Problemas de manutenção e regularização dos veículos são frequentes, assim como a falta de preparo dos condutores
Pneus carecas, falta de cintos de segurança, farois, luzes intermitentes e até sirenes. Esses foram apenas alguns dos problemas denunciados pelo Sindicato dos Condutores de Ambulâncias de Pernambuco (Sindconam-PE) em entrevista coletiva concedida na tarde desta segunda-feira, na sede da entidade. O pronunciamento da categoria aconteceu depois do acidente envolvendo uma ambulância que vinha do município de Belo Jardim, no Agreste do estado, em direção ao Recife, quando subiu numa mureta e capotou. Todos os passageiros foram socorridos e as duas gestantes que estavam no veículo perderam seus bebês.
Além dessas questões relacionadas à manutenção dos veículos usados no estado, os representantes da categoria apontaram ainda outros aspectos ligados à regularização das ambulâncias e à qualificação dos profissionais que as conduzem. Há carros, por exemplo, que somam milhares de reais em multas, enquanto um outro, usado pela Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Engenho Velho, tem uma placa na frente e outra na parte traseira. “Tem pessoas fazendo a parte do médico, quando elas não são médicas. Condutores irregulares, sem os cursos de condutor de veículo de emergência”, afirmou Nilson José, presidente do Sindconam-PE, que enviou à Procuradoria de Saúde do Ministério Público de Pernambuco um dossiê com as irregularidades denunciadas.
Em relação ao acidente ocorrido no último dia 12, Nilson avalia que tudo só aconteceu por conta do excesso de passageiros na ambulância. “Pela estrutura que é colocada nesse veículo, mais as pessoas que estavam lá dentro, mais equipamento, isso faz com que em qualquer ondulação de uma BR, esse carro flutue a parte dianteira e perca a direção”, pontuou. Havia seis pessoas dentro do veículo, que foram socorridas no Hospital Pelópidas Silveira e no Hospital da Restauração. Foi o vigésimo acidente envolvendo uma ambulância em Pernambuco apenas em 2018.
Dossiê
Procurada pela reportagem, a Promotoria de Saúde do MPPE declarou que recebeu, na noite desta segunda-feira, o dossiê encaminhado pelo Sindconam-PE, mas que ainda não teve tempo de analisá-lo com calma. A promotora Ivana Botelho informou que a maior parte das irregularidades apontadas dizem respeito a ambulâncias do setor privado, e por isso, ela deve solicitar informações a órgãos como o Corpo de Bombeiros e a Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa).
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