Secretaria de saúde de Campo Grande reconheceu o erro e disse que está apurando quem são os responsáveis pela confusão de nomes. Idosa permanece internada na UPA.
Idosa aguarda vaga em hospital público de Campo Grande após confusão em UPA |
Duas mulheres de nome Eva e uma só confusão, que se arrasta há quase uma semana e está causando transtorno para familiares da idosa de 84 anos, que aguarda vaga em um hospital público de Campo Grande, onde deve ser feita transfusão de sangue e cirurgia da paciente. A outra, prestes a receber alta médica, precisou "fugir" para não ser transferida, porém, antes recebeu medicação errada, sofrendo sintomas como formigamento e dor no peito.
"A Eva Machado da Silva é a minha avó, mas, a chamo de mãe porque ela me criou. Ela chegou na UPA [Unidade de Pronto Atendimento] Vila Almeida, na manhã de sexta (8), com pedra na vesícula e anemia. No mesmo dia, a médica nos informou que seria necessário fazer a transfusão de sangue, só que ali não era possível e seria necessário aguardar vaga em qualquer hospital da rede. Dois dias depois, fizeram um rolo enorme e a confundiram com outra Eva", afirmou ao G1 a vendedora Márcia Santos da Silva, de 39 anos.
Na ocasião, sem vagas na enfermaria da UPA, D. Eva passou algumas horas no corredor. "Após um tempo, fui lá reclamar e disse que ela não poderia passar a noite ali, daquele jeito, sentindo dores. Em seguida, eles conseguiram um quarto muito bom, com cama e banheiro, no setor de isolamento. No outro dia, achei estranho só um lado do rosto dela inchado e perguntei para a enfermeira. Ela comentou que poderia ser pelo fato dela ter dormido do mesmo lado", relembrou.
O que Márcia não sabia e descobriu depois é que, 12 horas após a aposentada entrada no hospital, outra paciente, de nome semelhante, também foi internada na UPA: Eva da Conceição Moreira, de 77 anos. "Ela foi internada por volta das 21h de sexta, no mesmo dia da minha mãe, só que os problemas de saúde eram bem diferentes. E fiquei sabendo disto quando a assistente social foi lá e me questionou porque ainda estávamos na UPA. Eu disse a ela porque ainda não tinha a vaga e ela então me chamou para outra sala", comentou.
Idosa teve sintomas como dor no peito e formigamento ao receber medicação errada em MS |
Vaga deletada
Ainda conforme a Márcia, a assistente social entrou na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) e mostrou a ela que a "vaga foi deletada porque a paciente foi embora e o filho declarou que ela não tinha problema algum". "Eu só saio daqui para fazer o almoço da minha mãe, não tem outra pessoa. Foi aí que eles entenderam o equívoco. Se ela não for transferida hoje, não sei se vai resistir. Está com anemia forte, defecando sangue e não tem mais como esperar. Eu queria uma atenção das autoridades, não aguento mais esta situação", lamentou.
Filha da Eva da Conceição, Eliene da Conceição Moreira, de 39 anos, diz que a mãe já está bem. No entanto, ela diz que se compadeceu da história da outra paciente e "não vai descansar", enquanto ela não conseguir a transferência. "É desesperador, cansativo e muito doloroso passar por isso. É uma falta de respeito com a população, falta de ética, erro médico com todos nós que somos usuários do SUS", disse.
No caso da mãe de Eliene, ela conta que o transtorno maior foi com o erro da medicação. "Ela entrou com princípio de infarto, mas, já estava bem e o médico disse que ela só teria de fazer mais um exame e a liberação ocorreria no sábado. Eu percebi que nos frascos do soro também só tinha o primeiro nome dela: Eva. Ali tinha a medicação errada. E o que me deixou surpresa é que uma estava na emergência e a outra em um quarto nos fundos, isso não deveria acontecer", afirmou.
A alta médica, prevista para o sábado, ficou para o domingo. "Minha mãe acordou com o médico falando que a vaga dela para a Santa Casa tinha saído e ela faria a transfusão de sangue e a cirurgia. Ela respondeu: Não, negativo, tô indo embora e me responsabilizo, não precisa nem chamar meus filhos. Eu não estou sentindo nada. Aí ele disse: Então a senhora vai ter que assinar um termo. Só que não trouxeram nada e apenas a liberaram", ressaltou.
Ainda conforme Moreira, a mãe tomou morfina no lugar da outra Eva. "No documento lá escreveram que ela fugiu do leito, alegando que saiu sem saber o que tinha. O que minha mãe teve foram dores no peito, formigamento, porque tomou o remédio errado. Isso é um descaso e agora vou até o fim. Se a gente não denunciar, vão matar inocente. A UPA tem uma equipe de médicos e enfermeiros excelentes, mas, naquele dia foi só problema", finalizou.
Em nota, a Santa Casa reforçou que é responsável apenas pela "disponibilidade de vagas" e a regulação cabe ao município. Já a secretaria de saúde de Campo Grande reconheceu o erro e disse que está apurando quem são os responsáveis pela confusão de nomes. Sobre a troca de remédios, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) informou que vai apurar se realmente houve essa irregularidade.
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