terça-feira, 23 de outubro de 2018

Dentista é condenada por morte de mulher que extraiu dente e teve infecção generalizada em MT

Jucilene extraiu o siso no dia 4 de julho de 2015 no Centro Odontológico do Povo (COP), clínica particular que ficava em Várzea Grande. Ela faleceu 4 dias depois na Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá.
 
 Foto: Divulgação
 
A dentista Cristiane Rossi Gentelin foi condenada a 1 ano e 4 meses de prisão pelo crime de homicídio culposo, após a morte da gerente de loja Jucilene de França, de 31 anos, em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá. A decisão é do juiz Abel Balbino Guimarães, titular da 4ª Vara Criminal de Várzea Grande, no dia 28 de setembro.
 
Conforme a decisão, a dentista não vai pagar danos materiais à família da vítima e vai cumprir a pena em regime aberto.
 
Jucilene extraiu o siso no dia 4 de julho de 2015 no Centro Odontológico do Povo (COP), clínica particular que ficava em Várzea Grande. Ela faleceu 4 dias depois na Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá.
 
O laudo de necrópsia da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) de Mato Grosso apontou que a morte da gerente foi causada por choque séptico em consequência de uma grave infecção após a extração do dente.
 
O marido da vítima, Célio Leite Magalhães, afirmou ao juiz que Jucilene procurou a clínica no dia seguinte à cirurgia para retirada do siso.
 
“Ela já amanheceu ruim e aí a gente foi de novo lá [na clínica]. Ela foi perguntar e eu continuei indo junto com ela. Falaram que era normal, que eles estavam seguindo todos os procedimentos. Ela ficou desesperada, pois já não conseguia mais falar”, afirmou o marido.
 
De acordo com o magistrado, a dentista deixou de receitar antibiótico, diante de quadro de dor que se apresentava, bem como ficou evidenciado que no dia seguinte após a extração do dente da vítima, ela retornou ao consultório em que Cristiane atendia para verificar se a dor que sentia era normal e, novamente, foi negligenciada, já que nada foi feito, inclusive, foi dito que tudo estava normal.
 
“Somente após três dias da extração do dente da vítima, quando ela retornou ao consultório odontológico novamente, pois sentia muita dor é que a ré receitou antibiótico, no entanto, o quadro infeccioso já estava instalado conforme exames médicos”, afirmou o juiz.
 
Para o magistrado, a dentista agiu de forma imperita e negligente sem obedecer a regra técnica da profissão odontológica, pois quando atendeu a vítima, mesmo que ela não se queixasse de dores no local, a exigência de exame e indicação de remédios é o que a jurisprudência médico/odontológica exige nessas circunstâncias mas, ao contrário, fez a extração do dente e deixou de receitar antibiótico, fazendo com que se agravasse naquela região bucal um quadro infeccioso, sucedido pelo acometimento da angina de Ludwig que ocasionou a morte da vítima.
 

Morte

 
Após a cirurgia, Jucilene passou a ter febre, sentia dores, estava inchada e tinha secreções. Um edema também surgiu no pescoço da paciente e então a família decidiu procurar a clínica no dia 6 de julho. Nessa data a família diz que foi ‘deixada de lado’ pela clínica, que supostamente orientou que Jucilene continuasse tomando os mesmos remédios.
 
O estado de saúde de Jucilene piorou e a família voltou para a clínica pela segunda vez, no dia 8 de julho. No mesmo dia Jucilene foi levada para um pronto-atendimento particular em Cuiabá e em seguida precisou ser internada na Santa Casa de Misericórdia, onde morreu por volta de 23 horas.
 

Família

 
Jucilene era casada há cinco anos com Célio Leite de Magalhães. A gerente deixou um filho de 16 anos e uma menina de apenas seis anos. O viúvo alega que a clínica agiu com descaso em relação à mulher dele.
 
Ele negou que Jucilene tenha agido com imprudência após a cirurgia e garante que a mulher fazia check-up médico com frequência, sem ter nenhum problema de saúde. “Foi negligência da clínica. Ela seguiu todas as orientações dos dentistas e tomou os remédios da forma correta”, afirmou.
 

Clínica

 
À época, o COP disse que a paciente passou por uma radiografia e extração simples, ‘transcorrendo tudo dentro da normalidade’. A clínica disse que Jucilene recebeu orientações sobre as condutas após a cirurgia e uma receita de medicamentos que deveriam ser tomados.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário