domingo, 23 de setembro de 2018

Polícia flagra clínica com suspeitas de tortura e cárcere em Benevides, no Pará

O local atendia dependentes químicos e tinha condições inadequadas de higiene. A Polícia encontrou correntes, medicamentos e equipamentos que podem ter sido usados para tortura.

Polícia descobre clínica de dependentes químicos que mantinha internos acorrentados

Seis dependentes químicos foram resgatados nesta sexta-feira (21) de uma clínica irregular em Benevides, região metropolitana de Belém, que, segundo a Polícia, mantinha os internos acorrentados. Segundo as investigações, o local tinha condições inadequadas de higiene e há suspeita da prática de tortura. Os donos da clínica negaram.

No local, a Polícia encontrou correntes, medicamentos e aparelhos que seriam usados para torturar os pacientes. Quatro pessoas foram levadas para a delegacia.
Um dos pacientes disse que era ameaçado e maltratado.
"Fui algemado e (...) se tomasse qualquer atitude, eu seria acorrentado e teria que defecar nas minhas próprias roupas, na minha própria cama e quem estivesse lá fora teria que limpar, assim como nós fazíamos com os que estavam acorrentados", disse.

A Polícia estava em uma operação de rotina no local onde a clínica irregular estava localizada. Um pedido de socorro feito à mão dizia "Socorro Polícia" e chamou a atenção.

A delegada Claudilene Maia, responsável pelo caso, disse que os internos eram vigiados por duas pessoas que eram ex-detentos.
"Os monitores eram ex-custodiados, sem aptidão técnica alguma para cuidar de dependentes químicos", revelou.

A mãe de um dos pacientes disse que visitava o filho com regularidade e alegou que ele era bem tratado. "Eu chegava lá e ele estava limpo, comia direito, nunca tive nada a reclamar da clínica", afirmou.

De acordo com advogada dos donos da clínica irregular, Beatriz Leitão, o casal mantinha uma ONG para tratar dependentes químicos e negou que houvesse tortura na casa.

"Eles eram observados. Havia um sistema onde eles viviam soltos. Alguns, dependendo da crise, tinham período de abstinência, quando ficavam em isolamento, mas não com tortura, nada disso", alegou.

A Polícia abriu inquérito para apurar o caso e já ouviu depoimentos. Segundo a Polícia, os donos da clínica e as duas pessoas que vigiavam os internos devem responder por tortura, cárcere privado e associação criminosa.

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