Familiares
de pacientes que morreram após atendimento em UPAs (Unidades de
Pronto-Atendimento) de Presidente Prudente têm se mobilizado e exigido
melhorias no serviço oferecido. Uma das famílias, inclusive, realizou uma
carreata para manifestar sua insatisfação com a saúde municipal. Apenas em
setembro, três mortes chamaram a atenção no município, além de outras que foram
noticiadas em períodos anteriores.
Um
caso recente que gerou comoção na cidade foi a morte da pequena Heloyse
Monteiro Contiero, de 7 anos, atribuída pelos parentes a uma suposta
negligência médica. O tio da criança, André Luís Corado Contiero, 37 anos,
afirma que a família ainda está no aguardo dos exames clínicos que poderão
indicar a causa da morte. “Quando deu entrada na UPA do Ana Jacinta, o médico
perguntou à mãe se a criança tinha alergia a alguma medicação. Mas, pelo fato
de ela ser bastante sadia, respondeu que não sabia, porque nunca precisou ir ao
médico e, na ocasião, morreu após 12 paradas cardíacas”, lamenta o tio.
“Quando
a morte foi noticiada, o pai de Heloyse estava tão transtornado quando abordado
pela equipe médica, que optou por não fazer autópsia do corpo e aguardar o resultado
dos exames solicitados”, pontua André, que organizou uma passeata no último fim
de semana até a unidade, com destino à comunidade São José, onde foi celebrada
missa para familiares, amigos e munícipes. Na ocasião, o secretário municipal
de Saúde, Valmir da Silva Pinto, afirmou que “todos os esclarecimentos” sobre a
morte da menina haviam sido prestados pela equipe interna aos familiares,
descartando qualquer indução de erro médico.
Outro
caso é o de Valdeci Ferreira, que faleceu no dia 3 de setembro, após
atendimento na unidade do Jardim Guanabara com dores nas costas, o que evoluiu
para um infarto. A esposa dele, Joelma de Moura Harada, 40 anos, encaminhou à
reportagem um laudo emitido pela VEM (Vigilância Epidemiológica Municipal), que
aponta a causa da morte como gripe A (H1N1), contudo, acredita que o quadro
tenha se agravado por suposta negligência médica. Por outro lado, a diretora
clínica da unidade, Yumi Morimoto, diz que uma sindicância foi aberta para
apurar a morte de Valdeci, e que não tem como afirmar, no momento, a causa do
óbito.
“Medo do atendimento”
A
dona de casa Marilza dos Santos, 47 anos, por sua vez, diz ter receio em ser
atendida nas unidades de saúde do município, após o falecimento do cunhado
Darci Pereira da Silva, 51 anos. “No dia 20 de setembro, ele teve um princípio
de infarto e foi atendido por um plantonista da UPA da zona norte, que deu alta
médica com a indicação de um medicamento para evitar o infarto”, comenta.
No
entanto, cinco dias depois, conforme Marilza, ele voltou a passar mal e
retornou à unidade, quando a equipe médica solicitou “cateterismo com
urgência”, e conseguiu uma vaga no HR (Hospital Regional) Doutor Domingos
Leonardo Cerávolo por meio do Sistema Cross (Central de Regulação de Ofertas de
Serviços de Saúde), onde foi para o CTI (Centro de Terapia Intensiva) e morreu
após duas paradas cardíacas. “Acredito que a demora para internação contribuiu
para a morte”, ressalta.
De
acordo com Valmir, titular da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), “as acusações
contra a Saúde são feitas sem fundamento técnico”. “Temos equipes
multiprofissionais que atendem a média de 800 pessoas por dia nas unidades de
pronto-atendimento. Então, é necessário ter cautela ao fazer possíveis
acusações para que não assuste aos demais pacientes, e não coloque o
profissional em risco, uma vez que ele está sempre disposto e preparado a
atender a todos”, pontua o secretário.
SAIBA
MAIS
Como
noticiado por este periódico, de acordo com o Datasus (Departamento de
Informática do Sistema Único de Saúde), na 10ª RA (Região Administrativa) do
Estado de São Paulo existem 2.321 vagas de internação, o que representa 0,26%
do contingente populacional estimado (888.219 habitantes).
Na
época, o conselheiro do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São
Paulo), Roberto Lotfi Júnior, disse que a maioria dos leitos se concentra nos
hospitais de base em Prudente, o que não descarta aglomerações, principalmente
em UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Ainda, afirmou que “o comparativo é delicado,
pois nem todos precisam se internação”. “Por conhecer a realidade brasileira
não estamos em nível ótimo, mas, bom”, considera.
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