Prefeitura diz que aguarda aprovação dos Bombeiros para retomar construção do antigo Hospital Metropolitano.
Imagem de 2017 mostra toda a estrutura do espaço, que passou a ser saqueado |
Iniciada em 2001 e paralisada desde 2012, a obra do antigo Hospital Metropolitano, na Zona Norte de Macapá, é motivo de preocupação ao invés de alívio para os moradores da região, que não tem hospital e conta somente com unidades básicas de saúde (UBSs) e de pronto atendimento (UPA).
Sem qualquer tipo de vigilância e com facilidade para acesso, a construção, às margens da BR-210, serve de esconderijo para usuários de drogas e assaltantes de casas e pedestres do entorno
Outro problema recente do espaço é a depredação de portas e janelas da estrutura, que além de vandalizadas são furtadas. O relato quem mora ou trabalha no entorno é de medo e revolta.
Em nota, a Prefeitura de Macapá, responsável pelo prédio, informou que irá reforçar o policiamento no local com rondas de equipes da Guarda Municipal no sentido de combater os furtos.
Interior da obra mostra paralisação das atividades no local |
Sobre a retomada da construção, o Executivo explicou que tem em caixa R$ 6 milhões para a conclusão do hospital. O restante do dinheiro deve ser completado com recursos alocados pela bancada federal, mas não foi dado prazo.
Trabalhadores do Terminal Rodoviário, que fica quase ao lado da obra, flagraram na última semana uma cena curiosa: várias pessoas no telhado do prédio que estariam furtando as telhas do hospital.
A cena se repete com frequência e não só as telhas estão sendo levadas. A estudante de enfermagem Aliúde Bernardes, de 22 anos, relata que até as pias foram saqueadas do local.
"Eu, como estudante de enfermagem, vejo essa situação como muita tristeza. Um lugar que poderia estar sendo usado para o bem da sociedade, fornecendo empregos, está tomado usuários de drogas e bandidos", disse a estudante, que mora no bairro Renascer 1, que fica no entorno da construção.
Josilene dos Santos, de 36 anos, trabalha ao lado do prédio do hospital |
Josilene dos Santos, de 36 anos, trabalha numa lanchonete no muro ao lado do hospital. Ela conta que é comum receber notícias de roubos e mortes no local.
"Há uns seis meses atrás mataram um homem dentro do hospital e agora no final do ano tentaram matar uma mulher. Roubo acontece direto, o pessoal rouba e se esconde dentro do prédio. Isso atrapalha nosso trabalho porque causa insegurança das pessoas frequentarem aqui por perto", lamenta.
Histórico da obra
Iniciadas em 2001, as obras foram paralisadas duas vezes em um período de 15 anos. A primeira delas ocorreu por conta de investigações da Polícia Federal na Operação Pororoca, deflagrada em 2005, que apontava desvio dos recursos destinados para construção.
Em 2017, a situação do hospital voltou à tona após assinatura de convênio entre Prefeitura e o Governo do Amapá que indicava a entrega e funcionamento do espaço. A previsão era de que a obra fosse concluída em dois anos. Na época, 70% das estrutura estava concluída.
No documento, apresentado pela Justiça, ficou acordado que a Prefeitura tem responsabilidade de construir e equipar a unidade, com o Governo ficando com a demanda de gerir o hospital.
Foi estimado que será preciso R$ 50 milhões anuais para manter o funcionamento. Para o término da obra e compra de equipamentos são necessários R$ 17 milhões.
Prédio do Hospital Metropolitano em 2014 |
Agora chamado de Hospital de Traumatologia, a Prefeitura de Macapá diz que espera aprovação do projeto pelo Corpo de Bombeiros para poder iniciar o processo licitatório e, com isso, concluir a obra.
"O projeto está aguardando aprovação no Corpo de Bombeiros. Este já é o segundo relatório de exigências solicitado pelo órgão e sanado pela prefeitura. Só após esta aprovação o projeto seguirá para análise da Caixa Econômica, órgão federal responsável pelo recurso. Esperamos que as análises do projeto ocorram com toda celeridade para que possamos licitar e iniciar as obras do novo Hospital de Traumatologia", diz a prefeitura, em nota.
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