Bebê de apenas 40 dias chegou em estado grave à emergência e foi mandado embora duas vezes
Você percebe que seu filho – de apenas 40 dias – não está bem, ele não se mexe muito, está pálido e com a temperatura corporal baixa. Vai para o hospital. Passam pela triagem, o pediatra avalia superficialmente e diz que está tudo bem. Você não entende nada de medicina, olha para o seu filho, ele parece melhor, então volta para casa. Poucas horas depois, ele volta a ter os mesmos sintomas, parece se mexer ainda menos, está ainda mais pálido. Você volta ao hospital, o mesmo pediatra avalia novamente e diz que ele está desidratado e precisa de mais leite, recomenda que a dose de mama seja aumentada e que ele seja colocado próximo a um aquecedor. Você volta para casa e segue as recomendações, mesmo ele não querendo mamar, você insiste – afinal, foi a recomendação do pediatra. Ele mama, parece voltar um pouquinho a cor normal. Mais algumas horas se passam e o seu filho piora bruscamente, ele está roxo, não se mexe, não responde a nenhum chamado seu. O pai se desespera, pega ele no colo, balança, mas ele não reage. Corre para o hospital, de novo! Dessa vez, não é o pediatra que atende, é uma médica – clínica geral – que parece ter sido enviada por Deus para salvar o seu filho. Ele estava praticamente sem sinais vitais.
Este relato é parte do que o jovem casal David Cardoso da Silva e Emily Dal Pont Inácio viveu no último domingo, 7. Por uma negligência médica, o filho deles, Davi – que nasceu prematuro e hoje completa exatos 43 dias de vida – quase perdeu a vida. “Quem salvou a vida dele foi a doutora Cynthia, que pegou o Davi nos braços e correu para salva-lo. Ela tirou mais de 400 ml de leite de seu pulmão. O meu filho estava afogado todo aquele tempo, ele teve quatro paradas cardíacas – duas delas em casa – e o pediatra nos mandou embora, duas vezes. Isso é revoltante, é dor demais para uma mãe e um pai”, desabafa Emily.
Graças a agilidade da médica, Davi foi salvo e encaminhado à UTI Neonatal do Hospital Santa Catarina. “Durante a transferência, ainda na ambulância, os médicos do SAMU ficaram apavorados com o estado dele, disseram que jamais um pediatra poderia ter liberado um bebê naquele estado. Quando chegamos no Santa Catarina, o médico nos disse que foi um milagre, ele jamais havia tido notícias de que um bebê havia sobrevivido a um afogamento, ainda mais por um período tão grande”, afirma.
Hoje, dois dias depois do fato, Davi segue internado na UTI, respira com ajuda de aparelhos, recebe soro e alimentação por sondas, está com uma série de infecções, pneumonia, e já precisou até de transfusão de sangue. “É muita dor para um pai ver o meu filho neste estado, não desejo isso que estamos passando para ninguém. Nosso filho é um guerreiro, tivemos mais uma prova de que ele tem muita força de vontade de viver – ele nasceu prematuro, com apenas seis meses de gestação e desde o dia 26 de agosto o que mais tem feito é lutado para sobreviver. Dói muito ter que enfrentar idas e vindas para outra cidade diariamente para ver nosso filho todo entubado, sedado, quando ele poderia estar em casa. Infelizmente isso aconteceu com a gente, por culpa de um mal atendimento, mas não queremos que mais nenhum pai passe por isso”, desabafa David.
Os pais já procuraram a administração do Hospital Regional de Araranguá para relatar o fato e pedir providências. “Nós não temos nada a reclamar do hospital, inclusive o Davi nasceu aqui e foi muito bem atendido. O que nos revolta é o mal atendimento, a falta de ética e de responsabilidade deste médico que quase tirou a vida do nosso filho. Temos em mãos o laudo dele e do médico que nos atendeu no Santa Catarina, isso prova o quão negligente ele foi. No que depender de mim e da minha família, faremos de tudo para afastar este médico – que nem merece ser chamado assim – do atendimento, nenhuma criança merece passar pelas mãos dele”, finaliza.
HRA toma providências
A reportagem do Grupo W3 entrou em contato com a direção do Hospital Regional para buscar esclarecimentos. De acordo com o diretor técnico, Eduardo Ali Dominguez, uma sindicância será aberta. “Os familiares nos procuraram, nós tomamos conhecimento do caso e a partir deste momento vamos abrir uma sindicância interna para avaliar todo o prontuário de atendimento. Nós compreendemos a situação dos pais, nos solidarizamos e nos colocamos à disposição para avaliar esta situação”, destaca.
*Devido a uma recomendação jurídica, a reportagem se reserva ao direito de não divulgar o nome do médico, uma vez que sua divulgação poderá resultar em complicações judiciais à empresa.
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