo muitas dores, lá ela teria passado mal novamente. A paciente foi liberada pelos médicos e retornou a Itabirito, conforme a cunhada. “Ontem [domingo] conversei com ela, estava bem. Hoje [segunda] ela me chamou, estava branca, com a boca espumando. Levamos para o hospital”.
 
O enterro de Renata chegou a ser suspenso nesta manhã. De acordo com Adriana, policiais civis chegaram ao velório, conversaram com os pais da vítima e sugeriram que o corpo passasse pela necrópsia – exame realizado por um médico legista, que pode apontar a causa da morte ou indícios de um crime.
 
A Polícia Civil investiga o caso e deve ouvir os depoimentos dos médicos, de testemunhas e parentes de Renata. Ainda não há um prazo definido para o resultado da necrópsia.
 
“A primeira informação que nós podemos falar, recebemos informações há poucos minutos da legista, é que não há. Não houve um erro médico que nós podemos falar que foi grotesco. Agora depende dos exames laboratoriais que serão feitos pelo Instituto de Criminalística de Belo Horizonte, IML e tudo, para definir”, afirmou o delegado .
 
Na coletiva, o médico Frederico Vasconcelos voltou a afirmar que tudo correu dentro do normal na cirurgia e que uma paciente dele nunca havia morrido após procedimentos. Disse ainda que a embolia pulmonar é de difícil diagnóstico e lamentou a morte de Renata. “O que a gente gostaria era de poder reverter isso. Queria prestar minha solidariedade à família".
 
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica disse, em nota, que a morte de Renata Avelino Bretas se trata de uma infeliz fatalidade. Disse ainda que a clínica onde a paciente foi operada é adequada e que o médico responsável pela operação tem as credenciais que o habilitam a realizar cirurgias e procedimentos estéticos como os que foram realizados na paciente.
 
A entidade afirmou ainda que todos os procedimentos cirúrgicos podem ocasionar intercorrências, mesmo com os cuidados no pré-operatório e durante a cirurgia, por questões que fogem ao controle do cirurgião.
 
Renata deixou um filho de seis anos.

O que diz a clínica


De acordo com o dono da Clínica Forma, Fernando Amaral, Renata fez a cirurgia no local e recebeu alta preenchendo todos os requisitos para isso. Disse ainda que a unidade possui a certificação e oferece todas as condições para a cirurgia e afirmou que no pré-operatório são feitos exames e consultas e a cirurgia só é feita se estiver tudo normal.
 
O médico afirmou ainda que a paciente era saudável, que não tinha histórico de embolia na família, o laudo de risco cirúrgico não apresentou nenhuma contraindicação e a alta foi “absolutamente” normal, que Renata estava bem.
 
Por G1 MG e MG2 — Belo Horizonte

Médico suspeito de desviar recursos do SUS é solto e vai responder ao processo em liberdade

Plinio Medeiros Filho foi um dos alvos da Operação Sermão dos Peixes, da Polícia Federal do Maranhão. Justiça concedeu habeas corpus por falta de 'motivos concretos' para a prisão temporária.
 
Médico Plinio Medeiros Filho foi um dos alvos de operação da PF do Maranhão — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
 
O médico Plinio Medeiros Filho, preso na semana passada pela Polícia Federal, foi solto nesta segunda-feira (22) para responder ao processo em liberdade. Ele recebeu um habeas corpus porque a Justiça entendeu que não havia "motivos concretos e específicos" que justificassem a prisão.
 
A defesa do médico argumentou que a prisão dele havia sido decretada sem necessidade e que não há indícios de que ele tenha tentando destruir provas ou ameaçar testemunhas. A Justiça concordou com o argumento e autorizou a soltura.
 
O advogado Pablo Araújo Macedo, que defende o médido, disse que o cliente jamais participou de qualquer crime e que trata-se apenas de uma investigação. Informou ainda que a defesa entende que houve excesso e que recebeu a decisão do habeas corpus com louvor.
 
Medeiros foi um dos alvos da Operação Sermão dos Peixes, da PF do Maranhão. A investigação é sobre um esquema de corrupção que teria desviado recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) naquele estado. A estimativa é de um prejuízo de até R$ 2 milhões para a saúde pública maranhense.
 
No dia da operação, foram cumpridos oito mandados de prisão e 19 de busca e apreensão. Além disso, foi determinado o bloqueio judicial e sequestro de bens da conta dos envolvidos em um valor que supera a cifra de R$ 15 milhões. A PF também investiga se houve vazamentos de informações na primeira fase da operação.
 

Bebê sofre danos cerebrais no parto e pais alegam erro médico

Era para ser uma cesariana, mas os médicos preferiram fazer um parto normal
 
 
Lorena Vitória luta pela vida todos os dias. No momento em que veio ao mundo, ela sofreu danos cerebrais irreversíveis e nunca mais saiu do hospital. Os médicos disseram que ela só sairia de lá para o cemitério, mas ninguém da família aceita a "sentença de morte". Os pais da criança alegam que houve erro médico.
 

Mães que não fazem pré-natal podem ser denunciadas

Conselho Tutelar e MPE podem exigir o acompanhamento da saúde do bebê.
 
Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado
 
Mulheres gestantes e que negligenciam a realização do pré-natal – série de consultas e exames que verifica a saúde do bebê e da própria mãe – podem ser denunciadas ao Conselho Tutelar e responder por infração administrativa. A punição consta no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que prevê multa de quase R$ 20 mil para mães infratoras.
 
De acordo com o conselheiro tutelar Adriano Vargas, a mãe que não fizer o acompanhamento pode ser denunciada diretamente ao Conselho Tutelar mais próximo ou ao Ministério Público do Estado (MPMS). Além disso, as unidades de saúde também são responsáveis por notificar o Conselho sobre mães que não seguem o acompanhamento.
 
“Na maioria dos casos, o Conselho Tutelar recebe notificações das unidades de saúde quando as mães não fazem o acompanhamento pré-natal. A mãe, então, é advertida e orientada e passa a receber acompanhamento de assistência social e saúde do município. Caso mesmo depois de advertida essa mãe continue negligenciando o pré-natal, ela pode ser processada”, explica.
 
Conforme Vargas, o processo é conduzido pelo MPMS, que com a Justiça define se a mãe receberá ou não uma punição. “Essa mulher responderá a um processo e pode ter de pagar multa de três até 20 salários mínimos”, pontua.
 
IMPORTÂNCIA

 O pré-natal é o acompanhamento médico que toda gestante deve fazer, a fim de manter a integridade das condições de saúde própria e do bebê. Durante toda a gravidez são realizados exames laboratoriais que visam identificar e tratar doenças que podem trazer prejuízos à saúde da mãe ou da criança.
 
Segundo o Conselheiro, casos em que as mães abandonam o pré-natal são recorrentes na Capital, mas não há dados específicos sobre o assunto. O que se sabe é que a negligência reflete diretamente no índice de mortalidade infantil. 
 
Em Campo Grande, a taxa é de 8,74 mortes a cada mil nascidos vivos, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau). Já a Razão da Mortalidade Materna (RMM) da Capital foi de 35 óbitos maternos por 100 mil nascidos vivos em 2017, classificada como médio risco pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Enquanto que no Estado a média é 66 óbitos por 100 mil nascidos. 
 
A principal causa de mortes infantis está relacionada com afecções perinatais (49%) - que são doenças relacionadas com problemas do bebê para respirar e complicações de saúde antes, durante e logo após o parto -, em seguida vem as malformações congênitas e anomalias cromossômicas (32%).
 
Grávida de 38 semanas, Girlayne Greice da Silva, 35 anos, faz acompanhamento médico desde o primeiro mês de gestação. Prestes a pegar a filha no colo, sabe da importância dos exames. “A gente fica sabendo cada detalhe de como está o bebê e também como está a nossa saúde. Eu acho que é fundamental”, considera.
 

Médico denuncia negligência na gestão do PAM

 “A coisa está muito errada. Senti na pele o que a população passa todo dia”, cobra Dr. Marcos

 
O médico mandaguariense Dr. Marcos César Valério de Almeida teceu duras críticas neste sábado (20) à gestão do PAM (Pronto Atendimento Municipal) de Mandaguari. Secretário de Saúde do município entre 2005 e 2008, Almeida é cardiologista e chefe da equipe de médicos residentes no Hospital da Beneficência Portuguesa, em São Paulo.
 
“Isso não vai ficar desse jeito. É um absurdo, como cidadão, ver isso. Eles não sabem tocar aquilo”, denunciou. Sua mãe, a pioneira Maria Valério de Almeida, acometida de uma doença grave, sofreu uma crise respiratória. Às pressas, familiares buscaram atendimento no local.
 
Duas filhas saíram de sua residência, no centro de Mandaguari, em direção ao Hospital Santa Rita, em Maringá. Na saída da cidade, decidiram pedir auxílio do PAM para a transferência, em virtude da necessidade de oxigênio, por causa da crise respiratória.
 
“Negaram ambulância para a minha mãe. O dever dessa unidade é atender e resolver o problema, e não criar dificuldades. Eles deixaram sentada numa cadeira de rodas uma senhora de 81 anos entrando em insuficiência respiratória. O que é emergência então?”, indagou.
 
Foi na gestão do médico que o Pronto Atendimento local obteve recursos para reforma e ampliação de sua estrutura. O médico foi responsável também por aquisição de diversas ambulância e de um moderno aparelho de raio x, utilizado atualmente pelo município.
 
“Até quando vai continuar morrendo gente nesse PAM? Onde nós vamos chegar”, cobrou. “Hoje aconteceu isso com quem tem discernimento e enxerga a falha do processo, que não tem gestão. Agora, e a população, vai ‘pro pau, deixa rodar, a população que se dane’”?
 
Após apelos e uma forte discussão entre o médico e uma enfermeira plantonista, uma ambulância, estacionada durante todo o tempo em frente ao local, foi autorizada a fazer o transporte.
 
Revoltado, o médico finalizou: “como usuário e como médico, as falhas são gritantes. Chegou o momento e têm que tomar posição quem está acima dessa gente. Alguma coisa está muito errada. O que essa gente está fazendo com os humildes que precisam da saúde? Senti na pele o que a população passa todo dia “, desabafou.

Portal Agora

Cais podem ser fechados por falta de médicos, Raio-X, laboratório

No Cais Amendoeiras, por exemplo, não há profissionais da pediatria, Raios-X e um laboratório para atender a população na emergência
 
Usuários reclamam de problemas estruturais e falhas no atendimento em unidades de saúde
 
A saúde em Goiânia precisa urgente da atenção do poder público municipal, pelo menos é o que fica evidente nos relatos de usuários, funcionários e profissionais da área durante a produção desta reportagem, que entrou em consultórios do Cais Amendoeiras e Cais Chácara do Governador, por exemplo. Falta  limpeza, medicamentos e até mateeriais para curativos. 
 
No Cais Amendoeiras, a situação é crítica. Foram vistos papeis ensanguentados jogados no chão, ao lado de pacientes que recebem medicação. Também foram vistas luvas cirúrgicas mal armazenadas, ampolas de remédios já utilizados, jogados por cima da mesa. Há no Cais Amendieoras uma pia, aparentemente para lavar as mãos, cheia de lodo. Na maca, lençóis manchados. No Cais Chácara do Governador encontramos até banco sem o assento para pacientes. 
 
De acordo com um líder da comunidade, local onde está instalado o Cais Amendoeiras, na unidade de saúde não há profissionais da pediatria, Raios-X e sequer laboratório para atender a população na emergência. O líder pede que a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia tome atitudes urgentes para tratar com qualidade os moradores da região. 
 
Ainda nos relatos do lider comunitário, a  região é composta por 47 bairros, sem contar as pessoas de outras cidades que frequentam a unidade de saúde. “Estamos indo consultar em Senador Canedo, porque a saúde de lá está melhor que a daqui”. O líder comunitário informou que o Mutirão da Prefeitura foi no local e fez um “batom” na unidade há mais de um ano, mas que sequer médico pediatra tem no local. “Ginecologista, não tem. Dentista, não tem. Médicos de ambulatório não têm, só clinico geral”, finaliza.
 
A supervisora de atendimento Mylena Clemente está com sua avó, que sofre de câncer de pele e pneumonia na unidade e aguardava  por uma vaga na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). 
 
Márcia Clemente atualmente mora em Portugal e veio para o Brasil ajudar sua mãe, a idosa de 80 anos. De acordo com a filha da paciente que sofre de câncer e várias complicações, no momento em que a família chamou o Serviço de Atendimento Móvel (SAMU), a equipe médica disse que o caso não se tratava de atendimento médico, mas, na verdade, a idosa precisava de cuidados familiares, como qualquer outro idoso necessita de atenção da família. 
 
De acordo com o relato da filha, comparando a saúde que é acostumada a receber no outro país, ela disse que a saúde de Goiânia está péssima e que a família precisou se humilhar à equipe para levar a idosa para o hospital, sendo que, nos relatos da filha da paciente, um membro da equipe telefonou do local para alguém que apresentava-se ser o responsável pela equipe presente no local de maneira sarcástica com a situação, sorrindo ao comentar o caso da paciente, contou a filha da idosa. 
 
"O sentimento é de tristeza e indignação. Porque você paga seus impostos e infelizmente temos esse embutes [pedras semipreciosas] que nos roubam descaradamente e nos fazem humilhar para ter um atendimento indigno, porque é indigno", protesta a filha da paciente. 
 
Mylena reclamou sobre falta de remédios e equipamentos básicos na unidade, até mesmo antibióticos e Sonda nasogástrica, o que a fez gastar, em um dia, uma média de R$ 300.  "É muito triste a gente depender de um sistema que a pessoa, igual a minha avó, que tem 80 anos, fez contribuição e ela não ter sequer a dignidade de ter um atendimento", reclama a supervisora de atendimento.
 
A manicure Kelly Freitas levou a filha diagnosticada com pré-obesidade infantil no Cais Amendoeiras para exames de rotina. De acordo com Kelly, é difícil conseguir agendar uma consulta pelo  0800  e mãe conta que precisou ligar mais de cinco vezes para conseguir agendar a consulta para a filha. “O sistema é um pouco falho, e outra coisa é a questão dos horários. No 0800 você chega lá e a consulta é duas horas. Chega aqui e o médico chega três, então está um pouco bagunçado” 
 
Para a manicure, quando ela marca as consultas pelo guichê da unidade, é mais fácil. A filha da Kelly já está em sua segunda consulta e a mãe aguardava ver com o pediatra se será necessário voltar.  Sobre a medicação da filha, Kelly diz que todas as vezes que levou a filha para se consultar teve de comprar as medicações. “A gente gasta em média R$ 100 cada vez, porque às vezes é antibiótico, porque remédio eu nunca peguei aqui [na unidade]. Toda vez que ela consultou eu tive que comprar”, afirma a manicure. 
 
Por e-mail a equipe de reportagem conversou com a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS). No local, tentamos conversar com a responsável pelo Cais, que não quis gravar entrevista quando foi informada sobre as fotos da denúncia e disse ter sido orientada pela assessoria de comunicação a não se pronunciar formalmente.
 
Em nota, a assessoria de comunicação da SMS de Goiânia se manifestou de maneira geral. “A Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia informa que acompanha todas as visitas feitas pelo Ministério Público no Cais Amendoeiras e que está se reunindo com o promotor Vinícius Jacarandá  para avaliar e definir ações de adequação no que for necessário“, encerra a nota.  
 
Profissionais ficam reféns do sistema precário  
Uma médica, que atente em uma unidade Cais de Goiânia e que não quis se identificar, contou que é frustrante para o profissional da saúde fazer o atendimento ao público e vê-lo voltar por falta de condições de comprar o medicamento, já que muitas vezes falta o produto nesses órgãos públicos.
 
A médica atende, em média, 70 pacientes e diz que é uma rotina difícil. Sobre a falta de medicamentos, a profissional se posiciona. “Para mim é difícil, porque você faz o atendimento, mas sozinha eu não faço nada. Aqui é uma área carente. A maioria das pessoas que vem aqui necessitam de ajuda, de medicamento, e quando falta é sinal que eles não vão conseguir fazer o tratamento por falta da medicação. Então, é meio que o meu serviço é em vão” desabafa a médica. 
 
Aparelho de raios-X
 
Na recepção do Cais Amendoeiras, uma funcionária abordou nossa reportagem e perguntou se estávamos no local para levar à unidade o aparelho de raios-X e o pediatra para a emergência, e disse que a população precisa dessa atenção imediatamente. Procurada sobre a falta de medicamentos para os pacientes, a farmácia do local disse não dar respostas para jornalistas sobre quais insumos faltam na unidade e indicou procurarmos a assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Saúde do município. 
 
Na porta do laboratório, um informativo “A partir do dia 01/06/2018 não haverá mais atendimento do laboratório São Marcos no Cais Parque Amendoeiras. Resultados de exames realizados através de chequinhos devem ser pegos no endereço da Rua 05 esquina com a Rua 09 – Centro, Goiânia”, o que é complicado para os usuários do Cais Amendoeiras. 
 
Equipe
 
Em relação ao atendimento médico, Myllena, a personagem da reportagem a cima, elogiou a equipe médica e disse que a equipe, desde a chegada de sua avó na unidade, se prontificou a fazer o possível até mesmo para a transferência para a UTI, mandando, inclusive, relatório para o Ministério Público, informando o órgão sobre o estado de saúde da idosa e a necessidade da vaga. 
 
Uma senhora que não se identificou disse, na porta do Cais Chácara do Governador que ela foi atendida em menos de dez minutos e elogiou os profissionais do local. Satisfeita com o atendimento, ela informou ser uma situação atípica e que se sentia feliz por ter sido rápido o atendimento. Outros usuários dentro da unidade confirmaram a fala da senhora, como por exemplo um casal que aguardava atendimento e que viu a fila diminuir rapidamente.