sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Médico suspeito de importunação sexual já foi denunciado por outra paciente em 2015

Há 3 anos, outra paciente relatou situação parecida e registrou ocorrência na delegacia. Da última vez, profissional, que nega acusações, chegou a ser preso, mas foi solto após pagar fiança.
 
Médico suspeito de importunação sexual já foi denunciado por outra paciente em 2015
 
O médico suspeito do crime de importunação sexual contra uma paciente durante uma consulta, em uma unidade de saúde, na última segunda-feira (15), quando chegou a ser preso, já havia sido denunciado por situação semelhante três anos antes. Em maio de 2015, uma mulher, hoje com 34 anos, registrou um boletim de ocorrência contra o profissional. Os dois casos ocorreram no Cais do Bairro Goiá, em Goiânia.
 
A vítima, que prefere não se identificar, disse que foi até o local para mostrar resultados de exames de endoscopia e hemograma. Ao entregar os documentos, ela relatou dores no peito e nas costas, além de secreção no nariz e muito espirro.
 
Em seguida, ainda segundo a paciente, o médico a assustou, pois começou a agir de forma estranha.
 
"Ele trancou a porta do fundo onde as enfermeiras têm acesso e a da frente, onde os pacientes entram. Ele falou para eu me posicionar colocando as mãos na maca. Ele veio atrás de mim e começou a se esfregar seus órgãos no meu quadril, ele começou a esfregar o rosto no meu pescoço", disse à TV Anhanguera.
 
O G1 entrou em contato com o advogado Ladislau Gonçalves do Couto Neto, representante do médico, mas ainda não obteve retorno. As tentativas foram feitas nesta quarta-feira (17) por email, às 13h39, e por telefone, às 13h45.
 
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia disse que abriu sindicância para investigação das denúncias contra o médico. "O médico já foi afastado das atividades", afirmou.
 

Vítima 'tensa'


No boletim, consta ainda que a mulher disse que percebeu que a situação estava "errada" e que, ao tirar as mãos da maca, o médico disse que ela estava "tensa".
 
Logo depois, conforme a ocorrência, o médico percebeu que a vítima estava "apavorada" e pediu que ela se sentasse para começar a analisar os exames. Por fim, solicitou que ela retornasse depois de três meses.
 
A mulher contou ainda que, após a consulta, foi reclamar para a direção do Cais, mas foi informada que não seria possível fazer nada. Na nota enviada à reportagem, a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS) não comentou sobre este caso em específico.
 
Na época, o caso foi registrado no 22º Distrito Policial de Goiânia como importunação ofensiva ao pudor, uma contravenção penal. A mulher disse que ela foi avisada que o caso seria apurado e, quando houvesse alguma novidade, ela seria avisada, o que nunca ocorreu.
 
O G1 entrou em contato com a assessoria de imprensa da Polícia Civil, por mensagem, às 13h15, para saber se o caso teve alguma conclusão e aguarda retorno.
 

Outro caso


O outro caso foi registrado na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam). Ele chegou a ser preso em flagrante, mas foi liberado no dia seguinte. A delegada que fez o flagrante, Laura de Castro Teixeira, disse que o atendimento transcorria de forma normal até que a mulher se sentiu constrangida com uma atitude do médico.
"Durante o exame, o médico fez perguntas normais sobre a enfermidade. Em determinado ponto, a vítima relatou que se inclinou e o médico teria tocado o órgão sexual nela", disse ao G1.
 
A mulher contou que se levantou, interrompeu a consulta e saiu da sala. Ela declarou também que tentou ser atendida por outra profissional, mas não foi possível, ela e o marido, que o aguardava, chamaram a polícia.
 
Após ouvir os envolvidos, a delegada determinou a prisão do homem. “A gente sabe que o profissional da saúde tem toda uma metodologia a ser seguida, mas houve esse excesso, no meu ponto de vista, e houve contradição na declaração, em determinado momento, o que fez a gente se sentir mais segura para decretar essa prisão”, completou.
 
Em depoimento à Polícia Civil, o investigado negou as acusações.
 

Audiência


Após passar a noite na prisão, o médico passou por uma audiência de custódia, na qual foi liberado após pagar fiança no valor de R$ 5.724.
 
O caso está em segredo de Justiça, portanto, os nomes dos envolvidos não foram divulgados.
 
O advogado do médico disse à TV Anhanguera, na ocasião, que vai provar a inocência do seu cliente.
 

Novo crime


A importunação sexual tornou-se lei recentemente, no último dia 24 de setembro, quando o presidente em exercício na ocasião, Dias Toffoli, presidente da Supremo Tribunal Federal (STF) sancionou o texto.
 
A lei, que consta no Artigo 215-A do Código Penal, traz a seguinte descrição do crime: "Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro".
 

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