Entidade afirmou que vai continuar fiscalizando frequentemente a unidade e oferecendo apoio aos profissionais
Uma das situações mais graves identificadas pela fiscalização do Coren no HR foi a de pacientes sendo atendidos nos corredores da unidade |
Fiscais do Conselho Regional de Enfermagem (Coren) estiveram novamente no Hospital Regional Elza Giovanela nessa terça-feira (26/2), para verificar como estão as condições de trabalho dos profissionais da enfermaria na unidade hospitalar e quais medidas a direção tomou para resolver os problemas já apontados em fiscalização anterior. O órgão já tinha realizado uma fiscalização no Regional em agosto do ano passado, quando constatou que o hospital não oferecia as condições ideais para que os enfermeiros pudessem trabalhar e que havia uma sobrecarga de trabalho sobre os profissionais.
Na primeira oportunidade, as fiscais do Coren apontaram que havia um número insuficiente de profissionais de enfermagem no Regional e que esse não tinha um local adequado para o descanso nos seus momentos de folga. O prédio que abriga o hospital também estava em péssimo estado, com problemas no teto, com setores inteiros tomados pelo mofo e com o seu mobiliário desgastado pelo tempo e tomado pela ferrugem. O Coren notificou na ocasião o enfermeiro chefe e a direção do hospital para que resolvesse num prazo de 120 dias o problema da falta de enfermeiros e os demais problemas apontados. Agora, decorrido mais do que o prazo dado pelo órgão para as melhorias e adequações no HR, a fiscalização retorna ao hospital e a conclusão é que muito pouco mudou.
“As questões estruturais fogem da nossa competência, assim como equipamentos e remédios que faltam, mas são coisas que interferem diretamente na assistência hospitalar. A questão do repouso dos profissionais de enfermagem, que dormiam em colchonetes no chão, de forma improvisada, já foi solucionado, mas o repouso no Centro Cirúrgico continua sendo no chão do banheiro”, informou Patrícia Vilela, fiscal do Coren.
“O que pudemos perceber foi que pouca coisa que foi notificada na outra fiscalização teve avanço”, afirmou a vice-presidente do Coren, Lígia Cristiane Arfeli |
Com relação a necessidade de um número maior de enfermeiros na unidade para darem conta da grande demanda que há no local, as fiscais do Coren dizem que houve algumas contratações, mas que o Estado, que atualmente está à frente do Regional, já realizou um seletivo e que em breve o quadro dos profissionais deve aumentar. “A Central de Material Esterilizado (CME) ainda não tem enfermeiros todos as horas do dia, o setor de imagens não tem enfermeiro, o ambulatório também não tem. Ainda temos muitas coisas que precisam ser resolvidas, como o caso de funcionários que estão há três meses sem receber os salários. Tem gente dependendo de doações de cestas básicas para poderem comer. Essa é uma situação muito ruim e não tem como não refletir na assistência prestada por esses profissionais”, denunciou a fiscal Cínthia Ribeiro.
Uma das situações mais graves identificadas pela fiscalização do Coren foi o atendimento de pacientes nos corredores do HR, recebendo medicação sem nenhum tipo de identificação, correndo o risco de terem sua medicação trocada ou algo pior. “Isso é terrível. E isso decorre da falta de profissionais e da falta de estrutura, que não suporta a demanda que existe aqui. Isso em parte poderia ser resolvido pelo novo Setor de Emergência, que já está pronto, com boa estrutura, pelo que pudemos ver, mas ainda não está em funcionamento, dependendo da instalação dos equipamentos e de licenças e alvarás”, completou Patrícia Vilela.
As fiscais do Coren encontraram medicação vencida no Hospital Municipal Dr. Antônio Muniz |
“O que pudemos perceber foi que pouca coisa que foi notificada na outra fiscalização teve avanço. Nós na verdade consideramos que não houve avanços. Porque o nosso objetivo ao vir aqui era constatar que as irregularidades tivessem sido sanadas. Porém, não foi isso que gente encontrou, infelizmente. Agora, o que for de infração ética, que é de responsabilidade do Coren, nós vamos formar o processo ético e encaminhar para a averiguação, e terá todo um processo legal, onde as pessoas envolvidas vão ter o direito de se defender. O que não for diretamente responsabilidade do Coren, nós vamos encaminhar para os órgãos competentes, como o Ministério Público, Ministério do Trabalho, sindicato da categoria e outros”, informou Lígia Cristiane Arfeli, vice-presidente do Coren.
Para ela, o subdimensionamento do quadro de enfermagem do Regional é uma das questões éticas, sob a qual o órgão pretende atuar, já que o número de profissionais é insuficiente, o que impossibilita que os mesmos façam seu trabalho com qualidade. “Há uma sobrecarga de trabalho sobre quem trabalha ali. Até pelas características dos pacientes que procuram pelo Regional, que são pacientes em estado grave. Isso não permite prestar uma assistência de qualidade, com segurança, a esse paciente que o procura. Isso é uma infração ética, que nós temos que averiguar, porque temos a obrigação de proteger a sociedade de uma má assistência”, continuou.
A vice-presidente do Coren completou a informação afirmando que a entidade vai continuar fiscalizando frequentemente a unidade e oferecendo apoio aos profissionais da enfermagem, assim como abrir procedimento ético contra o encarregado pelo corpo de enfermeiros do Regional, que poderá até, ao final do processo, ser proibido de exercer a profissão, caso seja considerado responsável pela situação.
Outras fiscalizações
A fiscalização do Coren também passou pela Unidade de Pronto Atendimento (Upa) e pelo Hospital Municipal, onde a equipe identificou diversos problemas, principalmente relacionados com as condições dos prédios que abrigam as unidades, com paredes descascadas e com infiltrações. As fiscais verificaram que nesses locais há um número suficiente de profissionais de enfermagem para atender à demanda, mas ao menos no Hospital Municipal foram detectados problemas como o uso de medicação vencida, o que pode colocar em risco a vida dos pacientes que recebem essa medicação.
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