Na manhã desta quarta-feira (3), a família da aposentada Maria Alice Cordovez Vale, 85 anos, denunciou à reportagem da Folha do Acre o descaso no atendimento que a paciente estava recebendo no Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb) e que estavam “batalhando” por uma vaga na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas infelizmente o socorro não chegou a tempo e a idosa faleceu na emergência clínica da unidade hospitalar.
A paciente de 85 anos deu entrada no Huerb após fraturar o fêmur, mas não recebeu atendimento para a área fraturada, sendo medicada apenas com dipirona e após dias no hospital adquiriu uma bactéria hospitalar e como não foi atendida a tempo e foi a óbito por volta das 11 horas de quarta-feira, denuncia as netas da idosa, Sabrina e Samara Vale Aguiar.
Para a família, que viu toda a agonia da paciente, incluindo dois desmaios na madrugada na terça-feria (2) e mesmo assim não recebeu o atendimento médico, a paciente foi negligenciada.
“Minha avó agonizou por dia no leito 119 da ala feminina e nem para a emergência eles traziam, quando desceram com a minha vó o médico disse que infelizmente o caso já era muito delicado, sendo necessário UTI. Ela foi mais uma vítima do descaso e da falta de humanidade com que tratam pacientes. A noite ela desmaiou duas vezes e as enfermeiras e auxiliares só nos diziam que não havia médicos. Se ao menos tivessem levado ela para a sala de emergência porque lá sempre fica plantonista, mas nem isso”, lamenta Samara Aguiar.
Apesar da idade avançada, a família da senhora Maria Alice alega que ela não possuía nenhuma patologia agravante que pudesse levá-la a morte e que apenas o descaso em tratar de uma simples fratura no fêmur levou ao desfecho trágico.
“No dia que chegamos nem ortopedista tinha. Ela ficou numa maca coberta só por um lençol, só depois que a mandaram para o leito, mas que adianta leito se não tem médico para ver o caso. O que ela conseguiu no Huerb foi essa maldita infecção hospitar”, diz.
Não é um caso isolado
Minutos após o falecimento de Maria Alice Cordovez, a reportagem da Folha do Acre esteve no Huerb para entrevistar familiares e checou in loco a superlotação e o caos instalado na unidade hospitalar.
De acordo com o depoimento de uma auxiliar de enfermagem que não quis identificar, por temer retaliações, havia na minúscula sala onde funciona a emergência clínica 12 pacientes em intubação, procedimento de suporte avançado de vida. Tais pacientes em tese defendida na literatura médica necessitam de leitos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas a exemplo da senhora Maria Alice que foi a óbito antes de conseguir o leito é provável que eles também não consigam. A UTI da unidade hospitalar está lotada, sem previsões para abertura de novas vagas.
À reportagem, a diretora do Huerb, Michele Melo, afirmou que na manhã desta quarta-feira havia 13 pacientes na sala de emergência clínica e que os pacientes intubados que aguardam vagas para UTI são assistidos lá com toda a qualidade necessária.
“Hoje temos 13 pacientes na sala de emergência clínica. A mesma, pelo padrão da rede de urgências e emergências do SUS, é denominada “Vaga Zero”, ou seja, todo paciente crítico que necessite estar na sala não pode ser negada assistência”, diz.
Michele afirmou, ainda, que quem define as regras para transferência de pacientes para UTI é o setor de regulação médica que segue padrões sérios e frisou que a sala de emergência é bem equipada.
“Assistimos a todos que precisam. Da forma que for necessário. Existe uma regulação de leitos, com leis e regulamentos nacionais para definir as prioridades de vaga. Temos na sala de emergência clinica do Huerb tudo que é necessário para assistir um paciente crítico”, finaliza.
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