quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Familiares se mobilizam e exigem melhorias na saúde

Manifestações ocorrem após mortes de pacientes em atendimentos no município; em setembro foram 3 óbitos que levantaram suspeitas das famílias

Familiares de Heloyse se mobilizaram em carreata pela cidade, para protestar contra a morte da menina. Foto: Cedida/André Luís Contiero
Familiares de pacientes que morreram após atendimento em UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento) de Presidente Prudente têm se mobilizado e exigido melhorias no serviço oferecido. Uma das famílias, inclusive, realizou uma carreata para manifestar sua insatisfação com a saúde municipal. Apenas em setembro, três mortes chamaram a atenção no município, além de outras que foram noticiadas em períodos anteriores.

Um caso recente que gerou comoção na cidade foi a morte da pequena Heloyse Monteiro Contiero, de 7 anos, atribuída pelos parentes a uma suposta negligência médica. O tio da criança, André Luís Corado Contiero, 37 anos, afirma que a família ainda está no aguardo dos exames clínicos que poderão indicar a causa da morte. “Quando deu entrada na UPA do Ana Jacinta, o médico perguntou à mãe se a criança tinha alergia a alguma medicação. Mas, pelo fato de ela ser bastante sadia, respondeu que não sabia, porque nunca precisou ir ao médico e, na ocasião, morreu após 12 paradas cardíacas”, lamenta o tio.

“Quando a morte foi noticiada, o pai de Heloyse estava tão transtornado quando abordado pela equipe médica, que optou por não fazer autópsia do corpo e aguardar o resultado dos exames solicitados”, pontua André, que organizou uma passeata no último fim de semana até a unidade, com destino à comunidade São José, onde foi celebrada missa para familiares, amigos e munícipes. Na ocasião, o secretário municipal de Saúde, Valmir da Silva Pinto, afirmou que “todos os esclarecimentos” sobre a morte da menina haviam sido prestados pela equipe interna aos familiares, descartando qualquer indução de erro médico.

Outro caso é o de Valdeci Ferreira, que faleceu no dia 3 de setembro, após atendimento na unidade do Jardim Guanabara com dores nas costas, o que evoluiu para um infarto. A esposa dele, Joelma de Moura Harada, 40 anos, encaminhou à reportagem um laudo emitido pela VEM (Vigilância Epidemiológica Municipal), que aponta a causa da morte como gripe A (H1N1), contudo, acredita que o quadro tenha se agravado por suposta negligência médica. Por outro lado, a diretora clínica da unidade, Yumi Morimoto, diz que uma sindicância foi aberta para apurar a morte de Valdeci, e que não tem como afirmar, no momento, a causa do óbito.

 “Medo do atendimento”

A dona de casa Marilza dos Santos, 47 anos, por sua vez, diz ter receio em ser atendida nas unidades de saúde do município, após o falecimento do cunhado Darci Pereira da Silva, 51 anos. “No dia 20 de setembro, ele teve um princípio de infarto e foi atendido por um plantonista da UPA da zona norte, que deu alta médica com a indicação de um medicamento para evitar o infarto”, comenta.

No entanto, cinco dias depois, conforme Marilza, ele voltou a passar mal e retornou à unidade, quando a equipe médica solicitou “cateterismo com urgência”, e conseguiu uma vaga no HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo por meio do Sistema Cross (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde), onde foi para o CTI (Centro de Terapia Intensiva) e morreu após duas paradas cardíacas. “Acredito que a demora para internação contribuiu para a morte”, ressalta.

De acordo com Valmir, titular da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), “as acusações contra a Saúde são feitas sem fundamento técnico”. “Temos equipes multiprofissionais que atendem a média de 800 pessoas por dia nas unidades de pronto-atendimento. Então, é necessário ter cautela ao fazer possíveis acusações para que não assuste aos demais pacientes, e não coloque o profissional em risco, uma vez que ele está sempre disposto e preparado a atender a todos”, pontua o secretário.

SAIBA MAIS

Como noticiado por este periódico, de acordo com o Datasus (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde), na 10ª RA (Região Administrativa) do Estado de São Paulo existem 2.321 vagas de internação, o que representa 0,26% do contingente populacional estimado (888.219 habitantes).

Na época, o conselheiro do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo), Roberto Lotfi Júnior, disse que a maioria dos leitos se concentra nos hospitais de base em Prudente, o que não descarta aglomerações, principalmente em UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Ainda, afirmou que “o comparativo é delicado, pois nem todos precisam se internação”. “Por conhecer a realidade brasileira não estamos em nível ótimo, mas, bom”, considera.

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