quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Psiquiatra de clínica clandestina de reabilitação é ouvido pela polícia

Local tinha condições inadequadas de higiene e há suspeita da prática de tortura


O médico Moisés Ribeiro Junior foi ouvido ontem pela delegada Claudilene Maia, da Delegacia de Benevides, que conduz as investigações sobre a clínica clandestina que funcionava no município, fechada no último dia 25. Seis dependentes químicos foram resgatados do lugar que, segundo a Polícia, mantinha os internos acorrentados. Segundo as investigações, o local tinha condições inadequadas de higiene e há suspeita da prática de tortura. Presos, os donos da clínica negaram as acusações.
Em depoimento, o médico disse que não sabia das práticas abusivas contra os pacientes. Ele compareceu de forma voluntária à delegacia e foi ouvido como testemunha do caso, pois não há nenhuma acusação contra ele. “Ele disse que não tinha qualquer contrato com a clínica e atuava apenas prestando consultas. Ele não chegou a entrar nas dependências da instituição, e por isso, não teve conhecimento de qualquer violação de direitos humanos”, disse a delegada. Ainda em depoimento, o médico disse que atendia apenas dois internos e foi contratado pela família dos pacientes. O pagamento de suas consultas era repassado pela dona da clínica.
A delegada Claudilene Maia ressaltou que o médico disse que não atendia de forma periódica no local, indo até a clínica clandestina poucas vezes. Ele receitava os medicamentos, mas deixava a administração sob a responsabilidade dos monitores, que eram ex-custodiados do local, sem aptidão técnica para cuidar de dependentes químicos. Moisés Ribeiro também negou ter conhecimento da falta de experiência profissional dos responsáveis. Além de Jardes Henrique Dias Lima e Erika Brelas Silva Guedes, donos da “casa de passagem”, os monitores Fernando Jhonatan Viana e Sidnei Lima do Nascimento também foram presos.
Proprietário
O dono da casa onde funcionava a clínica também foi ouvido ontem na delegacia de Benevides. José Fernandes de Oliveira foi intimado a depor e compareceu antes da chegada do médico. Segundo a delegada, o homem também não tinha conhecimento do que acontecia no local, e tinha um contrato de locação domiciliar com os responsáveis pela clínica. “Ele nem sabia que o imóvel estava sendo usada como uma ‘casa de passagem’, e se disse surpreso quando foi procurado pela polícia. Agora, ele exige que o contrato seja reincidido”, disse a delegada Claudilene Maia. A casa, que fica na Rua Joaquim Pereira de Queiroz, no município de Benevides, estava sendo alugada para Jardes e  Erika desde novembro de 2017.

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